Na semana passada falei sobre a retórica do fingimento, muito utilizada pelos políticos brasileiros com o fim de ludibriar os eleitores. Destaquei, ainda, uma entrevista do advogado Paulo Goyaz, concedida ao Correio Brasiliense em que ele defendia o governador Arruda, ressaltando, contudo, que ele não mencionou que um de seus clientes, Benício Tavares estava envolvido com o esquema.
No Correio Brasiliense do dia 31 de janeiro de 2010, outro advogado famoso e respeitável, defende a permanência de Arruda. Cuida-se de Reginaldo Oscar de Castro, advogado que subscreveu o pedido de afastamento de Fernando Collor de Mello.
As respostas às perguntas formuladas pela jornalista são muito bem articuladas e nem poderia ser diferente, pois se cuida de um dos melhores advogados brasileiros. Para passar um ar de isenção, o nobre advogado destacou que não é advogado de Arruda.
De fato, defensor de Arruda não posso afirmar que ele seja, mas daí a acreditar em sua isenção e pureza ao emitir as opiniões vai um largo passo. Na extensa lista de clientes do ilustre advogado se vê empresas como a Paulo Octávio Inv. Imobiliários LTDA., empresa do grupo pertencente ao vice-governador, Paulo Octávio. Cito alguns exemplos de processos: 13629/92 e 42989/94 (arquivado), mas existem outros.
No mínimo, há de se ter em dúvida a opinião do nobre jurista, pois o vínculo com o grupo empresarial do vice-governador o torna suspeito. Era um fato relevante a ser esclarecido pelo advogado, mas ele preferiu o silêncio e para conferir credibilidade a sua opinião, ainda asseverou que não era advogado do governador.
Reginaldo ainda tece críticas – merecidas – ao governo Roriz, mas também deixou de informar que é o advogado que patrocina causa contra Roriz perante o STJ.
A retórica do fingimento de fato continua a ser utilizada no DF. Que papel vergonhoso se prestou Reginaldo Oscar de Castro, ao defender Arruda e omitir dos leitores o seu vínculo com uma das empresas do vice-governador Paulo Octávio.