APOIADORES DA CAMPANHA DE AGNELO SE ARTICULAM POR NOMEAÇÕES NO BURITI

Do Correio Braziliense – Apoiadores da campanha de Agnelo se articulam por nomeações no Buriti

 

Lilian Tahan

Agnelo ao lado de Cristovam e Rollemberg: o pedetista deve ter influência na Educação, enquanto o outro senador pode influenciar em áreas como agricultura e Turismo - (Carlos Silva/Esp. CB/D.A Press - 31/10/10)  
Agnelo ao lado de Cristovam e Rollemberg: o pedetista deve ter influência na Educação, enquanto o outro senador pode influenciar em áreas como agricultura e Turismo

Liquidado o adversário nas eleições, os vitoriosos na campanha começam uma outra disputa, por espaço e poder dentro do governo. Os protagonistas da conquista no último domingo tiraram folga por alguns dias. Mas o descanso será breve. Nos próximos dois meses que antecederão a posse no comando do GDF, marcada para 1º de janeiro, Agnelo Queiroz (PT) terá de se entregar a uma missão quase tão difícil quanto abater o oponente nas urnas: agradar e acomodar todas as forças políticas que o ajudaram a vencer sem, no entanto, expor na largada o governo com indicações inconvenientes do ponto de vista da opinião pública. A coligação Um novo caminho, que elegeu o petista, contou com o apoio de 12 legendas.

Bem diferente do discurso que em 2006 emplacou a dobradinha entre José Roberto Arruda e Paulo Octávio, a dupla de sucesso em 2010 nunca disse que faria um governo a quatro mãos, nem tampouco se ouviu dos candidatos expressão que virou um jargão da administração passada: o “governo compartilhado”. Pelo contrário, o que se viu nos últimos três meses de campanha foi um vice discreto, resignado com o seu papel de coadjuvante. Um tipo de discurso na medida para uma militância em campanha. Mas o PMDB, tanto nacional quanto localmente, não é o tipo de partido que se contenta com pouco.

Um dia após ser eleito, Filippelli respondeu às vaias que recebeu durante comemoração. “O PT não deve nada ao PMDB e nem o PMDB deve nada ao PT”, lembrou o vice, colocando em pratos limpos a relação que construiu com a esquerda para derrotar Joaquim Roriz (PSC). É com o sentimento que Filippelli vai apontar o naco de poder que espera dentro do governo petista. Ele próprio vai primar pela lei do menor desgaste, ou seja, é provável que ele próprio não considere conveniente disputar a indicação para uma Secretaria de Obras, cargo que ocupou por anos na administração Roriz, de quem hoje luta para se descolar.

Peemedebistas envolvidos na campanha especulam que
Filippelli pode se tornar o coordenador de outra frente de destaque no governo, irmã da área de obras, mas sem o título que traz o ranço do passado. Uma secretaria de Desenvolvimento Social, de Transporte ou mesmo de Esporte, essas duas últimas com influência nos preparativos para a Copa de 2014. “Não se sabe ainda qual será o espaço do PMDB no governo, mas vamos lutar para que seja proporcional ao peso do partido na campanha. Historicamente, o PT tinha um terço do eleitorado. Se alcançou os 66%, boa parte dessa melhora se deve à nossa parceria”, avalia um integrante da executiva do partido com planos de ter seu lugar ao sol na administração Agnelo/Filippelli.

 
“Por enquanto, estou preparado para ser deputado distrital. O coordenador do processo é Agnelo e eu serei um soldado” Chico Leite (PT), deputado distrital reeleito e um dos cotados para cargo no primeiro escalão

Em entrevista ao Correio publicada na edição de ontem, Agnelo Queiroz afirmou que vai contemplar os 12 partidos da coligação no organograma do GDF. Ninguém vai ficar de fora. A partir de segunda-feira, deputados distritais e federais e senadores começam as conversas para discutir quem vai ficar com o quê. Por enquanto, integrantes dos partidos na coligação vencedora fazem um exercício de alguns dos movimentos considerados prováveis na montagem do governo. Entre as hipóteses citam que dois dos quatro deputados eleitos devem ser puxados para o governo. Érika Kokay (PT) é lembrada para uma pasta como a de Justiça e Direitos Humanos. Paulo Tadeu (PT) pode ser acomodado no comando do Esporte ou da Habitação. Aliados dizem que ele tem o perfil para um dos postos.

Legislativo-Executivo
A saída de dois nomes da Câmara dos Deputados abriria espaço para que assumissem como federais o presidente do PT no DF, Roberto Policarpo, primeiro suplente da coligação, e Augusto Carvalho — uma forma de contemplar o PPS. O único federal que não deve ocupar cargo no governo é José Antônio Reguffe (PDT). Com a melhor performance proporcional no Brasil — mais de 18% dos votos —, o pedetista deve cumprir o mandato de quatro anos no Congresso.

Na Câmara Legislativa, um dos nomes que devem migrar para o Executivo é o de Chico Leite (PT). Distrital mais bem votado em 3 de outubro, o deputado, que vai para seu terceiro mandato, considera a possibilidade de passar um período no governo. Procurador do Ministério Público do Distrito Federal, Chico Leite tem perfil para comandar qualquer pasta afim com o direito, como as secretarias de Justiça, Segurança ou mesmo a de Transparência, tema que sempre levantou como bandeira na Câmara Legislativa. “Por enquanto, estou preparado para ser deputado distrital. O coordenador do processo é Agnelo e eu serei um soldado”, diz Chico Leite.

Tradicionalmente vinculada a Cristovam Buarque, a área de educação deve levar em conta possível indicação do senador eleito pelo PDT. Ex-governador do DF, ele afirma que tem condições de opinar não só na educação, mas em qualquer outro setor da administração. “Vamos trabalhar os nomes conjuntamente entre os partidos que participaram da coligação e apresentá-los a Agnelo. A ideia é que as indicações sejam consensuais. Somos parte da eleição deste governo que representa o último grupo sobrevivente à crise política. Não podemos errar”, diz Cristovam, o senador mais bem votado da história do DF, com mais de 800 mil apoiadores.

Setores como Cultura e Turismo também são objeto de conversas de bastidores no pós-eleição. O PSB conta como certa a indicação de nomes para as áreas de Turismo, Cultura ou Agricultura. Rodrigo Rollemberg (PSB) foi muito bem votado entre os agricultores porque é o autor da lei de regularização de terrais rurais no DF. Certo é que, por enquanto, as especulações ocorrem independentemente de qualquer sinalização do governador. Até o fim de semana, Agnelo estará na Bahia curtindo a família, a praia e a vitória sobre o império de Joaquim Roriz, derrotado após anos de hegemonia na política da capital.

TRANSIÇÃO
O atual comando do Palácio do Buriti realiza hoje a primeira reunião para preparar a transição ao novo Governo do Distrito Federal. O atual governador, Rogério Rosso (PMDB), encontra-se com secretários, administradores regionais e presidentes de empresas públicas para traçar os planos da transferência de poder. O objetivo é reunir dados a serem repassados à equipe do governador eleito, Agnelo Queiroz (PT), que por sua vez nomeou o petista Raimundo Júnior como coordenador dessa fase de transição. Júnior foi um dos principais comandantes da campanha petista nessa eleição.

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