Por Karina Michelin
Fernando Gabeira, um homem que um dia pegou em armas contra um regime e participou do sequestro de um embaixador americano, hoje se coloca como defensor da censura e da perseguição política. Agraciado pela Lei da Anistia de 1979, nunca pagou pelos seus atos.
Mas agora, ironicamente, apoia um sistema que persegue cidadãos por meras críticas ao governo. A esquerda brasileira, outrora perseguida, agora dita quem pode e quem não pode falar. Antigamente, justificavam seus atos como resistência.
Hoje, chamam de “ataque à democracia” qualquer contestação ao poder que ocupam. Para eles, liberdade de expressão é um privilégio reservado apenas aos seus aliados. O 08 de janeiro escancarou essa hipocrisia. Quem ocupou prédios públicos foi tratado como terrorista, preso sem julgamento justo e colocado na vala comum do “golpismo”. Enquanto isso, aqueles que um dia explodiram bancas, sequestraram diplomatas e planejaram levantes armados foram perdoados e exaltados como heróis da resistência.
A justiça no Brasil não é cega — ela enxerga bem a ideologia de quem está no banco dos réus. Quem discorda do regime é censurado, investigado, perseguido e silenciado. Quem está do “lado certo” da história, segundo eles, tem passe livre para reescrever as regras e se livrar do próprio passado.
O jogo está sendo jogado de maneira desigual, e muitos fingem não ver. Mas a verdade é clara: a liberdade no Brasil está ameaçada. E não por quem protesta contra o sistema, mas por aqueles que usam o sistema para calar seus adversários.
