Em entrevista ao Jornal da Comunidade, deputado Wellington Luiz solta o verbo contra o governo de Rollemberg

Um governo com a cara de Agnelo

 

O deputado distrital Wellington Luiz (PMDB) diz que reclamar do governo anterior sempre vai acontecer por quem assumiu o governo atual, porque quando se chega ao Executivo se assume o compromisso com o ônus e com o bônus
DÉCIO PAES LEME
dpaes@grupocomunidade.com.br
wellingtonLuiz:ComujidadeHá cinco meses que o governo de Rodrigo Rollemberg tem trabalhado em cima de problemas e falta de dinheiro, o principal deles. Mas é o risco de calote aos credores que está tirando o sono de muita gente. Os credores temem por sua sorte e Wellington Luiz não descarta essa possibilidade, que pode levar ao fechamento de empresas e trazer mais desemprego para o Distrito Federal.

Como o senhor vê a crise financeira deixada pelo governo passado para esta gestão?
Eu fiz duras críticas a algumas ações que foram feitas no governo passado, independentemente de ações partidárias. Existe a dívida e o problema. Porém, a impressão que temos é de que não é do tamanho que o atual governo tem alegado. Reclamar do governo anterior, sempre quem estiver no poder vai fazer. Mas, quando se chega ao governo se assume com ônus e com bônus.

O atual governo já sabia do problema do DF desde a época das eleições. O senhor acha que agora ele está fugindo dos compromissos?
Com certeza. A atual gestão já sabia do atual momento desde as eleições. Isso era claro. Todo mundo tem acesso à informação e sabíamos que atravessávamos um momento complicado. Sabiam o que pegariam caso ganhassem. Quando você se candidata é por livre e espontânea vontade. As dívidas não são do Agnelo, elas são do GDF. Se fosse assim, teríamos de pedir para o Agnelo voltar para o governo para pagar as dívidas e depois sair.

O senhor tem advertido bastante sobre o perigo da dívida. O que o senhor acha que pode acontecer?
Se o governo der o calote, vai dar o calote em Brasília. Porque quando se diminui o setor produtivo, se aumenta o desemprego, se reduz o recolhimento de impostos. Assim, teremos o caos na capital da República. O governo deve pensar bem, porque quem produz as riquezas é exatamente o setor produtivo. Fico confortável para falar isso porque não sou empresário. Se a intenção é dar o calote, o governo não dará um tiro no pé mas, sim, na própria cabeça.

O senhor acredita que o governo pode se prevalecer do Decreto nº 36.359/2015 para não pagar as dívidas?
Se o governo não tivesse essa intenção, ele não teria reeditado este decreto. Então com essa atitude, desculpe-me por dizer, mas alguma intenção tinha. E o governo já até chamou a imprensa para anunciar a programação de pagamentos de dívidas, mas não o fez. Pelo contrário, anunciou uma outra coisa: mais um pacote da maldade. Então, eu entendo que existe, sim, esta possibilidade e podem se prevalecer do decreto.

Se houver calote, como o senhor pensa que ficará a vida dos empresários e de outros credores?
Embora não tenha sido feito nenhum estudo apurado, falando por baixo, com certeza 70% dessa massa corre o risco de quebrar. Ou seja, temos aqui um problema muito sério que é a possibilidade do governo não pagar e os empresários não terem condições de continuar os seus negócios e acabarem quebrando. Assim, vai gerar um desemprego histórico na capital federal

Qual será a alternativa dos empresários para tentar receber parte da dívida? O senhor já disse que pode mostrar a solução do problema. Qual a solução?
De fato, nós temos sim. Temos a criação de um fundo privado que pode vir a resolver. O Governo do Distrito Federal não vai gastar dinheiro com isso. Serão atraídos investidores que receberão futuramente e os empresários receberão o dinheiro imediatamente ou parcelado. Mas de uma forma que eles consigam dar continuidade às suas atividades. Então, vamos apresentar esse fundo oficialmente, a partir da próxima semana. Segunda-feira, às 15h, teremos uma reunião com os empresários de Brasília, com a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão. Existe um grupo de deputados que está apresentando isso como alternativa.

