A advocacia do Distrito Federal aguarda ansiosamente o debate desta terça-feira (22), promovido pelo Correio Braziliense e pela TV Brasília. O evento, que será transmitido ao vivo às 20h, reúne os principais candidatos à presidência da OAB-DF em um momento decisivo da campanha. Com chapas que passaram por transformações ao longo do ano, o debate é visto como uma oportunidade crucial para que os advogados do DF conheçam de perto as propostas e as dinâmicas internas das candidaturas.
Entre os candidatos, Everardo Gueiros se destaca não só por sua trajetória sólida, mas também por empunhar uma bandeira que promete reformar profundamente o Conselho Federal da OAB: a defesa das eleições diretas para a presidência. Esse compromisso com a democratização da Ordem coloca Gueiros em uma posição diferenciada, atraindo aqueles que buscam uma OAB-DF mais inclusiva e conectada com as demandas de seus membros. Sua chapa, além de plural, com representantes de todas as subseções, traz o protagonismo feminino na figura da vice, Dra. Rute Raquel, uma defensora incansável dos direitos das mulheres na advocacia.
Paulo Maurício, conhecido como “Poli”, por outro lado, representa o desgaste de uma OAB que se distanciou da combatividade que sempre a caracterizou. Seus vínculos com a esquerda, especialmente com o Ministro do STF Flávio Dino, além de seu apoio à manutenção do status quo no Conselho Federal, onde não se realizam eleições diretas para presidente, sugerem que sua candidatura é uma continuidade das práticas que muitos advogados gostariam de ver reformadas. A crítica a esse modelo de gestão e a falta de uma visão renovadora pesam contra sua campanha, que tenta conquistar os advogados mais jovens, mas enfrenta desafios consideráveis.
Outro nome que estará em destaque no debate é Cléber Lopes. No entanto, sua proximidade com o governador Ibaneis Rocha levanta preocupações entre parte da advocacia. O apoio declarado de Ibaneis faz crescer a impressão de que Cléber transformaria a OAB-DF em uma extensão dos domínios políticos do governador, um cenário que muitos advogados veem como perigoso para a independência da Ordem. A relação de subserviência entre Cléber e Ibaneis será certamente um tema sensível durante o confronto de ideias.
Karol Guimarães, por sua vez, enfrenta a sombra de seu coordenador de campanha, Lucas Kotoyanis, cuja influência sobre sua candidatura é vista quase como uma mentoria. O histórico controverso de Kotoyanis pesa contra Karol, que, embora tenha se apresentado como uma defensora da transparência e da ética, encontra dificuldades para se desvencilhar dessa ligação. Sua candidatura, que já começou com um perfil mais modesto, pode enfrentar ainda mais desafios após o debate.
Já Cristiane Damasceno, conhecida por sua atuação em defesa dos direitos das mulheres, deve explorar seu discurso de combate ao assédio moral e sexual. No entanto, sua credibilidade nesse tema pode ser questionada, uma vez que ela se calou diante dos episódios de assédio moral e dos constrangimentos causados aos funcionários demitidos pela gestão atual, da qual ela faz parte. Essa contradição também afeta Paulo Maurício, que, assim como Cristiane, faz parte da gestão que foi conivente com esses episódios. Ambos podem ter dificuldade em convencer os advogados de que suas pautas de defesa dos direitos trabalhistas são genuínas.
O debate de amanhã será, sem dúvida, um momento decisivo para que os candidatos revelem suas verdadeiras intenções e para que os advogados do DF possam avaliar quem está mais preparado para liderar a OAB-DF. E, num cenário político marcado por alianças desfeitas e reviravoltas inesperadas, os candidatos que começaram o ano juntos e misturados agora se encontrarão em um desconcertante frente a frente, expondo as divergências que antes estavam ocultas.
Fonte: excelenciajur.com.br