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Semeando o Bioma Cerrado apresenta “capina elétrica” para recuperação de área já degradada na Chapada (GO)

Brasília, 1/12/2014 – A capina elétrica (imagem anexada), uma alternativa inovadora para o controle de capim e espécies exóticas invasoras, será usada pela primeira vez a favor da recuperação de áreas já degradadas do Cerrado. Esta é proposta do projeto Semeando o Bioma Cerrado e do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV). A capina elétrica em atividade faz parte do programa do Dia de Campo a realizar-se amanhã terça-feira (2), de 14h às 17h, no município de Alto Paraíso de Goiás (GO), 230 quilômetros distantes de Brasília (DF).

Em uma área experimental situada dentro do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o projeto, da Rede de Sementes do Cerrado, patrocinado pela Petrobras, vai demonstrar de que forma a capina elétrica, atualmente utilizada somente em lavouras, pode ser aplicada no trabalho de preservação e recuperação de áreas degradadas do bioma Cerrado.

Dificuldades – Dentre as maiores dificuldades em projetos de recuperação de áreas degradadas está o controle das espécies exóticas invasoras, como a braquiária e a gordura. Estes dificultam a regeneração natural do ambiente e são responsáveis pelo encarecimento e fracasso de várias ações de recuperação.

Operação – A capina elétrica é um equipamento que opera acoplado a um trator e, por meio de choques seletivos, dispensa o uso de produtos químicos para a eliminação das ervas daninhas invasoras, descreve o coordenador do Projeto, Rozalvo Andrigueto. O sistema será testado de forma inovadora no esforço de recuperação de área já degradada no bioma.

Vantagens – Desenvolvido pela Sayyou Brasil, certificada pelo IBD, o sistema de capina elétrica é brasileiro e apresenta maior longevidade e uma produtividade 25 vezes maior na proporção hectare/hora quando comparado com capina manual, frisa o coordenador. Além disso, representa um custo 30% menor no controle de ervas daninhas para o produtor e o capim permanece seco na área fazendo a cobertura necessária, preservando as relações ecológicas. “Trata-se de uma alternativa orgânica no controle do capim”, segundo Andrigueto.

Agenda – O Semeando fará testes para a recuperação de áreas degradadas, neste Dia de Campo, tanto com a capina elétrica como com a aplicação de outros métodos a fim de que seja analisada a viabilidade das alternativas ao longo do projeto que se estende até 2015. Assim, na mesma ocasião, os técnicos convidados, que atuam no setor agrícola e de recuperação ambiental, serão divididos em quatro grupos e vão observar, além da prática da capina elétrica seguida de plantio direto, os resultados do plantio no Parque desde 2012, bem como da técnica de semeadura direta feita há um mês e do plantio de mudas em local já degradado.

Laboratório – A demonstração será realizada na área de restauração experimental do Parque da Chapada. É uma área de pastagem dentro do Parque, a qual vem sendo restaurada desde 2010 pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Caatinga (CECAT) do ICMBio. Nos últimos anos, neste local foram realizados plantios experimentais utilizando técnica de semeadura direta de espécies nativas (árvores, arbustos e gramíneas).

A proposta da atuação conjunta entre o Projeto Semeando o Bioma Cerrado e o ICMBio é de plantar cinco hectares com utilização de sementes e mudas nativas e testar a utilização da capina elétrica em um hectare. O pesquisador e coordenador do projeto Controle de Espécies Exóticas e Invasoras em Unidades de Conservação do Cerrado, Alexandre Sampaio, do ICMBio, adianta que durante o Dia de Campo será apresentado o que foi realizado na área até o momento e a programação de atividades deste ano com destaque para a capina elétrica.

Até 2015 – O projeto Semeando o Bioma Cerrado tem como objetivo até 2015 restaurar cinco hectares de áreas já degradadas, georreferenciar 3.600 árvores matrizes, demarcar 60 áreas (cerca de 600 hectares como área preservada), capacitar tecnicamente 390 pessoas para produzir sementes e mudas florestais nativas em condições ambientalmente corretas, economicamente sustentáveis e sensibilizar e conscientizar diretamente 886 pessoas em ações de Educação Ambiental e mais de 2.500 indiretamente. O projeto prevê ações implementadasno Distrito Federal, nos municípios goianos de Ipameri, Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Barro Alto, Pirenópolis, Goianésia, Ceres, Santo Antônio do Descoberto e Goiânia em Goiás. No Mato Grosso, o município de Sinop foi incluído nesta fase por situar-se em área de Cerradão, uma transição entre os biomas Cerrado e Amazônia.

Cerrado em risco – O Cerrado brasileiro é o segundo maior bioma do País com uma área de cerca de dois milhões de quilômetros quadrados (quase 205 mil campos de futebol) que envolve 11 estados da federação desde a região Norte até o estado do Paraná, na região Sul. O Cerrado também tem sua riqueza medida no fato de fazer fronteira com biomas da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga, o que lhe rende uma biodiversidade muito grande. Mas o segundo maior bioma do Brasil corre o risco de ficar restrito às unidades de conservação, terras indígenas e áreas impróprias à agricultura até 2030, se o ritmo atual de degradação continuar. Restam cerca de 50% dos dois milhões de quilômetros quadrados originais deste bioma onde pouco mais de 2,2% está protegido em unidades de conservação.

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