Confira o que informa reportagem de O Antagonista que acaba de ser publicada:
“Enquanto Bolsonaro vacila em se entregar à agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, hesita em fazer alianças partidárias, embarca em guerras ideológicas e refuta agenda com empresários, lá está Doria para fazer tudo ao contrário. O governador, por exemplo, estruturou um amplo programa de privatizações e concessões. Ele também montou um governo com espaço para a maioria dos partidos — Centrão, inclusive. Se Bolsonaro incentiva manifestações a seu favor, Doria as critica. Se há contingenciamento de recursos nas universidades federais, Doria diz que nas paulistas isso não ocorrerá. Se o presidente se irrita com o vice Hamilton Mourão, o governador se aproxima dele. E, enquanto Bolsonaro vive às turras com seu partido, o PSL, Doria passa a partir desta sexta-feira a ser o dono absoluto e inconteste de sua legenda, o PSDB. Para que o partido se adapte ao seu projeto presidencial, ele tentará virar a social-democracia tucana pelo avesso.”
A reportagem assinada por Caio Junqueira e Igor Gadelha destrincha todos os movimentos dos bastidores do tucanato.
A consolidação do poder interno de Doria não começou a ser construída agora.
Já vem de algum tempo, teve altos e baixos, desavenças, intrigas, mas acabou prevalecendo.
Até a chamada “velha guarda” tucana, que antes era composta praticamente só por desafetos de Doria, já começa a aceitar a nova realidade.
Confira no trecho a seguir:
“Fernando Henrique Cardoso, que sempre fez previsões pessimistas quanto à capacidade de ele ganhar uma eleição (Doria, ao contrário do previsto, ganhou duas, em sequência), hoje o apoia. Costumam trocar mensagens pelo WhatsApp. O senador José Serra se aproximou após o governador nomear seu aliado, Aloysio Nunes Ferreira, para um cargo no primeiro escalão do governo de São Paulo (ele teve de deixar o posto após ser envolvido na Lava Jato). Atualmente, conversam com frequência.”
As movimentações dentro do ninho tucano não dizem respeito apenas ao PSDB.
A ascensão de Doria como um postulante à sucessão de Bolsonaro é uma notícia das mais relevantes na política brasileira.
Isso pode embaralhar o jogo eleitoral de 2022 — especialmente mais à direita.
Doria conseguirá se firmar como uma real alternativa a Bolsonaro?