Economia pós-coronavírus pode deteriorar se governo não retomar o esforço fiscal

O governo tem aprovado pacotes e medidas de estímulo à economia no combate à crise instalada pela pandemia do coronavírus. Apesar disso, se as expectativas se voltarem para a incapacidade do governo em cumprir com as obrigações fiscais no longo prazo, a desconfiança do mercado pode deteriorar a economia.

Segundo a professora de Economia e coordenadora do Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica da FECAP, Nadja Heiderich, a situação fiscal do Brasil é delicada e ainda existem reformas estruturais a fazer.

“Com a decretação da calamidade pública, o governo pode solicitar ao congresso a aprovação de créditos extraordinários para financiar a expansão dos gastos públicos, sem alterar a regra do teto de gastos. Mas deve ficar claro que essas despesas adicionais são temporárias e que haverá esforço fiscal depois de passada a crise”, diz.

É difícil projetar o cenário econômico, uma vez que, devido ao desconhecimento quanto ao comportamento do coronavírus, não se sabe ao certo quanto tempo devemos ficar em quarentena ou isolamento.

Segundo a especialista, a pandemia deve trazer redução do consumo, elevação da taxa de desemprego, falência de empresas e aumento da inadimplência, além de ocorrências pontuais de saques e aumento de roubos.

“As chances de entrarmos em recessão são grandes, devido à paralisação no consumo e na produção. Entretanto, o Governo Federal vem adotando medidas para minimizar os impactos recessivos desta pandemia, ainda que menores em comparação a países que adotaram pacotes proporcionais a seus PIBs. O Banco Central também vem fazendo esforço para injetar liquidez no mercado por meio de medidas que liberam R$ 1,2 trilhão para a economia, como, por exemplo, a redução dos depósitos compulsórios”, diz.

Ela cita outras medidas de estímulo positivo, como o pagamento de R$ 600,00 a informais; a antecipação do 13° de aposentados e pensionistas; adiamento do recolhimento ao FGTS e pagamento dos simples nacional por 3 meses; reforço do Bolsa Família em R$ 3,1 bilhões; novos saques no FGTS em R$ 21,5 bilhões; crédito a pequenas e microempresas para capital de giro em 5 bilhões, e R$ 40 bilhões em crédito para pagamento de folha de salários por dois meses.

O mundo estava em desaquecimento da economia e a pandemia deve acelerar este processo. Mas é possível que, passado o surto da epidemia, possamos nos recuperar mais rapidamente do que os países desenvolvidos.

No caso do Brasil, apesar da fragilidade das micro e pequenas empresas, que ainda estão em processo de recuperação da grande crise de 2015, os indicadores macroeconômicos começavam a apontar uma recuperação, com inflação baixa, redução da taxa de desemprego, aumento do consumo das famílias e do investimento das empresas.

“Tudo depende da eficácia do pacote do governo e de quanto tempo dure a quarentena, bem como da capacidade de o Sistema de Saúde suportar o pico do surto sem colapsar. Quanto mais tempo em quarentena, maiores serão os impactos na economia sobre a capacidade das empresas se manterem e consequentemente, sobre o emprego”, opina.

Por fim, Nadja acredita que governo deve se certificar de que o pacote de medidas chegue, de fato, a quem mais precisa. “Um grande problema são as incertezas, os agentes econômicos não conseguem tomar decisões racionais, caso não consigam atribuir o grau de risco para cada ação. A informação deve ser clara por parte das autoridades, para que as expectativas possam ser revistas de maneira adequada”, declara.


Sobre a FECAP
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