O senhor falaria que o Governo do Distrito Federal está quebrado?
Está passando por um momento difícil, mas não quebrado. Até porque, se você analisar, várias medidas foram feitas no início do governo. A dívida não foi paga. Porém, dinheiro entrou porque pagamos nossos impostos como IPVA e outros. Não dá pra entender. Eu continuo sendo rigoroso na cobrança. Com tudo que foi feito, com o pacote de maldade que foi aprovado na Câmara, o governo continua dizendo que está à beira da falência. Então necessitamos de uma intervenção federal. Se não for feita a intervenção, no mínimo deve ser instalada uma CPI das dívidas públicas para entendermos o que, de fato, está acontecendo. Eu acho que até hoje não houve clareza do atual governo em relação às contas e o que realmente o Distrito Federal deve.

Para o senhor essa crise financeira enfrentada pelo governo do DF causa uma insegurança na população?
Causa, sim. E ela é turbinada por essa instabilidade gerada pelo próprio governo. Porque quando o governo vai para televisão, um secretário vai pra televisão e diz que há possibilidade de exonerar servidores públicos, coisa que nunca aconteceu na história de Brasília. É porque na visão deles, a situação está muito ruim. Eu acho que estão colocando o bode na sala para desviar o foco, essa é a impressão que passa.

O que o senhor sugere que seja feito para que não haja o calote e não se protele o pagamento dos credores até o fim do mandato? Existe algo que o governo possa fazer, mas ainda não tentou?
Existem várias coisas. O governo deve ter criatividade, principalmente quando vive momentos de crise como nós vivemos hoje. Eu já fui secretário de Regularização de Condomínios. Acho que se nós desburocratizarmos e investirmos na regularização de condomínios, serão aproximadamente 600 pessoas que passarão a pagar impostos. Não pagam porque vivem em áreas irregulares. Se isso for feito, vai gerar uma arrecadação que não será necessário o aumento de nenhum imposto. Diria pra você que até poderíamos pensar em reduzi- los. Outra alternativa é a que vamos apresentar na segunda- feira na Câmara Legislativa. Então, há formas de aumentar a arrecadação sem sacrificar aqueles que não têm culpa. O governo passado errou, mas volto a dizer: a crise não é do tamanho que está sendo anunciado, e quem pagou a conta foi o povo de Brasília. Agora, com essas propostas do governo, quem vai pagar a conta de novo será a população. Essa é a única alternativa da atual gestão de cobrar mais e mais, tanto da população quanto do setor produtivo, que vai acabar virando um caos no DF.

O que mais ainda pode acontecer?
O grande empresário já começa a querer deixar Brasília com o aumento da carga tributária, e a população é que vai ficar com o desemprego e a dívida. Já vemos moradores de Brasília que estão indo morar no Entorno. O governo deve ouvir mais a população, ouvir mais o parlamento e dividir essa responsabilidade. Volto a dizer: o maior problema no atual governo é a falta de clareza nas informações. Já vi um secretário desmentir outro na televisão, falando que não existe a possibilidade de demissão. Eu respeito muito o governo Rodrigo Rollemberg, mas acho que ele deve escolher quem é o seu porta-voz. Porque a impressão que passa é que todo mundo responde pelo governo.

O senhor acha que o governo está perdido?
Eu te diria que ele não começou ainda. E dentro do pouco que já fez, está totalmente perdido. Isso traz uma angústia muito grande.

O senhor afirmou que o governo anterior cometeu erros e quem pagou foi a população. Então, podemos fazer uma comparação entre o governo passado e o atual?
Acho que o erro do atual governo é até mais grave. Por exemplo, o governo informa que vai parcelar as dívidas em 30 vezes, a partir do ano que vem. Na verdade isso é um calote. Então, a atual gestão não está sendo sensível à situação dos empresários. Este governo anuncia mexer na aposentadoria dos servidores públicos, anuncia demitir funcionários públicos. Mesmo depois de todas as medidas que tomaram, em cinco meses não temos nenhum serviço público de qualidade. Resumindo: faltam clareza, transparência e gestão.

 

 

 

Fonte: Jornal da Comunidade

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