Diabetes pode acarretar cegueira

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No Dia Mundial do Diabetes, é necessário alertar aos portadores da doença, que muitas vezes se preocupam com os males causados pelo açúcar e sedentarismo, mas desconhecem os danos irreversíveis à saúde dos olhos.
O Dia Mundial do Diabetes é celebrado no dia 14 de novembro, e ao contrário do que muitos pensam o açúcar e o sedentarismo não são os únicos inimigos da patologia. Entre os principais riscos oferecidos pela diabetes está a saúde dos olhos, pois ela afeta a retina, acarretando outras doenças como a retinopatia diabética e o edema macular, e caso não sejam tratados a tempo, podem levar a cegueira irreversível.
Baseado em dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF), mais de 400 milhões de pessoas portam a doença em todo o mundo, e grande parte vive em países em desenvolvimento. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui cerca de 14 milhões de pessoas com diabetes e surgem 500 novos casos por dia. Entre os portadores de diabetes, 40% sofrem de alterações oftalmológicas, diz a Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
Segundo o especialista em retina e vítreo da Oftalmed – Hospital da Visão, Dr. Sebastião Ferreira Neto, a falta de informação é um grande problema. “Ao receber o diagnóstico do diabetes, muitas pessoas deixam de procurar um oftalmologista. Um número expressivo só procura um especialista quando o problema na visão está em uma fase crítica e a saúde dos olhos bem comprometida. Infelizmente, mesmo com todas as campanhas e acesso à informação, um número pequeno procura um especialista em retina assim que descobre ser portador do diabetes”, conta.
Ele explica que quanto mais tempo o paciente for portador da afecção e piores forem os níveis de glicose, maiores serão as chances de desenvolver problemas oftalmológicos. “Podem surgir danos nas paredes dos vasos sanguíneos da retina que levam ao “inchaço” do tecido retiniano e surgimento de vasos anormais e frágeis, a proliferação dos vasos anormais pode ocasionar hemorragias dentro do olho, descolamento da retina, glaucoma grave e até cegueira”, conclui.
Prevenção
Contudo, independente do tempo de diagnóstico do diabetes, é fundamental que o exame oftalmológico seja periódico, pois a avaliação criteriosa e o diagnóstico precoce das alterações oculares pode prevenir e evitar que a visão seja prejudicada. Hoje, a tecnologia avançada é uma grande aliada, a retinografia colorida e a angioretinografia fluorescente são os exames de escolha para a avaliação do sistema circulatório retiniano e para o diagnóstico de vasos anormais, “inchaços”, presença de áreas isquêmicas (sofrimento profundo do tecido por déficit de oxigenação) e infartos retinianos (morte do tecido).
“Hoje temos tecnologia que agrega eficiência nos exames e resultados. É um equipamento com maior resolução para exames na retina, é a tomografia de coerência óptica de máculas (OCT). Com esse exame é possível que o médico veja alterações na retina, na coróide (camada que fica atrás da retina) e até mesmo no nervo ótico com maior nitidez. Pontinhos que antes apareciam nos testes como borrões e manchas agora podem ser observados com maior detalhe. Assim, alterações que mais tarde poderiam ser agravadas começam a ser tratadas mais cedo”, explica o médico.
Dr. Sebastião comenta que o OCT está sendo usado cada vez mais no acompanhamento da retinopatia diabética e seus edemas maculares – inchaços da região central da visão, pois permite o estudo das camadas da retina, qualificação e quantificação do acometimento do olho.
Tratamento
Existem diversos tratamentos disponíveis, conforme o estágio da retinopatia diabética: fotocoagulação a laser, terapias intravítreas antiangiogênicas e anti-inflamatórias, além de cirurgias vitreoretinianas. Os tratamentos podem ser isolados ou combinados, dependendo da gravidade do caso. “Estamos obtendo resultados positivos em tratamento que agregam o uso do laser a aplicação de drogas antiangiogênicas. Quanto mais a retina estiver afetada, mais difícil será reverter o quadro. Mas é possível. Há casos de pessoas que perderam por exemplo 90% da visão e com tratamentos a laser conseguiram recuperar grande parte da capacidade visual”, conta.
Dr. Sebastião pontua a importância de procurar o oftalmologista mesmo que a pessoa esteja com a visão normal. “O ideal é procurar orientação médica no início para prevenir e até evitar alguma complicação nos olhos. Mesmo que o paciente não tenha absolutamente nada, não esteja com a visão comprometida é importante que ele vá periodicamente ao oftalmologista, nem que seja uma vez por ano, para se submeter à avaliação médica e alguns exames como mapeamento da retina, angiografia e ecografia. Assim ele evitará grandes transtornos”, finaliza.

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