A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) declarou nesta terça-feira (05) que tentará impedir o governo do Distrito Federal de aprovar, na forma como está, o texto que trata do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), projeto que tramita na Câmara Legislativa do DF. O protesto foi contra a inclusão no projeto original da possibilidade de loteamento na área central de Brasília, como no Eixo Monumental e a criação da quadra 500 do Sudoeste. Uma das mais aguerridas combatentes do projeto enviado pelo Buriti, a parlamentar oposicionista tem conversado com entidades que defendem a preservação de Brasília para, juntos, tentarem excluir do texto questões que deformem a ideia original de Lúcio Costa.
Após convite feito pelo Instituto Histórico e Geográfico (IHG-DF), Liliane Roriz reuniu-se com alguns dos principais especialistas da área de urbanismo do Distrito Federal. A entidade é presidida por Affonso Heliodoro, um dos mais conhecidos pioneiros da cidade e amigo próximo do ex-presidente JK, fundador e idealizador de Brasília. No encontro, uma das sugestões defendidas pela parlamentar foi suprimir o artigo que prevê a construção da nova quadra 500 no Sudoeste e transformar a área verde em um parque ecológico urbano.“O Sudoeste é uma das cidades com maior densidade demográfica por metro quadrado. Aumentar esse inchaço só favorece a especulação imobiliária e acabará com a qualidade de vida de quem apostou no bairro para ter um contato maior com a natureza”, explica.
Além dessa questão, que ganhou força entre os defensores do Plano de Lúcio Costa, Liliane comprometeu-se a protocolar emendas supressivas para evitar outras mudanças de destinação de áreas, como a do Setor de Garagens Oficiais, a do Eixo Monumental Oeste – entre a Nossa Senhora da Paz e a Rodoferroviária, e ainda a que permite a criação da quadra 901 Norte, um dos trechos mais criticados pela distrital. Pelo texto original, essas áreas poderiam ser divididas com lotes de até 12 mil metros quadrados. “O que percebemos é que o governo prepara para passar o rolo compressor na Câmara Legislativa e aprovar tudo como está, o que pode comprometer drasticamente nosso futuro, o nosso tombamento e o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade”, previu a parlamentar.
A distrital afirmou também que caso a proposta seja aprovada pela Câmara Legislativa, já que o Buriti conta com praticamente 21 dos 24 deputados, ela não descarta recorrer ao Ministério Público e a Justiça para invalidar o processo. “Já solicitamos da Secretaria de Habitação uma análise comparativa de como é e de como ficará a cidade com as mudanças propostas. Até hoje não tivemos uma resposta e esse documento é fundamental para que a população saiba bem o que vai acontecer com Brasília”, afirmou.
No fim de outubro, Liliane Roriz protocolou no Ministério Público do DF representação contra o que considera “anomalias” no PPCUB. O documento foi entregue nas mãos da procuradora-geral de Justiça, Eunice Carvalhido. Na oportunidade, a procuradora adiantou que tentará uma audiência entre os Poderes para alinhar o texto do projeto com os anseios da população. “O Ministério Público não impedirá o legislativo de legislar, mas ficaremos de olho nas ilegalidades que por ventura sejam aprovadas”, avisou Carvalhido.