COMEÇOU A CORRIDA POR ALIANÇAS PARA AS ELEIÇÕES NO DF

Abalados pela crise devastadora da Caixa de Pandora, os partidos demoraram a se articular para a votação de outubro. Mas as negociações ganharam fôlego nesta semana, com anúncios de coligações e lançamentos de candidaturas

Começou a corrida por alianças para as eleições no DF Abalados pela crise devastadora da Caixa de Pandora, os partidos demoraram a se articular para a votação de outubro. Mas as negociações ganharam fôlego nesta semana, com anúncios de coligações e lançamentos de candidaturas

Lilian Tahan/Correio Braziliense

Depois de seis meses de apatia — resultado da crise no Distrito Federal que amedrontou os políticos e adiou as costuras para as eleições de outubro —, os partidos deram os primeiros sinais de como vão entrar em campo para a disputa de poder. PT e PMDB se enlaçaram. A despeito da direção partidária, o governador peemedebista Rogério Rosso reagiu e demonstrou interesse em ser ele próprio candidato à reeleição. O PSDB partiu para o contra-ataque e se sentou para conversar com Joaquim Roriz (PSC). Tudo ocorreu na última quinta-feira. Na esteira dos acontecimentos, o DEM ensaiou ontem suas primeiras definições. Sem acordo interno, acabou expondo a divisão no partido, ainda reflexo do escândalo da Caixa de Pandora.

Na composição das alianças, o grupo do PT saiu na frente. Antecipou-se às convenções e fechou o acordo com o PMDB (veja quadro). Agnelo Queiroz será o candidato ao governo e entregou o posto de vice para Tadeu Filippelli. A voz dissidente dessa aliança foi impostada pelo governador-tampão Rogério Rosso. Ele quer do partido o respaldo para tentar a reeleição. Tem a seu favor a máquina administrativa. Contra ele pesa o desejo da executiva nacional, que se mostrou sintonizada com as pretensões de Filippelli.

O grupo também já definiu as duas vagas ao Senado Federal. Uma será reservada à reeleição de Cristovam Buarque, que, com isso, agrega o PDT à chapa, e a outra a Rodrigo Rollemberg, para atrair o PSB. Em nome da composição, Geraldo Magela, que pretendia concorrer ao cargo majoritário, se viu obrigado a disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados.

O efusivo abraço entre Agnelo e Filippelli na última quinta-feira despertou a reação dos adversários. Há algumas semanas, Maria de Lourdes Abadia e Joaquim Roriz passaram a conversar com mais frequência. E no dia marcado para o anúncio da chapa PT-PMDB, os dois ex-governadores — que viveram um longo período de aliança no passado, mas esfriaram o relacionamento após a eleição de 2006 — sentaram-se juntos na casa de Roriz para tratar do futuro. Estavam presentes caciques tucanos, como o presidente do PSDB nacional, senador Sérgio Guerra (PE), e o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Encontro

Ao notar os passos de outros partidos, o DEM também se mexeu. Marcou um encontro cuja pauta era a definição das candidaturas e das eventuais coligações com outras legendas. A reunião de 12 integrantes da executiva regional, no entanto, terminou sem resultados. Adelmir Santana se colocou como candidato ao Senado. Ele assumiu a vaga no Congresso no lugar de Paulo Octávio, quando o político renunciou ao cargo de senador e tornou-se vice-governador do Distrito Federal.

A iniciativa de Adelmir, porém, perdeu o efeito com o anúncio da distrital Eliana Pedrosa de que se interessa em competir para o mesmo posto. O deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) também ambiciona o espaço. Diz que só abrirá mão da vaga se for indicado ao governo. Impasse colocado, o DEM acabou adiando as conversas para a próxima segunda-feira. A dificuldade de entendimento dentro da legenda é o rescaldo da crise que acertou em cheio o partido, que até o ano passado abrigava a cúpula do governo José Roberto Arruda.

