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    Veganismo ecocêntrico ou antropocêntrico? Pesquisa revela motivações para não consumir produtos de origem animal

    Estudo do CEUB mapeia perfis psicossociais e analisa fatores cognitivos e afetivos do veganismo

    O que leva quem consumiu produtos de origem animal desde o início da vida a se tornar vegano? Mais do que uma tendência alimentar, o veganismo – que propõe eliminar todas as formas de exploração animal – cresce como movimento social baseado em valores ideológicos. Cerca de 30 milhões de brasileiros (14% da população) se declara vegana ou vegetariana, de acordo com o Ibope Inteligência. Pesquisa de estudantes de Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB) identificou por qual tipo de compromisso ético e quais fatores emocionais a adesão ao veganismo é impulsionada.
    No estudo, Amanda Cavalcanti e Diego Moreira investigaram os fatores cognitivos e emocionais que sustentam esse estilo de vida. Enquanto emoções positivas, como alívio da culpa e sensação de paz, são importantes na manutenção do veganismo, revolta e culpa funcionam como gatilhos para a adoção do veganismo. “A coexistência de afetos positivos e negativos demonstra a complexidade da jornada vegana, que envolve tanto a busca por um estilo de vida ético quanto o enfrentamento das injustiças ambientais e sociais”, explica Diego Moreira.
    A análise quantitativa avaliou a preponderância de afetos e crenças em argumentos contra e a favor do veganismo  revelou que 85% dos argumentos a favor do veganismo tinham natureza ecocêntrica, enquanto 89,48% dos argumentos contrários eram pautados por crenças antropocêntricas. Portanto, a defesa do veganismo está fortemente embasada em valores que promovem a preservação ambiental, em oposição a argumentos que justificam a exploração dos recursos naturais em prol do benefício humano. “Quem adere ao veganismo é influenciado por ambos os tipos de crenças, mas a sustentabilidade predomina”, concluem Cavalcanti e Moreira.
    Preocupação com o meio ambiente ganha destaque
    O estudo revela que este é um resultado positivo, enquanto as escolhas antropocêntricas se destacam entre aqueles que se opõem em pensar em sustentabilidade. “Os achados reforçam a importância de conscientizar sobre o impacto ambiental das escolhas alimentares e incentivar discursos que evidenciem a interconexão entre seres humanos e a natureza”, refletem os autores.
    A orientadora do projeto de iniciação científica e professora de Psicologia do CEUB, Lígia Abreu Cruz, menciona que, recentemente, a Sociedade Brasileira de Psicologia assinou um compromisso global com outras entidades de Psicologia, com o objetivo de contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Estudos como esse resultam em orientações práticas e baseadas em evidências sobre como promover campanhas para incentivar o veganismo, uma prática que, segundo o relatório da ONU sobre mudanças climáticas, está ligada à redução do consumo de produtos de origem animal.”
    Metodologia da pesquisa
    A primeira etapa do estudo consistiu na abordagem qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas e análise dedutiva dos dados, utilizando a metodologia de Minayo. Já na segunda etapa, os pesquisadores realizaram uma análise temática de conteúdo a partir de dados secundários, organizando-os em categorias como: comentários racionais, afetos positivos e negativos.

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