Agnelo faz brasiliense sentir saudade de Arruda

O senador Cristovam Buarque (PDT) é moderado, mas, ao criticar a gestão inoperante do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), reflete a opinião da maioria dos habitantes de Brasília. Reflete com elegância, sem ataques. As críticas da população são muito mais cáusticas, porque é ela que sofre com a falta de investimentos em saúde, educação, segurança pública e transporte. Não se pode dizer que o governo está parado, porque a máquina burocrática funciona no piloto automático. Quem está parado é Agnelo. Para piorar, políticos e populares começam a suspirar, nas praças e gabinetes: “Ah, que saudade do Arruda!” Sim, o José Roberto, o governador afastado sob suspeita de corrupção.
Quando um político jovem como Agnelo, que não havia passado pelo governo, faz a população lembrar-se, positivamente, de Arruda, que foi afastado do governo com a imagem tão arranhada quanto a de Joaquim Roriz, significa que algo vai mal. Não deixa de ser curioso que o modelo de Agnelo não é Cristovam, que seu grupo avalia como “mau gestor” e “homem de belas palavras e pouca ação” — e sim Arruda, sobretudo na questão das obras de infraestrutura, que geram muito dinheiro. O problema é que Agnelo não tem o mesmo apetite para governar de Arruda. Não tem nem paciência, não gosta de ouvir e parece sempre cansado. Mera coincidência: os nomes Arruda e Agnelo têm seis letras e começam com a vogal “a”.

Há um problema que o grupo de Agnelo não quer discutir: o esquema gravado e denunciado pelo delegado Durval Barbosa não passou ao largo do governador — que frequentava o policial e teria cópia das denúncias — e de pelo menos um de seus auxiliares mais próximos. Este auxiliar teria sido gravado por Durval Barbosa.

Pelo sim, pelo não, o PT, preocupado com a situação de Agnelo, já pôs advogados em campo para examinar seu “problema”. Por isso, e por outras coisas, é que muitos políticos estão tratando o vice-governador Tadeu Filippelli com luvas de “diamante”. Mesmo egresso do rorizismo, Filippelli rompeu com o ex-padrinho e se tornou um articulador político hábil. Agnelo não confia no peemedebista e vice-versa. A crise vai crescer, inflar e explodir.

Fonte: Jornal Opção

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