Setor enfrenta desafios econômicos com alta de endividamento e risco financeiro, alerta especialista Dr. Leonardo César
O agronegócio brasileiro tem enfrentado um cenário de crescimento em 523% nos pedidos de recuperação judicial, até outubro de 2024, segundo pesquisa da Serasa Experian. A recuperação judicial, um instrumento legal que permite às empresas renegociar e evitar a falência de dívidas, tem se tornado cada vez mais recorrente entre os produtores rurais.
Entre os fatores que explicam o aumento nesses pedidos estão a maior inserção do mercado de capitais no agronegócio e a recente inclusão da recuperação judicial de produtores como um mecanismo legal. Esses elementos facilitam o acesso a créditos e renegociações de dívidas, mas também revelam a fragilidade de muitos estabelecimentos rurais diante das oscilações do mercado.
O especialista em direito do agronegócio, Dr. Leonardo César, explica que, “Com o aumento dos pedidos de recuperação, a perspectiva é que a recuperação desses valores se torne mais difícil, já que muitos pedidos envolvem um Isso significa que o retorno para a instituição financeira é apenas uma fração do valor emprestado e geralmente se estende por longos períodos de pagamento, de 15 a 20 anos”, afirma.
Ainda segundo o advogado, a matriz de análise de riscos das instituições financeiras considera a dificuldade de se recuperar os valores emprestados. “As cooperativas de crédito são particularmente afetadas, pois seu volume de recursos para empréstimos depende do número de cooperados e dos depósitos que recebem. Isso cria um ciclo vicioso: com lucros menores, menos cooperados se interessam, o que diminui ainda mais a oferta de crédito”, conclui.
Apesar desse aumento, é importante destacar que a maioria dos produtores ainda opera sem recorrer à recuperação judicial, evidenciando a resiliência de uma parte significativa do setor. No entanto, a situação atual levanta questões sobre a sustentabilidade financeira e os desafios que o agronegócio brasileiro enfrentará nos próximos anos.