CAIXA DE PANDORA Durval acusa Nemer de receber propina

 

 

O delator da Operação Caixa de Pandora, Durval Barbosa, voltou a encarar um dos políticos que acusa de receber dinheiro em troca de apoio político. Dessa vez, o encontro, na 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, foi com o deputado distrital Rôney Nemer (PMDB), acusado de receber mesada paga por integrantes do Governo do Distrito Federal. O peemedebista negou qualquer envolvimento nas denúncias, mas Durval voltou a confirmar a participação dele no esquema. Os dois se sentaram frente a frente durante a audiência conduzida pelo juiz Álvaro Ciarlini. Logo que chegaram no prédio do Tribunal de Justiça do DF e Territórios, houve um cumprimento formal. …

Nemer foi ouvido na condição de réu. O deputado está com os bens bloqueados desde novembro de 2010, a pedido dos promotores de Justiça do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (Ncoc) do Ministério Público do DF, autores da ação de improbidade administrativa a que o político do PMDB responde. Se for condenado, Nemer terá de ressarcir os cofres públicos no montante de até R$ 2,8 milhões e ficará inelegível. Também perderá a vaga na Câmara Legislativa.

Ciarlini é responsável por todas as ações cíveis da Pandora envolvendo parlamentares e já condenou dois ex-deputados pelo envolvimento no escândalo: Eurides Brito (PMDB) e Júnior Brunelli (sem partido). A situação de Nemer, no entanto, é diferente de outros integrantes da base de apoio do governo Arruda. Contra Eurides, Brunelli, o ex-presidente da Câmara Leonardo Prudente (sem partido) e a hoje deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), há vídeos com flagrantes da entrega de dinheiro, além do próprio depoimento de Durval, que assume as transferências de recursos ilícitos, desviados de contratos de informática.

Nemer foi incluído na ação — e na denúncia da Procuradoria Geral da República em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) — porque teve o nome citado numa conversa entre Durval, José Roberto Arruda e José Geraldo Maciel, então chefe da Casa Civil. O diálogo foi interceptado pela Polícia Federal por meio de uma escuta ambiental autorizada pela Justiça. O gravador foi instalado no corpo do delator.

Na audiência de ontem, Durval disse que nunca entregou dinheiro diretamente a Nemer. Ressaltou que o envolvimento do distrital do PMDB com a propina causou-lhe surpresa, uma vez que tinha dele boas referências. “Sempre o tive como exemplo de seriedade, de lealdade e de religiosidade.”

Mortal
O delator, no entanto, não livrou Nemer das denúncias. “A ambiental é mortal”, apontou, referindo-se à conversa ocorrida em setembro de 2009, na Residência Oficial de Águas Claras. Os advogados de Arruda sustentam que a gravação é inválida porque houve uma falha no equipamento. Dessa forma, tentam invalidar a prova incluída também na Ação Penal nº 707.

O diálogo é iniciado com a seguinte pergunta de Arruda, dirigida a Maciel: “Aquela despesa mensal sua com políticos tá em quanto?”. Durante a audiência, Ciarlini pediu a Durval que confirmasse se a referência a Rôney na conversa captada seria ao deputado. O delator confirmou. Num dos trechos, Maciel diz que Nemer recebia “30” dele e mais “11 e meio” de Omézio (Pontes, ex-assessor de imprensa do GDF). “Se usaram o meu nome para justificar alguma distribuição, esse dinheiro não chegou a mim”, rebateu o distrital.

Para explicar a participação de Nemer no esquema, Durval contou que o deputado apoiou a candidatura à reeleição da tucana Maria de Lourdes Abadia ao Palácio do Buriti em 2006 e, até o início do governo, era adversário de Arruda. Depois de um acordo, no entanto, os dois políticos se aproximaram. Nemer passou a integrar a base de apoio. No fim de 2008, o então deputado Tadeu Filippelli (PMDB), líder do grupo político de Nemer, também aderiu ao governo e indicou a diretoria da Novacap. A partir daí, a aliança do PMDB com o DEM se tornou completa.

Como principal testemunha nas ações da Pandora, Durval tem prestado depoimentos nas instruções dos processos em tramitação no TJDFT. A próxima audiência foi marcada para 16 de outubro e deve reunir Durval e Arruda, além da deputada Jaqueline Roriz e o conselheiro Domingos Lamoglia, do Tribunal de Contas do DF.

R$ 2,8 milhões

Valor que Rôney Nemer terá de devolver ao GDF se for condenado

Por Ana Maria Ca,pos e Arthur Paganini

 

Fonte: Jornal Correio Braziliense / Blog do Sombra

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