Em 29 de janeiro de 2019, a Polícia Federal deflagrou a operação Circus Maximus para investigar suposto pagamento de propinas de R$ 16,5 milhões para a cúpula do Banco Regional de Brasília na gestão do ex-governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).
As investigações buscavam averiguar benefícios pagos para diretores e ex-diretores do BRB em troca de investimentos em projetos como o do extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro. O hotel se chamava LSH Lifestyle.
O ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB), que se mostrava tão ativo nas redes sociais para atacar iniciativas do sucessor Ibaneis Rocha (MDB), que o derrotou por 70% a 30% dos votos válidos nas eleições de 2018, simplesmente no dia 29 de janeiro de 2019 evitou contato com a imprensa e se ausentou da sua conta do Twitter, a fim de não comentar a prisão de um dos mais influentes auxiliares da sua gestão: o ex-presidente do BRB Vasco Cunha Gonçalves. Ele e mais dois diretores do banco foram presos acusados de corrupção passiva, entre outros crimes. Os investigadores estimam que a quadrilha recebeu ao menos R$16,5 milhões em propinas.
Alvos dos mandados de prisão preventiva:
Henrique Domingues Neto
Henrique Leite Domingues
Ricardo Luiz Peixoto Leal
Vasco Cunha Gonçalves
Nilban de Melo Júnior
Carlos Vinícius Raposo Machado Costa
Felipe Bedran Calil
Diogo Rodrigues Cuoco
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo
Dílton Castro Junqueira Barbosa
Alvos dos mandados de prisão temporária:
Marco Aurélio Monteiro de Castro
Andréa Moreira Lopes
Adonis Assumpção Pereira Júnior
Felipe Bedran Calil Filho
Alvos de busca e apreensão:
Vasco Cunha Gonçalves
Adonis Assumpção Júnior
Adriana Fernandes Bijarra Cuoco
Andréa Moreira Lopes
Arthur César de Menezes Soares Filho
Carlos Vinícius Machado Raposo Costa
Dilton Castro Junqueira Barbosa
Dogo Rodrigues Cuoco
Felipe Bedran Calil
Felipe Bedran Calil Filho
Henrique Domingues Neto
Marcos Aurélio Monteiro de Castro
Naira Lee Paiva Domingues
Nathana Martins Bedran Calil
Nilban de Melo Júnior
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
Ricardo Luís Peixoto Leal
A operação foi baseada nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, do corretor Lúcio Bolonha Funaro – operador de propinas para o MDB– e do empresário Ricardo Siqueira Rodrigues.
À época, em nota o MPF-DF explicou que a operação, batizada de Circus Maximus, “visa desarticular uma organização criminosa instalada no BRB que, desde 2014, vem praticando, junto com empresários e agentes financeiros autônomos, crimes contra o sistema financeiro, corrupção, lavagem de dinheiro, gestão temerária, entre outros”.
Ex-tesoureiro de campanha do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e acusado de liderar o suposto grupo criminoso, o empresário Ricardo Leal havia tido a prisão preventiva convertida em domiciliar anteriormente por deliberação do desembargador Ney Bello. O ex-presidente do BRB Vasco Cunha também foi preso, mas acabou liberado sete dias depois da ação policial.
Estranhamente, em janeiro de 2021, a Justiça trancou a ação penal da Operação Circus Maximus em relação a Ricardo Leal, ex-conselheiro do Banco de Brasília (BRB) na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB) e arrecadador da campanha do ex-governador. Em outras palavras, o processo contra Leal não pode seguir e ele deixou de ser réu.
Quem não deve, não teme. Então por quê Ricardo Leal conseguiu trancar a ação penal contra ele? E por quê Rollemberg se mantém em silêncio a respeito até hoje?
Em 2018, após mais de dez anos da operação Aquarela, da Polícia Federal, que revelou desvios de dinheiro no Banco Regional de Brasília (BRB), o ex-presidente da instituição, Tarcísio Franklin, foi condenado pelos crimes da época. Sua pena de 26 anos por dispensa de licitação, peculato e lavagem de dinheiro foi definida em 26 de janeiro de 2018 pela juíza Ana Cláudia Loiola, da 1º Vara de Justiça do TJDFT. Mas não foi preso até hoje.
