FALSO PROCURADOR DE FILHA DE SERRA TEM FILIAÇÃO AO PT

ELEIÇÕES 2010
Falso procurador de filha de Serra tem filiação ao PT

O contador Antonio Carlos Atella Ferreira era filiado ao PT quando usou uma procuração falsa para retirar na Receita Federal dados sigilosos de Veronica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra.O Tribunal Regional Eleitoral informou ontem que ele se filiou ao PT de Mauá, no ABC paulista, em outubro de 2003, mas não confirmou se ele ainda é ligado ao partido.Segundo o tribunal, consta uma anotação, de novembro de 2009, apontando “exclusão” do nome dele do cadastro de eleitores. Isso não significa necessariamente que ele deixou de ser filiado. Pode ter havido conflito de documentos ou mudança de domicílio eleitoral.

A quebra de sigilo de Veronica foi em 30 de setembro, dois meses antes. O PT paulista informou que está fazendo uma varredura no cadastro de filiados. O presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, afirmou não reconhece a filiação do falso procurador. Ele disse ainda que, se a ligação de Atella com o partido for confirmada, não “muda nada”, porque ele não tem participação ativa no PT.

“Eu acho essa história muito estranha. Não vou ficar fazendo ilações. Ninguém o conhece no partido.” À noite, em Joinville, Serra disse que a nova informação reforça suas acusações: “Essa é mais uma prova do envolvimento político do crime que foi cometido contra a minha família. Isso é mais uma prova do envolvimento político, claramente”. Atella negou ter vínculo partidário em duas entrevistas à Folha.Seu cunhado, o oficial de Justiça João Primo, foi fundador do PT de Mauá. A sede do partido no município foi assaltada na quarta-feira. O prefeito Oswaldo Dias é do PT. Seu filho, Leandro, preside o diretório da cidade.

INVESTIGAÇÕES

Ontem, após prestar depoimento à Polícia Federal, Atella afirmou que o material retirado na Receita tinha finalidade política. “Foi guardado para ser apresentado na hora certa, um documento criminoso para ser apresentado numa hora oportuna”, disse à Folha. “Quantos milhões, quantos interesses estão em jogo num único documento?”

A PF ouviu o contador por duas horas. Foi coletado material grafotécnico, mas ele não foi indiciado. A filha de Serra também deve depor.Após o depoimento, o contador disse que “tudo foi dito da mesma maneira” que em suas entrevistas. “O que foi veiculado na mídia é aquilo que é”, disse à Folha.

Ele depôs sem advogado e sem a presença de representante do Ministério Público. Atella tentou se apresentar como vítima de uma “trama criminosa”. “Foi quebrado o sigilo da filha do governador no ano passado. Quem guardou, guardou para apresentar a um mês da eleição?”
Ele se negou a responder se o office boy Ademir Estevam Cabral foi mesmo responsável por lhe pedir os dados, conforme sugeriu na véspera. E voltou a dizer que o pedido pode ter vindo de “Minas, Brasília ou Paraná”. A Polícia Civil paulista instaurou inquérito para apurar os crimes de falsidade ideológica e falsidade documental no caso. A ordem partiu do secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto.

O inquérito deverá ficar pronto em 30 dias, segundo o delegado Marcos Carneiro, diretor do Demacro, que reúne delegacias da Grande São Paulo. É uma forma de pressionar a PF a ser célere. “Vamos acelerar o máximo para colher todos os depoimentos nesse prazo”, disse Carneiro. Informações da Folha.

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