Declarações de Frejat embaralham jogo da oposição para disputar o Buriti

Declarações de Frejat em cobrança de acordo político viram justificativa para aliados anunciarem intenção de disputar candidatura própria. O momento é de rompimento entre antigos aliados que surgiram dos governos Roriz e Arruda


AM Ana Maria Campos AV Ana Viriato
(foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)
(foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)
O ultimato do ex-deputado Jofran Frejat (PR) a seu grupo político provocou um racha mais forte. O clima era de dispersão, mas quem já estava disposto a embarcar em um voo solo aproveitou a oportunidade para se afastar ainda mais. O ex-secretário de Saúde aparece em primeiro lugar nas pesquisas de opinião que circulam nas mesas de negociações, à frente até do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), com quem disputou e perdeu o segundo turno nas últimas eleições. Ele é também considerado pelos próprios aliados do atual governo o nome mais difícil de ser enfrentado, entre todos que surgiram até o momento no páreo. Motivo: o recall da campanha de 2014 e a bagagem política.

Mesmo com essas condições, Jofran Frejat ainda não se firmou como líder desse grupo político. Ao menos outros três integrantes da frente de oposição a Rollemberg se colocam como candidatos ao Palácio do Buriti. É o caso do ex-distrital Alírio Neto, presidente regional do PTB, que tem o aval do comando de seu partido para entrar na disputa. Roberto Jefferson prometeu dinheiro e apoio para ter um palanque do PTB no Distrito Federal.

O mesmo ocorre com o líder da bancada da bala, deputado Alberto Fraga (DEM/RJ), que tem surfado no discurso da segurança pública, o tema do momento. Ele espera o apoio do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL/DF) para concorrer ao GDF. O deputado Izalci Lucas, hoje presidente do PSDB/DF, também não abre mão de ser cabeça de chapa. Ele tem opções, no PSL e Podemos, para disputar se não conseguir apoio nacional de seu partido.

Acordo

Em entrevista ao programa CB.Poder, Frejat cobrou desses companheiros o cumprimento de um acordo, fechaddo em meados do ano passado, de que o líder nas pesquisas seria o representante desse grupo, que se originou de governos anteriores, de José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz. Ele também ressaltou que não pretende dividir o eventual futuro governo, especialmente com indicações políticas na saúde, segurança e educação, tampouco aceitará qualquer vice.

Essa posição dificulta uma acomodação de forças. Outro complicador é o MDB. Entre os integrantes dessa mesa está o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, que comanda o MDB/DF, partido com mais tempo de televisão e estrutura no país. Ele tem tentado costurar um acordo que contemple todos. Mas esse é um trabalho que leva tempo e pode ser inviável.

O emedebista não vai concorrer ao GDF, disputará um mandato de deputado federal, mas, pelo que oferece na campanha, não abre mão de indicar o vice na chapa. Entre as suas opções está o deputado Rôney Nemer, presidente regional do PP. Mas Frejat não quer tê-lo como segundo na chapa, alguém que poderá substituí-lo no poder, porque o parlamentar responde a processos e tem condenações na Operação Caixa de Pandora. Representaria um ponto fraco a ser explorado pelos adversários na campanha.

Com a repercussão pela divisão que ficou evidente nesta semana, Filippelli disse considerar que o momento é de reflexão e debate dentro do grupo. Ele afirma acreditar que, se conseguirem sobreviver aos conflitos internos, poderão lançar uma candidatura forte o suficiente para enfrentar a reeleição de Rollemberg. “Entendo que nós devemos ter consciência absoluta que somente a união pode nos levar a um projeto vitorioso”, aposta.

Insatisfação

Mas nem todos os aliados receberam as declarações de Frejat com tom diplomático. Cada vez mais distante do grupo e defendendo o próprio nome à disputa ao Buriti, Alírio disse que, se sentiu ofendido com as declarações do ex-secretário de Saúde. E afirmou: “Frejat implodiu pontes”.

Alírio reclama da aproximação com o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e com o senador Cristovam Buarque (PPS/DF). “Ele foi convidado pelo Cristovam e pelo Joe para sair ao Senado. É um direito dele, se ele quiser ir pro outro lado. Ele pode ficar à vontade. Assim como ele tem direito de ser candidato eu também tenho”, disparou. Consolida, assim, um desembarque esperado.

Em entrevista ao Correio, Fraga também criticou a aproximação de Frejat com a centro-esquerda. Ele se recusa a conversar com um grupo composto por antigos adversários políticos.

Izalci pensa diferente. Devido à troca de farpas no grupo, ele acredita que haverá mais candidaturas do que o inicialmente previsto. “A composição acabou desconstruída. A radicalização de algumas pessoas que não concorrerão às majoritárias, mas querem controlar o processo, prejudicou o acordo. É o caso de Filippelli, que impôs a indicação do vice-governador por conta do tempo de tevê e da estrutura do MDB e de Arruda”, opinou.

O tucano acrescentou que, hoje, está mais alinhado à possibilidade de uma aliança com Jofran Frejat e o grupo de Cristovam Buarque e Joe. “Conversamos desde o princípio. Acredito que seria uma boa composição. Falei algumas vezes que minha chapa dos sonhos teria Frejat e Cristovam como candidatos ao Senado. Mas ainda há muitas conversas e articulações pela frente”, complementou.

Frente ampla

Joe Valle confirma que tenta construir uma frente de centro-esquerda. Disse que conversa com Frejat, mas tem como aliados mais próximos representantes do PSD, PCdoB, PPL e PPS. “Ainda falta tempo para definições”, resume.
O problema desse grupo também é a divisão. O gesto do PPS do último fim de semana pegou o meio político de surpresa, com o lançamento da pré-candidatura do ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo ao GDF. Com essa posição, o partido, que já tem o senador Cristovam Buarque, passa a reivindicar duas das quatro principais vagas numa composição para formação de uma chapa.

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