Assassinato de Edmundo Pinto: Tese de crime encomendado é defendida por americano

Edmundo Pinto: assassinado aos 38 anos, em 1992.

Em 2003, onze anos após o assassinato do governado do Acre, Edmundo Pinto, foi publicada matéria a respeito do fato. Confira:

Há exatos 11 anos o Acre amanhecia perplexo com a notícia do assassinato, na suíte 704 do Hotel Della Volpe Garden, em São Paulo, do então governador Edmundo Pinto de Almeida Neto. Eleito com maioria dos votos em uma eleição bastante disputada em 1990, Edmundo chegou ao posto mais alto da política acreana aos 38 e sonhava estabelecer um grupo político pronto para governar o Estado pelos próximos 20 anos, no mínimo, mas teve tempo apenas de administrar o Acre por um ano e dois meses.
Sua morte, até hoje, é envolta no mais absoluto mistério. A Polícia de São Paulo concluiu que se tratava de latrocínio – roubo seguido de morte – prendeu os supostos envolvidos no caso, mas até hoje, nem o acreano, nem a maioria dos brasileiros se convence de tal versão.
Edmundo é hoje uma lembrança tênue na memória de boa parte dos acreanos, mas uma presença viva para seus amigos. A maioria deles deixou o poder. Outros continuam lá. Alguns galgaram cargos importantes na atual gestão do governador Jorge Viana e são seus assessores diretos, outros precisam deixar o Acre. Um deles, Wandervan Rodrigues, também foi assassinado. Sua morte é outro mistério dessa história.
Da memória do ex-governador restaram nomes de ruas, praças, escolas e de uma estrada federal que ninguém conhece por este nome (o trecho da BR-364 entre Rio Branco e Porto Velho, uma tentativa frustrada do ex-senador Nabor Júnior).
Presente mesmo, ele só está na memória do pai, Pedro Veras, da mãe, D. Angelina, dos filhos e da viúva Fátima Almeida. Como fazem desde que Edmundo morreu, seus filhos, a viúva e o pai mandam celebrar hoje, na Catedral Nossa Senhora de Nazaré, às 19h, uma missa em memória de sua alma. Como este não é um ano político, é pouco provável que compareçam muitas pessoas, excetos os amigos da família e os fãs do ex-governador, que não são poucos e choram até hoje a sua ausência.É raro encontrar alguém que acredite na versão de latrocínio para o assassinato de Edmundo Pinto, mas o americano Jeffrey Hoff tem levado a questão às últimas conseqüências e desenvolveu um longo trabalho sobre o tema. Formado em História pela Universidade de Nova York e ex-colaborador de publicações como o jornal The New York Times e o semanário Barrons, do Washington Post, Hoff costuma assumir o papel de repórter para acompanhar eventos políticos em todo o mundo. Já trabalhou no Afeganistão, Egito, Índia, Nicarágua e Paquistão. Casado com uma professora universitária brasileira e vivendo há alguns anos em Florianópolis (SC), pesquisa desde 1992 o esquema de corrupção no governo federal que culminou com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Concluiu que pelo menos quatro assassinatos registrados nos últimos anos estão diretamente relacionados com o esquema comandado por PC Farias. “Para mim, a morte de PC não representou nenhuma surpresa”, afirma Hoff. “Existe um lado violento no esquema de corrupção no governo Collor que jamais foi investigado e PC pode ter sido a quinta vítima.”
Segundo Hoff, o esquema de corrupção de PC Farias que movimentou mais de US$ 1 bilhão, uma quantia sem precedentes em casos similares no resto do mundo. PC, ressalta Hoff, controlava quase todos os ministérios do governo e diversos setores da economia. “Ele manipulava todos os grandes contratos do País. Não indicava ministros, mas funcionários de segundo e terceiro escalões, aqueles que podiam realmente manipular contratos. Numa segunda fase, descobri que o esquema de corrupção no governo Collor tinha um lado muito violento que jamais foi investigado”.
Essa faceta está demonstrada, segundo Hoff, em três assassinatos cometidos em 1992 e um em 1994. “Todos estão ligados diretamente ao esquema de corrupção. O primeiro foi o do governador do Acre Edmundo Pinto, em um hotel de São Paulo, às vésperas de seu depoimento em Brasília sobre superfaturamento em uma obra de seu Estado, o Canal da Maternidade, financiada com verbas do FGTS”, diz.
Hoff garante que o inquérito da Polícia Paulista, que concluiu pelo latrocínio, é cheio de falhas. “A polícia divulgou para a imprensa que o primeiro tiro atingiu o governador de raspão, na cabeça, e que o segundo disparo acertou seu peito, matando-o. A análise do inquérito e das fotos mostra o contrário. O primeiro tiro, à queima-roupa, bem em cima do coração, matou o governador quando ele ainda estava deitado. Foi o segundo disparo que raspou sua cabeça. Além do mais, tenho informações de que os matadores se encontraram com pessoas do Acre antes do crime”, defende Hoff.
Ainda segundo o jornalista, tudo indica que a visita de Edmundo Pinto a São Paulo foi manipulada, pois naquela noite ele tinha marcado um jantar com sua mulher, Fátima Almeida, em Rio Branco. “Há ainda informações de que Edmundo Pinto estava disposto a cancelar o contrato para as obras. Outro fato importante é que a conclusão dos policiais de que foi um latrocínio é baseada em um depoimento de um dos condenados pelo crime, Gilson José dos Santos. Mas Gilson deu mais três depoimentos para pessoas diferentes dizendo que fora contratado para matar Edmundo Pinto. Um dos depoimentos foi gravado, para a CPI da Pistolagem, na Câmara, e até hoje não chegou à polícia”, destaca Hoff.

Fonte: Amigos da Terra

Data: 17/05/2003
Fonte: A Tribuna
Local: Internacional – AC

1 COMENTÁRIO

  1. ATENÇÃO PESSOAL, O PT NO ACRE ESTÁ DISFARÇANDO A SUA BANDEIRA E SUBSTITUINDO PELA BANDEIRA DO ACRE, ISSO NÃO PODE, ESSE PT PENSA QUE O PESSOAL É BESTA OU CEGO. JÁ CHEGA DE ENGANAR OS OUTRO, O TEMPO AGORA É BOLSONARO, QUE VAI MUDAR O BRASIL, PARA O PAÍS MAIS JUSTO PARA TODOS INDEPENDENTE DA CLASSE SOCIAL…

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