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    artigo – O BOICOTE DOS CORRUPTOS

    Em 15 de abril de 2011 22:27, Van Diesel <drvandiesel@gmail.com> escreveu:
     
    "O Assédio Escolar está para a criança, assim como o Assédio Moral está para
     
    o adulto."
     
     
     
    Rubens de Araújo Lima
     
    O Boicote dos Corruptos.
     
     
     
     
     
     
     
    *Por Antônio Vandir de Freitas Lima
     
    É incrível, inacreditável, indizível o que pode acontecer intramuros de uma
     
    escola e intracorpus de uma repartição pública.
     
     
     
    Pois, quando éramos todos macacos, a força bruta é que regulava a nossa
     
    sociedade, então precária. A precariedade significa que um direito (ou
     
    vários) está sendo violado.
     
     
     
    Agora, pasmem, depois que todos descemos da árvore não mais se admite a
     
    imposição de dentes e músculos para dizer quem come primeiro ou quem vai
     
    possuir todas as fêmeas...
     
     
     
    Não, meus caríssimos amigos sapientes, tais práticas não são mais admitidas!
     
     
     
    Vivemos, segundo Bobbio, a era do Direito; importando que os pactos sociais
     
    devam ser respeitados (pacta sunt servanda) independentemente do talão
     
    (tamanho) da autoridade constituída.
     
     
     
    Isso é regra a ser ensinada a nossos filhos. A criança deve aprender valores
     
    na escola.
     
     
     
    Não basta o conteúdo livresco e tecnicista imposto pela classe média que
     
    quer todos os filhos em cargos públicos. Ora, meus preclaros, é a mesma regra dos arbustos aborígenes, mas com um lustro de civilidade hipócrita.
     
     
     
    Esse infante que não aprendeu na escola nenhuma regra civilista, cidadã,
     
    humanista de convivência e que, majoritariamente, injustamente, deslealmente
     
    pertence à classe dos formadores de opinião; será o servidor público em
     
    busca da sinecura e do enriquecimento sem causa (evito dizer 'ilícito'); que
     
    o Direito e a lógica civilista repugnam.
     
     
     
    As tragédias atuais nos mostram que algumas instituições estão falidas, ou à
     
    beira da falência.
     
     
     
    Quer a escola pública, quer o funcionalismo público como um todo.
     
     
     
    O que fizeram de Paulo Freire, de Anísio Teixeira, de Brizola e de Darcy
     
    Ribeiro?
     
     
     
    Esses e muitos outros defensores da escola pública, gratuita e formadora da
     
    cidadania; onde estão?
     
     
     
    Por que não são mais lembrados?
     
     
     
    Infelizmente, intelectuais modernos foram engolidos pelo jogo político e o
     
    ramerrão de suas precações não é levado a sério!
     
     
     
    De outro lado, quando a Polícia Federal exerce uma investigação ferrenha no
     
    setor público, turbando as folhagens verdejantes da floresta, vemos a total
     
    paralisação da classe política; nada mais tramita, obras ficam paralisadas,
     
    bueiros lotados, ônibus depredados, as ruas se enchem de mato, o mato se
     
    enche de bandidos, os bandidos se enchem de audácia, a audácia nos enche de
     
    temor...
     
     
     
    É o boicote dos corruptos: ‘se nos perseguem, então, não devolvemos o
     
    serviço que é de direito à sociedade’! Dessa encruzilhada moral somos todos
     
    prisioneiros!
     
     
     
    Mas, também somos partícipes e mantenedores, quando jogamos a latinha de
     
    cerveja pela janela do carro (que não nos pertence integralmente, pelo
     
    milagre do crédito fácil, mas que nos faz desfilar com orgulho juvenil,
     
    macho-alfa indomável, espalhando folhagem, espargindo testosterona,
     
    inundando o asfalto, tornando a cidade um lixão subdesenvolvido!), quando
     
    aceitamos as pequenas corrupções do dia a dia, as sonegações fiscais, o
     
    velho, vetusto, velhaco, jeitinho brasileiro.
     
     
     
    Na árvore, na densidade da floresta longínqua, estávamos mais seguros, meus
     
    irmãos!
     
     
     
    Mas, a árvore do conhecimento nos leva a uma aventura empolgante; comemos de
     
    seu fruto e somos fruto de sua baga, temos bagagem e a audácia de querermos
     
    viver segundo os preceitos, não da fé (tendo a fé inclusa!), mas do Direito;
     
    que nos deu o Leviatã.
     
     
     
    As escolas públicas estão abandonadas, conforme preconizaram os profetas do
     
    neoliberalismo e, alijadas de seu elemento transformador: a classe média;
     
    não têm a força para se renovar e se reinventar como instituição basilar da
     
    sociedade. Campanha de desarmamento, detector de metais, consertinas e
     
    guardas nas escolas não vão trazer a cidadania nem construir a sociedade
     
    justa que almejamos para os nossos filhos. O problema da escola é o que
     
    ocorre intramuros e não em seu derredor. O problema é a perda de sua função
     
    de formadora e transformadora de homens (também de mulheres e congêneres,
     
    pois o direito deve refletir a dinâmica social.)
     
     
     
    Não nascemos humanos, nos tornamos humanos com a socialização, é por isso
     
    que o direito diferencia o ser pela idade; a idade subentende poder de
     
    vontade e de assumir direitos e deveres.
     
     
     
    Somos pouco mais que macacos, mas, ufanos, nos cremos melhores que eles!
     
     
     
    Contudo, trocamos o meio selvagem de dominação pela via estúpida da
     
    corrupção – a corrupção é de uma selvageria que faria Adão ser reabilitado e
     
    retornar impoluto ao Paraíso. Ser corrupto é de uma momice grotesca. O homem
     
    corrupto é o elo (perdido?) entre o ser primitivo e o civilizado. Quando irá
     
    aprender que a civilização é uma conquista coletiva; que a caminhada do ser
     
    humano na Terra é uma jornada coletiva?!
     
     
     
    Mutatis mutandis, o Assédio Escolar está para a criança, assim como o
     
    Assédio Moral está para o adulto. O acastelamento de forças políticas dentro
     
    do funcionalismo público leva a uma forma de discriminação somente percebida
     
    pelos agentes diretamente envolvidos, o que dificulta a sua identificação e
     
    denúncia. É o extrapolamento de uma fase pueril que não se resolve na vida
     
    adulta. Mas, bem mais grave, reflete o aprisionamento salarial que não abre
     
    espaço para a valorização do indivíduo pela meritocracia.
     
     
     
    Louis Althusser identificava a escola como um dos ‘aparelhos ideológicos do
     
    Estado’, funcionando como perpetuadora do modelo de dominação. Talvez, nem
     
    isso seja mais; tamanha a diminuição de seu papel perante a sociedade.
     
    Enquanto a relação de trabalho nos órgãos oficiais beira à insensatez:
     
    seleciona os melhores dentro da comunidade para os subordinar aos ditames
     
    políticos; que têm força de sobredireito.
     
     
     
    O Estado corrompido não sabe mais funcionar de outra forma.
     
     
     
    Ou isso, ou o boicote da canalhocracia!
     
     
     
    Que frondosa e acolhedora não seria a árvore do pleno e justo Direito!
     
     
     
     
     
     
     
    *Por Antônio Vandir de Freitas Lima
     
     
     
    Especialista em Inteligência Estratégica
     
     
     
    Policial Legislativo Federal
     
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