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    Canela de Ema: arquiteta do CEUB desenvolve projeto para ensino de jovens e adultos com educação tecnológica

     

    Proposta educação para maiores de idade e ensino profissionalizante, com um design inclusivo inspirado na educação libertadora de Paulo Freire

    Inspirada na pedagogia de Paulo Freire, Amanda Dalla, egressa de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília (CEUB), apostou na “educação libertadora” como princípio metodológico para desenvolver projeto de escola especializada em jovens e adultos. O projeto integra ambientes que valorizam as vivências dos alunos, estimulam a autonomia e o pensamento crítico. Para a Educação Profissional e Tecnológica, o currículo foi pensado conforme a demanda do mercado, considerando o perfil dos estudantes.

     

    Além das salas de aula, a proposta, nomeada de Centro de Ensino Canela de Ema, contempla espaços de convivência, planejados para oferecer um ambiente agradável aos estudantes, muitos dos quais enfrentam longas horas de jornada no trabalho durante o dia. “A escola precisa ser um espaço onde os alunos se sintam pertencentes, não apenas mais um prédio com salas de aula. Tudo foi planejado para incentivar o aprendizado de forma natural e acolhedora”, explica Amanda.

     

    A ideia surgiu em uma conversa com a mãe da arquiteta, que foi professora da rede pública do DF por 35 anos. “Ela falou sobre a dificuldade de alguns pais em ajudar os filhos nas demandas escolares. Muitos deles não tiveram acesso à educação completa, e o EJA, aliado à educação profissionalizante, poderia transformar essa realidade, oferecendo novas oportunidades e auxiliando as pessoas a avançar no mercado de trabalho”, relata Amanda.

     

    A escolha do local foi embasada em dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), que indicavam baixos índices de escolaridade entre jovens e adultos no Recanto das Emas (DF). “O nome Canela de Ema surgiu do propósito de atender a região administrativa do Recanto das Emas com base em uma necessidade real. Queremos que os alunos tenham acesso à educação sem precisar se deslocar para outras áreas, tornando a escola um verdadeiro ponto de referência para a comunidade.”

     

    Escola Técnica

    Pesquisa sobre o mercado de trabalho ajudou a definir as disciplinas da Escola Técnica, inserindo espaços como cozinha-escola e salas multiuso. “Mais do que um diploma, queremos que essa escola ofereça oportunidades reais de crescimento. Ter um curso técnico profissionalizante pode ser um divisor de águas para muitas dessas pessoas”, destaca.

     

    Outro diferencial foi a proposta de um anfiteatro para proporcionar experiências educacionais fora da sala de aula e ampliar o acesso da comunidade à cultura e ao lazer. “A cultura tem um papel fundamental na formação das pessoas. Ao unirmos o ensino tradicional com atividades culturais, a experiência educacional se torna muito mais rica e significativa”, enfatiza a arquiteta.

     

    Com respeito aos eixos de acessibilidade, os espaços foram planejados para atender pessoas com diferentes necessidades. Segundo Amanda, as rampas substituem degraus, enquanto elementos como cobogós, ventilação cruzada e vegetação ajudam a criar um ambiente mais confortável e agradável. “A escola precisa ser para todos. Se queremos uma educação inclusiva, o espaço físico tem que refletir essa preocupação”, reforça.

     

    Ana Maria Passos, orientadora do estudo e professora de Arquitetura e Urbanismo do CEUB, destaca a importância da arquitetura no processo educativo e na criação de espaços adaptáveis. Segundo ela, espaços planejados e adaptados ao uso proposto favorecem um aprendizado mais efetivo, com conforto e estímulo ao desenvolvimento dos alunos. “A educação é um direito social fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Escolas bem planejadas, sobretudo em regiões de baixa escolaridade, são essenciais para garantir oportunidades e inclusão”.

     

    Próximos passos

    Para desenvolver o projeto, Amanda buscou inspiração em modelos nacionais e internacionais, como a CAMB Escola Caminho Aberto, de Ferna Dabbur e Carolina Penna, e o Parque Educativo Raíces, do escritório colombiano Pilloto Arquitetos. “Observar como outras escolas inovaram na arquitetura educacional foi essencial para entender como aplicar esses conceitos à realidade brasileira”, conta.

     

    Com a perspectiva de sugerir seu projeto para a Secretaria de Educação do DF, a arquiteta pretende aprimorar detalhes para garantir sua viabilidade. O modelo pode inspirar novas construções voltadas ao ensino de jovens e adultos, incentivando políticas públicas para esse público. “A educação transforma. Se tivermos espaços bem planejados, que incentivem o aprendizado e o desenvolvimento, as mudanças acontecem de forma natural. Esse projeto nasce do desejo de oferecer isso para quem mais precisa”, conclui a egressa do CEUB.

     

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