Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital
Comunicado manteve o tom hawkish do último com uma decisão mais do que esperada pelo mercado. Essa é a primeira reunião do Gabriel Galípolo e essa nova configuração da diretoria. Tivemos a decisão de aumentar a Selic em 1 ponto percentual, então a taxa Selic passou de 12,25% para 13,25%. Já era uma decisão amplamente aguardada e esperada, já que na reunião de dezembro eles tinham sinalizado mais dois aumentos de 1%, então foi uma decisão unânime.
Em relação aos balanços de risco, eles repetiram exatamente o mesmo parágrafo falando a respeito do cenário internacional, referente as preocupações que eles têm em relação a Estados Unidos, então não teve nada de diferente em relação aos últimos comunicados.
Em relação aos balanços de riscos domésticos, o comunicado fala que permanece uma assimetria altista, e aí eles elencam aqui todos os mesmos itens anteriores, então é uma desancoragem das expectativas de inflação, a inflação de serviços pressionada, então assim, exatamente parecido com os últimos comunicados. Eles também repetem o mesmo comentário em relação a uma política fiscal que impacta a política monetária. Comunicado realmente muito parecido com os últimos repetindo o tom hawkish.
E acho que vale destacar aqui que a magnitude do ciclo total, a Selic terminal, eles dizem que vai depender da dinâmica da inflação, ou seja, eles vão deixar ali a porta aberta e conforme evoluir a inflação, eles vão ajustando ali a Selic, então acho que é o cenário mais correto mesmo, na minha opinião, a ser feito.
Então, para concluir, tudo em linha com o imaginado. No comunicado confirmam mais uma alta para março, e a partir daí deixam em aberto, o que é bom, porque até lá pode acontecer muita coisa para depois de março.
Como ficam os investimentos com a alta da Selic?
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital
Pensando nesse cenário, eu acredito que ativos ligados ao IPCA ainda são interessantes, especialmente para prazos mais longos. A proteção contra a inflação continua sendo um atrativo, na minha visão, principalmente quando as taxas oferecidas nos títulos do governo estão em níveis acima de 7% ao ano. Isso proporciona ao investidor não só a proteção da variação da inflação, mas também um retorno real consistente ao longo do tempo. Para quem busca mais segurança, títulos atrelados ao IPCA tendem a ser uma escolha mais coerente.
Já os ativos prefixados, nesse momento, são uma escolha mais arriscada. A expectativa de elevação da Selic e o cenário de inflação ainda elevado tornam esses ativos mais vulneráveis. Minha recomendação seria limitar a exposição a 2,5% para clientes com perfil arrojado e evitar para perfis conservadores, dada a volatilidade que esse tipo de ativo pode apresentar.
Em termos de alocação, a combinação de ativos indexados ao IPCA com um pouco de exposição a prefixados pode fazer sentido para investidores mais agressivos, mas sempre com cautela. Para quem tem um perfil conservador, manter a exposição maior em ativos ligados ao IPCA ou até mesmo em fundos de renda fixa mais conservadores pode ser mais adequado neste momento.
Carolina Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital
Nesse cenário, acredito que vale muito a pena investir em ativos atrelados ao IPCA. São opções sempre interessantes para se proteger contra a inflação, ter um ganho real e diversificar a carteira de Investimentos. Lembrando que este tipo de ativo precisa estar bem alinhado com o perfil e expectativas do cliente.
Com a tendência de elevação de juros, os ativos que mais se beneficiam neste cenário, na minha visão, são os ativos pós-fixados. Os investidores podem acessar esses ativos através do Tesouro Selic, CDB LCA ,fundos de investimentos de renda fixa e outros títulos emitidos por empresas.
Eu, particularmente, gosto muito também dos ativos prefixados, uma vez que permite ter uma previsibilidade de rendimento e um planejamento mais seguro. Como são taxas pré-definidas no momento da aplicação, elas são protegidas contra a volatilidade de mercado. Os tipos de ativos a serem escolhidos vão depender do apetite a risco e os objetivos de cada investidor.
Se o investidor está disposto a assumir mais riscos em busca de maior retorno, o crédito privado pode ser mais adequado. Agora, se a segurança e a liquidez são as prioridades, penso que o Tesouro Selic é uma escolha mais prudente.
A escolha de investimento vai depender do perfil de risco do investidor e horizonte de investimento. Se estiver buscando maior segurança e liquidez, o Tesouro Selic continua sendo uma opção interessante, mas para quem tem um perfil mais arrojado e busca rentabilidades superiores, fundos de crédito privado e debêntures isentas de IR podem ser mais atraentes.