Desfiliados
Com a crise provocada em função das revelações da Caixa de Pandora, a partir de novembro passado, o então governador, José Roberto Arruda, foi forçado a sair do DEM, assim como seu vice, Paulo Octávio, que presidia a legenda no DF. O mesmo ocorreu com o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente e o distrital Geraldo Naves. Em seguida, a direção nacional do partido resolveu intervir na executiva regional e recompor a liderança local do partido.

Cenários

O grupo de Joaquim Roriz
» Coligação possível: PSDB, PSC, PSDB, DEM, PtdoB, PR e PRTB e PMN.

» O PSC do ex-governador Joaquim Roriz se movimenta para atrair o PSDB de Maria de Lourdes Abadia. O entrave era a direção nacional tucana, que resistia à ideia de colocar o presidenciável José Serra no palanque liderado por Roriz. Mas na última quinta-feira, o PSDB deu sinais de que pretende rever sua posição inicial. Caciques do partido foram à casa de Roriz para conversar. No mesmo dia, o nome da ex-governadora foi lançado ao Senado Federal. E o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse que o partido “não vai desprezar alguém (referindo-se a Roriz) com 41% das intenções de voto”. A declaração confere com a reaproximação nos bastidores de Abadia e Roriz. O próximo passo esperado é a união formal entre PSDB e PSC.

» O PR se unirá a Roriz. Jofran Frejat já anunciou publicamente a intenção de concorrer como vice numa chapa capitaneada pelo ex-governador.

» A aproximação de Roriz com o PSDB pode ser um argumento para puxar o apoio do DEM. Os dois partidos estão juntos na tentativa de eleger José Serra ao Palácio do Planalto. A dificuldade, por enquanto, é que não há muita margem de negociação, já que as duas legendas insinuam que não estão dispostas a abrir mão da vaga majoritária ao Senado.

O grupo de Agnelo Queiroz
» Coligação possível: PDT, PSB, PT, PMDB, PRB e PCdoB.

» As conversas estão bem avançadas. Na última quinta-feira, PT e PMDB se declararam unidos. Apesar das divergências internas na base, as executivas regionais dos dois partidos confiam que reproduzirão nas respectivas convenções a decisão de disputar lado a lado em outubro. Agnelo Queiroz encabeça a chapa como candidato ao governo e Tadeu Filippelli na condição de vice.

» O governador Rogério Rosso lidera o grupo dentro do PMDB contrário à dobradinha. Ele quer ser candidato e defende que o partido lhe ofereça a legenda.

» Caso o resultado das convenções do PMDB e do PT seja desfavorável à coligação antecipada entre Agnelo e Filippelli, não está descartada até mesmo a possibilidade de intervenção federal da direção do PMDB na executiva regional. O PSB fechou com o PT, que indicará na chapa Rodrigo Rollemberg para uma das vagas ao Senado Federal. O senador Cristovam Buarque, do PDT, vai concorrer à reeleição com o grupo. PRB e PCdoB já declararam apoio à chapa.

Os indecisos
» Partidos: PP e PTB

» Há dois partidos com representatividade no Distrito Federal, o PP e o PTB, que ainda não se encaixam em nenhum dos dois cenários considerados mais fortes. O PP do distrital Benedido Domingos, onde está abrigado o deputado federal Robson Rodovalho, negocia com o PT e até com o grupo de Roriz a possibilidade de uma composição na qual Rodovalho saia candidato ao Senado. Como esse espaço não está disponível em nenhuma das duas frentes, a tendência é que, mais para a frente, o argumento para a composição mude de enfoque. O senador Gim Argello, do PTB, se aproximou do governador Rogério Rosso, com a perspectiva de que Rosso consiga vencer a queda de braço dentro do partido. Assim como o governador-tampão, Gim é a favor da formação de um palanque alternativo para Dilma Rousseff no DF. Isso lhe confeferiria uma posição de destaque nas eleições locais. Justamente para cortar as pretensões de Gim, PMDB e PT se apressaram em anunciar o palanque que reproduz no DF a coligação nacional.

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