Especialista do CEUB frisa a importância da interdisciplinaridade dos tratamentos e aponta o êxito da psicoterapia na vida dos pacientes e familiares
Para reforçar as ações de sensibilização ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, no próximo 27 de novembro, especialista do Centro Universitário de Brasília (CEUB) alerta para a importância da saúde mental no contexto oncológico. Segundo levantamento divulgado pelo Observatório de Oncologia, a chance de um paciente com câncer desenvolver depressão varia entre 22% a 29%. A análise também aponta que pacientes com câncer de mama têm de 10% a 25% mais chances de ter síndromes depressivas. Isso se dá, também, porque os fármacos utilizados para o tratamento oncológico contribuem para o aumento da depressão e ansiedade.
Quando o assunto é o cuidado com saúde mental para pacientes oncológicos, além de ser ainda mais objeto da atenção, as mulheres são mais abertas aos tratamentos interdisciplinares de saúde, incluindo a psicoterapia. Mas a saúde mental requer atenção em todos os momentos do tratamento. “Ainda é muito marcante a resistência do diálogo sobre esse tipo de adoecimento. As campanhas de promoção de saúde devem tocar no fator da saúde mental”, explica Lígia Fonseca, professora de Psicologia do CEUB.
De acordo com a psicóloga, receber um diagnóstico de câncer gera uma explosão de sentimentos que precisam ser acolhidos por profissionais durante todo o tratamento, amenizando as dores subjetivas de cada um. “Geralmente o paciente e a família se deparam com uma sensação forte de angústia, medo, sofrimento e impotência ou até negação, e isso precisa ser avaliado e cuidado”, completa.
Segundo Lígia, na intervenção em pacientes já em cuidados intensivos, os profissionais de psicologia trabalham nos pacientes os processos de “enlutamento” das funções originárias do corpo. No caso do homem e do câncer de próstata, o processo costuma ser mais complicado, por estar associado ao contexto histórico-cultural da masculinidade da posição de poder relativo à potência sexual. “Socialmente, o homem faz o enlutamento da parte que sofrerá a intervenção cirúrgica. A família precisa ser atendida nesses processos de desconstruções”.
A criação de políticas públicas de atenção à saúde também é fundamental para que os pacientes oncológicos possam compreender os efeitos do diagnóstico e do tratamento, no sentido de amenizar mecanismos de defesa como negação, regressão e isolamento das pessoas próximas durante a jornada. “As campanhas de combate ao câncer devem incluir fortemente a pauta da saúde mental. Tudo o que acomete o físico tem sua repercussão no emocional”, arremata.
Dia Nacional de Combate ao Câncer
O Dia Nacional de Combate ao Câncer foi instituído pela Portaria nº 707/1988 do Ministério da Saúde, com o objetivo de ampliar o conhecimento da população brasileira sobre o câncer, principalmente sobre a sua prevenção. Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.