Já em 2021, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) manteve a condenação de Tarcísio Franklin de Moura, e de outros oito réus, por improbidade administrativa. O grupo é acusado de comandar um esquema que desviou R$ 400 milhões do banco entre 2004 e 2007.
De volta ao escândalo no governo de Rollemberg, o delator da Lava Jato Lúcio Funaro declarou, em 28/08/2019, que Ricardo Leal era “o operador financeiro do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB)”. A declaração foi dada durante oitiva na CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da Câmara dos Deputados.
Ex-aliada de Rollemberg, a deputada federal Celina Leão (PP), eleita em 2018, questionou Funaro sobre o BRB, Rollemberg e Ricardo Leal.
“O Ricardo Leal é o principal operador do ex-governador Rodrigo Rollemberg. Eu conheço ele [Ricardo] há praticamente 22 anos. Talvez ele seja um dos maiores players desse submundo do mercado financeiro, não só com BRB, mas com várias outras fundações, tanto a nível estadual quanto federal. O esquema era muito forte. Dentro do BRB, ele tinha controle total sobre o Vasco [Gonçalves], Nilban [de Melo Júnior], Adonis [Assumpção]… Toda a estrutura que estava ali instalada quem comandava era ele”, frisou, referindo-se a ex-dirigentes da instituição brasiliense investigados na Circus Maximus.
A declaração foi dada em resposta à pergunta da deputada federal Celina Leão (Progressistas) sobre o papel do ex-conselheiro do BRB no mercado financeiro e se houve transações financeiras ilícitas dentro da instituição local. Ao descartar relacionamento próximo com o ex-titular do Palácio do Buriti, Funaro sustentou à CPI que “a única vez” que esteve com Rollemberg “foi quando ele se candidatou ao governo pela primeira vez e não foi eleito”.
“Inclusive isso me trouxe muito problema de represália dentro da cadeia, quando eu estava preso, entendeu? Pelo fato de eu estar preso e o governador influenciando lá, para tentar represálias em mim, no [ex-senador] Luiz Estevão, de todo tipo”, emendou.
Questionado sobre quais retaliações teria sofrido por parte do governo local, o delator afirmou que, enquanto esteve no Complexo Penitenciário da Papuda, teve objetos pessoais confiscados. Rollemberg evitou comentar o assunto.
“Retirada de itens mínimos de sobrevivência no lugar, como travesseiros. Não deixavam entrar sabonete se não fosse branco. Era uma ala do presídio onde só ficam os vulneráveis, então não tinha a menor necessidade de se fazer isso. E ele [Rollemberg] veio mandar recado de que ‘se você falar meu nome ou do Ricardo [Leal] a situação vai apertar ainda mais’, entendeu?”, afirmou Funaro.
Lúcio Funaro foi preso no escândalo da Petrobras, no âmbito da Operação Lava Jato. Depois, tornou-se delator. Funaro confessou diversos atos de corrupção e delatou políticos de alto escalão do MDB a fim de ter sua pena reduzida – entre eles, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira.
Este blog anunciou ainda no início de 2015, que a diretoria do BRB na gestão do governo Rodrigo Rollemberg teria sérios problemas. E teve!
E fica a pergunta: O que esconde Ricardo Leal? À quem protege? Por quê deputados distritais e federais se mantém em silêncio até hoje? Por quê ele não pode ser investigado?
Enquanto isso, Rollemberg tentou voltar ao poder em 2022, quando tentou uma cadeira de deputado federal mas não foi eleito, e evita até hoje falar sobre Leal e sua influência no Banco de Brasília durante seu governo. E Celina Leão foi eleita vice-governadora na chapa encabeçada por Ibaneis Rocha (MDB).
O fato é que o uso político do BRB ao longo dos anos, têm rendido graves escândalos a notórios políticos. Agnelo e Rollemberg que digam…