Apoio da família é essencial para suporte psicológico de pacientes durante internação
Jurana Lopes
Um gesto de amor, carinho e delicadeza emocionou a paciente Zilá Guedes, internada na enfermaria da Clínica Médica do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Nesta quinta-feira (1º/8), ela completou 80 anos de vida e seu esposo, Otávio Guedes, de 93 anos, fez questão de levar flores de presente de aniversário para sua amada, com quem é casado há 63 anos.
“Estou triste de ela estar doente e internada. Acordo de madrugada e não consigo dormir pensando na minha esposa. Eu sinto muita falta da minha companheira ao meu lado. Nessa data tão especial, não podia deixar de presenteá-la. Não podia deixar de agradá-la, queria estar aqui mais vezes”, afirmou seu Otávio.
Dona Zilá adorou as flores e o gesto de amor do esposo. “Eu gostei muito das flores, uma pena estar aqui”, disse. Internada há 20 dias com um problema intestinal, dona Zilá segue esperançosa de ir para casa em breve. A filha caçula do casal, Gisele Guedes, de 55 anos, conta que os pais são muito apegados e são companheiros inseparáveis.
“Todos nós da família somos muito unidos. Meu pai acaba sofrendo mais com essa internação, porque se pudesse, ele estaria aqui sendo o acompanhante dela. Mamãe sempre usou mais medicamentos e tem a saúde mais frágil. Mas estamos confiantes de que a alta dela sairá logo”, relatou Gisele.
Rede de apoio e seus benefícios
Soraya Ramos, psicóloga da enfermaria de Clínica Médica do HRSM, destaca que a internação deixa os pacientes muito fragilizados emocionalmente. E, poder contar com o apoio dos familiares, do esposo/esposa, dos filhos, é de grande valia para que eles consigam se sentir fortalecidos e possam enfrentar a doença e os quadros clínicos de uma forma melhor, além de responderem aos tratamentos de maneira mais eficaz e significativa.
“Geralmente, na internação, os pacientes ficam realmente mais fragilizados, têm aquele pensamento de que talvez sozinho não consiga. E aí vem o apoio do hospital, da equipe multidisciplinar, da psicologia e principalmente, da rede familiar. Sem a rede de apoio a gente não conseguiria ter tanto êxito”, explica a psicóloga.
De acordo com Soraya, situações como essas de celebrar o aniversário em um hospital, mesmo sendo um momento triste, conseguem ressignificar para os pacientes o lado positivo, para terem lembranças positivas lá na frente. “O hospital é um momento de adoecimento, mas a gente pode trazer também como um momento de vida, em que a pessoa vai sair daqui com expectativas melhores”.
E no caso de dona Zilá, que fez 80 anos e está há 63 anos casada existe toda uma rotina familiar, pois ficar longe dessa rotina traz um desgaste emocional muito grande. Até porque também ele já é idoso, então não pode ficar como acompanhante dela.
“O que a gente percebe é que em relacionamentos tão longos, quando um adoece, adoecem os dois. Pode não adoecer da forma física, mas o psíquico adoece, tanto que a gente vê relatos de muita tristeza, de não conseguir dormir, mesmo em casa em que não consegue se desligar do hospital. Ter esses momentos é de grande benefício”, concluiu.
Fotos: Divulgação/IgesDF