Uma notícia e um vídeo que circularam na imprensa e nas redes sociais mostram que a sociedade brasileira está cada vez mais frívola, valorizando o superficial e dando vazão aos comportamentos desagradáveis.
Por Miguel Lucena Filho*
Ganhou destaque no noticiário a expulsão de um adolescente do Colégio Adventista da Asa Sul por adotar a brincadeira de mau gosto de futucar o traseiro dos colegas. O advogado do garoto argumentou que ele estava apenas revidando o que os outros lhe fizeram.
Tanta coisa boa para fazer na escola, nos horários livres, como tocar, cantar, conversar e paquerar, e os rapazes ocupam o tempo em dar dedada uns nos outros.
Já o vídeo, de dois meninos de 12 anos se beijando na boca e partindo um bolo de aniversário, revela o efeito manada: a adoção de um comportamento por imitação, por estar na moda, porque passou na televisão ou porque os amigos e colegas acham bonito.
Parece que, nas entrelinhas de tudo, há um estímulo a comportamentos desviantes do que se convencionou como normal, a pretexto de se questionar a ordem estabelecida.
Alguém dirá que uma dedada não é nada diante do atentado violento ao pudor que se pratica diariamente contra a sociedade nas altas esferas do poder, mas é nos pequenos gestos que o mal se instala. Que a brisa da bondade volte a soprar na Linha do Equador.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor