GOIáS |
Filha de secretário é acusada de extorsão |
Núbia Lôbo, de O Popular O Ministério Público (MP) de Goiás está investigando denúncia de extorsão contra a filha do secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga. Aniela Braga estaria cobrando 10% de comissão sobre os recursos liberados pelo governo do Estado para a Associação Renascer da Fé (Renafé), segundo acusação feita pela presidente da entidade, Ivone Francisco dos Santos. Ivone foi ouvida duas vezes pelo MP e mostrou vídeo onde Aniela recebe R$ 4,8 mil, mais três pacotes de dinheiro com valor indeterminado, supostamente frutos da extorsão. Jorcelino Braga disse ontem em entrevista que tomou conhecimento da denúncia dia 22 de janeiro, por meio de telefonema anônimo, e que foi até o MP narrar sua versão dos fatos e pedir apuração. “Se ela fez alguma coisa errada, terá de pagar”, afirmou o secretário. Ele disse que Aniela é fruto de um primeiro relacionamento, a mais velha de seus seis filhos, e que tem pouca convivência com ela (leia abaixo). A mãe de Aniela disse que a filha vai responder às acusações, mas não agora, porque está sofrendo com um caso grave de doença na família. A Renafé é uma entidade filantrópica fundada em 2000 por Ivone para cuidar de crianças em situação de risco e doentes de câncer. Em 2007, Ivone afirma que foi procurada por Aniela que dizia ter condições de ajudar a associação financeiramente porque o pai havia sido nomeado secretário da Fazenda. Aniela promoveu um encontro entre Braga e Ivone. Em seguida, a associação recebeu a visita do então presidente da Celg, