Prudente disse que dinheiro nas meias (‘por questão de segurança’) era ‘dinheiro não contabilizado’ de campanha
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente(DEM), filmado ao guardar dinheiro nas meias, teve papel preponderante para barrar a CPI Digital, que investigaria suspeitas de fraudes em contratos milionários do governo José Roberto Arruda com empresas de informática da cidade. É o que disse o ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, em depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal.
Segundo Barbosa, para não iniciar os trabalhos da CPI (chamada de CPI doIzalci Lucas – secretário de Ciência e Tecnologia), Prudente exigiu do governador que o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) fosse retirado da Central de Compras do governo e passasse a fazer suas compras e licitações diretamente. “Com isso, Leonardo Prudente tem mais facilidade de contratar com o Detran/DF da melhor forma para favorecer suas empresas”, afirmou Barbosa. Ainda de acordo com o ex-secretário, o Detran já contratou ou contratará uma empresa de Leonardo Prudente, possivelmente a G6, “para prestar serviço de vigilância armada e monitoramento no mesmo contrato”. A reportagem não conseguiu entrevistar Prudente.
A CPI Digital foi criada depois que ÉPOCA publicou, no fim de maio, reportagem sobre esquemas de favorecimento em contratos com empresas acusadas de irregularidades, desde o governo de Joaquim Roriz. Relatório produzido pela Controladoria Geral da União (CGU) revelava que empresas beneficiadas pelo governo fizeram doações para a campanha do secretário de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Izalci Lucas. A CPI foi instalada, mas líderes dos partidos, inclusive do DEM, decidiram retirar os integrantes da comissão.
COMENTÁRIO DE DONNY SILVA:
O governo agiu rapidamente e conseguiu abafar a CPI Digital. Para amenizar os ânimos e acalmar os interesses, foi estimulada a criação da CPI da Saúde. Pronto. Tudo resolvido e nenhuma CPI foi até o fim. À frente da CPI Digital, estava o deputado Cabo Patrício (PT) que requereu dez itens que constavam na pauta, entre eles, as solicitações de toda a documentação do projeto para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal.
Com a finalidade de apurar de forma mais aprofundada os fatos, a CPI Digital contou, na primeira reunião ordinária, com a participação de apenas três membros: Cabo Patrício (PT), Brunelli (DEM) e Batista das Cooperativas (PRP). Curiosamente depois da criação da CPI Digital na terça-feira (08/09/2009) o clima esquentou na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Oito parlamentares decidiram instalar mais uma CPI: a CPI da Saúde. Com assinatura de oito deputados: Cabo Patrício (PT), Erika Kokay (PT), Chico Leite (PT), Paulo Tadeu (PT), Reguffe (PDT), Brunelli (DEM), Batista das Cooperativas (PRP) e Dr. Charles (PTB), a CPI saiu do papel com o encaminhamento do então presidente em exercício da CLDF, Cabo Patrício (PT).
Logo depois, em 27 de novembro de 2009, foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, que catapultou Arruda do Palácio do Buriti, e enterrou a carreira de promissores políticos do DF.
Fonte: Donny Silva/Com informações de Época