Acareação na CPI da Saúde está marcada

Kleber Lima

Francisco Dutra
francisco.dutra@jornaldebrasilia.com.br

A acareação entre o vice-governador, Renato Santana, e a presidente da SindSaúde, Marli Rodrigues, está marcada. Ao traçar o cronograma de depoimentos dos principais personagens no escândalo dos grampos, a CPI da Saúde definiu que Marli e Santana serão confrontados na segunda-feira, dia 15 agosto, às 10h na Câmara Legislativa.

Em função das contradições nos depoimentos, o presidente da comissão, deputado distrital Wellington Luis (PMDB), classifica a acareação como prioridade na investigação. “Respeito é uma via de mão dupla. Não vou chamar de reunião conjunta. Então o termo é acareação mesmo. Fomos surpreendidos com novas gravações que deixaram claro que eles mentiram. Por que sonegam informações? Fiquei muito decepcionado. Eles mentiram em frente dos parlamentares”, afirmou.

Santana e Marli são os principais personagens nas polêmicas gravações que levantaram a suspeita de um esquema de corrupção dentro do governo Rollemberg, com raízes da Secretaria de Saúde. A gravação dos áudios foi coordenada por Marli.

Depoimentos

Mas antes da acareação, os deputados esperam colher o depoimento de outro personagem do caso. A princípio, a CPI convocou o ex-subsecretário de Infraestrutura e Logística da pasta da Saúde, Marcos Júnior. Segundo Marli, ele teria desenhado o fluxograma da propina dentro do governo. Júnior assumiu a autoria do rascunho, mas negou que fosse o detalhamento de um esquema de corrupção. Segundo ele, o desenho mostraria as indicações políticas dentro do governo.

Ontem a comissão recebeu a informação de que Júnior teria entrado com um Habeas Corpus para ter o direito de ficar calado. Os parlamentares prometeram recorrer judicialmente. Caso não consigam ouvir o ex-subsecretário, decidiram convocar o jornalista Caio Barbieri, que teria apoiado Marli na produção das gravações. Em função do escândalo, Barbieri foi exonerado pelo governo.

Ainda sem provas concretas

Em tom de despedida, o deputado distrital Roosevelt Vilela (PSB) voltou a enfatizar que até o momento não foram apresentadas provas concretas do caso. Suplente, o parlamentar deixará a Casa em função da volta de Joe Valle (PDT) na próxima semana.

Membro fiel da base governista, Vilela defendeu o mantra de que o escândalo seria na verdade um ataque político contra o governo, e principalmente, contra o projeto de contratação de Organizações Sociais (OSs) para serviços na Saúde. “Não tenho bola de cristal. Mas até agora não tivemos nada de concreto na CPI”, afirmou.

O parlamentar destacou que Marli apresentou várias contradições no primeiro depoimento. “Gente, em português claro: Essa muher é uma fofoqueira. Não quero desrespeitar niguém. Se algo for provado, vamos punir exemplarmente”, disparou.

Mesmo assim, dentro do governo o caso vem gerando desgate. Ao invés de tocar projetos, dezenas de técnicos e estrategistas estão gastando tempo em esforços na CPI.

Cadê a documentação?

A CPI havia pedido o compartilhamento de provas ao Ministério Público do DF. Na reunião de ontem, os distritais receberam a informação de que o órgão teria repassado a documentação para o Ministério Público Federal. Até ontem a CPI não teria recebido nada do MP. Por isso, a comissão decidiu fazer a solicitação do conteúdo para o MPF.

Calendário

No dia 18 de agosto, a CPI decidiu convocar o ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim. Em uma gravação feita por Marli, o antigo gestor da pasta fez diversas críticas ao governo, chegando a declarar que existe um “meio podre” dentro da secretaria.

A comissão decidiu ouvir o atual subsecretário de Infraestrutura e Logística da secretaria, Marcello Nóbrega, e o ex-diretor do Fundo de Saúde, Ricardo Cardoso. As oitivas serão individuais. Conforme as possibilidades, uma em 19 outra em 25 de agosto.

O escândalo gerou uma rachadura na aliança entre PSB e PSD. Apesar das lideranças dos partidos negarem oficialmente, membros das duas legendas estão em estado de guerra. Nas gravações, Santana faz abertamente avaliações e comentários duros contra o governador e o GDF.

O GDF estuda retaliações. Uma delas é criar a Secretaria das Cidades e entregá-la para o PSB. A pasta será responsável pela coordenação das administrações regionais. O espaço era desejado pelo PSD desde a corrida eleitoral em 2014.

 

 

 

Fonte: Jornal de Brasília

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