QUEM NÃO DEVE, NÃO TEME

 

*Izalci Lucas

Nos meus mais de 15 anos de vida pública, sempre fiz política com seriedade, honestidade e também sem medo de cara feia. A denúncia contra mim feita pelo agora ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot só tem explicação no fato de eu ter apresentado requerimento para que ele seja interrogado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará os desmandos do grupo JBS, inclusive os benefícios de uma colaboração prá lá de premiada concedida aos irmãos Joesley e Wesley Batista pela PGR. É verdade que depois esses benefícios foram cancelados, mas só porque surgiu uma gravação que mudou todo o cenário até então favorável aos delatores da JBS e ao próprio procurador Janot.

Apresentei o requerimento de convocação de Janot – e também do ex-procurador Marcelo Miler e do procurador Ângelo Vilela, preso acusado de vazamento de informações da PGR  – no dia 6 de setembro último. Na sexta-feira, dia 15, às 18h41 – ou seja, faltando exatos 19 minutos para Janot deixar o cargo de procurador-geral – ele apresentou a denúncia contra mim, ressuscitando um caso que há anos dormia em suas próprias gavetas.

A denúncia fala que eu me apropriei de uma doação de produtos apreendidos pela Receita Federal. Mas não prova nada, pelo contrário. Eu e meu advogado já mostramos que, quando eu era secretário, enviei ofício solicitando tal doação, o que a Receita Federal faz rotineiramente com produtos apreendidos

Conforme comprovei com documentos na fase de inquérito, todo o material doado pela Receita  seguiu no mesmo dia para a sede da Fundação Gonçalves Ledo, no Recanto das Emas. Apresentei comprovantes fornecidos pela referida fundação de que os produtos foram repassados a diversas instituições sociais, além de mais de 40 igrejas católicas. Além disso,  a Secretaria de Ciência e Tecnologia recebia doações de computadores usados – muitos totalmente obsoletos – de diversos órgãos, encaminhava para as escolas técnicas do DF que reaproveitavam o que servia, montavam novas máquinas e as devolviam para a Secretaria, que por sua vez  repassava para entidades sociais, devidamente cadastradas.

Desde que o assunto surgiu, tenho  certeza de minha inocência, ao mesmo tempo em que via, e vejo cada vez mais,  as digitais dos meus adversários . Em 2012, o secretário Cláudio Monteiro, encaminhou ofício à Secretaria de Transparência do DF, ordenando a apuração dessa denúncia contra mim e deixando claro que era  “por ordem do governador (petista) Agnelo Queiroz”. Não podemos esquecer que fui autor de diversos requerimentos de explicações tanto de Agnelo quanto de Cláudio Monteiro na época em que eles comandavam no Ministério dos Esportes, o  programa Segundo Tempo, que depois virou escândalo de Polícia. Na investigação que Agnelo mandou fazer contra mim,  arrumaram várias testemunhas plantadas, e em alguns casos cheguei a denunciar à Polícia Federal tais tentativas sórdidas de me prejudicar.

O assunto foi encaminhado pela PGR para o Supremo Tribunal Federal,  pelo fato de eu ser parlamentar. Mas ao contrário da maioria dos políticos, procurei o STF e pedi que o caso fosse julgado o mais rápido possível, pois sabia que meus adversários fariam – como estão fazendo hoje – uso dessa armação para tentar barrar minha candidatura ao Palácio do Buriti. Não vão conseguir, tenham certeza. O caso agora está nas mãos de quem realmente pode julgá-lo de modo imparcial, que é a Suprema Corte. E espero que seja analisado o mais rapidamente possível. Quem não deve, não teme.

*Izalci Lucas é deputado federal e Presidente Regional do PSDB-DF

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui