Entre lençóis amassados e sussurros venenosos, Daniela Min e Isaquias Gargamel se entregam a uma paixão incendiária, feita de pele, planos e perfídia. O mundo lá fora não os compreende. São vistos como desleais, conspiradores, maldosos. Mas ali, na penumbra do quarto que cheira a perfume e café requentado, eles são os únicos que sabem a verdade.
Cada noite é um tribunal íntimo, onde desfilam os desafetos, os rivais, os ingratos. A cada beijo, um nome cai em desgraça. A cada toque, uma nova acusação é fabricada. Entre risos abafados e um cigarro compartilhado no travesseiro, tecem histórias que farão tremer os corredores da Secretaria de Educação. Não precisam de provas – basta que a suspeita paire, basta que a palavra deles chegue aos ouvidos certos.
Daniela desliza os dedos pelo peito de Isaquias, traçando estratégias no calor da pele. “Ele nos traiu”, sussurra ela, mordendo o lábio. Isaquias sorri. Ele não precisa perguntar quem. A lista de inimigos muda como a maré, mas o princípio é sempre o mesmo: quem não os serve, os ameaça.
Foi assim desde o início. Desde que descobriram, um no outro, o prazer da conspiração e a doçura da vingança. Desde que entenderam que, juntos, eram intocáveis – um amor selado pelo ódio em comum.
No dia seguinte, a máquina de moer reputações volta a girar. A denúncia já foi enviada, a fofoca já se espalhou. Enquanto os alvos tentam entender de onde veio o golpe, o casal já repousa em seus lençóis, rindo baixo, satisfeitos como amantes após um crime perfeito.
E amanhã, quando a cidade acordar, Daniela Min e Isaquias Gargamel terão um novo nome na ponta da língua – e um novo motivo para celebrar na cama.