Como derrubar uma CPI

Relembre aqui reportagem publicada pela revista Época em 01/12/2009. Ainda bem que os tempos são outros…
COMO DERRUBAR UMA CPI
Segundo Durval Barbosa, o presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente, exigiu vantagens de Arruda para frear comissão de inquérito
MURILO RAMOS
Givaldo Barbosa/ Ag. O Globo

CAIXA DOIS
Prudente disse que dinheiro nas meias (‘por questão de segurança’) era ‘dinheiro não contabilizado’ de campanha

O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente(DEM), filmado ao guardar dinheiro nas meias, teve papel preponderante para barrar a CPI Digital, que investigaria suspeitas de fraudes em contratos milionários do governo José Roberto Arruda com empresas de informática da cidade. É o que disse o ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, em depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal.

Segundo Barbosa, para não iniciar os trabalhos da CPI (chamada de CPI doIzalci Lucas – secretário de Ciência e Tecnologia), Prudente exigiu do governador que o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF) fosse retirado da Central de Compras do governo e passasse a fazer suas compras e licitações diretamente. “Com isso, Leonardo Prudente tem mais facilidade de contratar com o Detran/DF da melhor forma para favorecer suas empresas”, afirmou Barbosa. Ainda de acordo com o ex-secretário, o Detran já contratou ou contratará uma empresa de Leonardo Prudente, possivelmente a G6, “para prestar serviço de vigilância armada e monitoramento no mesmo contrato”. A reportagem não conseguiu entrevistar Prudente.

A CPI Digital foi criada depois que ÉPOCA publicou, no fim de maio, reportagem sobre esquemas de favorecimento em contratos com empresas acusadas de irregularidades, desde o governo de Joaquim Roriz. Relatório produzido pela Controladoria Geral da União (CGU) revelava que empresas beneficiadas pelo governo fizeram doações para a campanha do secretário de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, Izalci Lucas. A CPI foi instalada, mas líderes dos partidos, inclusive do DEM, decidiram retirar os integrantes da comissão.

 

 

 

COMENTÁRIO DE DONNY SILVA:

O governo  agiu rapidamente e conseguiu abafar a CPI Digital. Para amenizar os ânimos e acalmar os interesses, foi estimulada a criação da CPI da Saúde. Pronto. Tudo resolvido e nenhuma CPI foi até o fim. À frente da CPI Digital, estava  o deputado Cabo Patrício (PT) que  requereu dez itens que constavam na pauta, entre eles, as solicitações de toda a documentação do projeto para a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Distrito Federal.

Com a finalidade de apurar de forma mais aprofundada os fatos, a CPI Digital contou, na primeira reunião ordinária,  com a participação de apenas  três membros: Cabo Patrício (PT), Brunelli (DEM) e Batista das Cooperativas (PRP). Curiosamente depois da criação da CPI Digital na terça-feira (08/09/2009) o clima esquentou na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Oito parlamentares decidiram instalar mais uma CPI:  a CPI da Saúde. Com assinatura de oito deputados: Cabo Patrício (PT), Erika Kokay (PT), Chico Leite (PT), Paulo Tadeu (PT), Reguffe (PDT), Brunelli (DEM), Batista das Cooperativas (PRP) e Dr. Charles (PTB), a CPI saiu do papel com o encaminhamento do então presidente em exercício da CLDF, Cabo Patrício (PT). 

Logo depois, em 27 de novembro de 2009, foi deflagrada a Operação Caixa de Pandora, que catapultou Arruda do Palácio do Buriti, e enterrou a carreira de promissores políticos do DF.

 

 

 

 

 

Fonte: Donny Silva/Com informações de Época

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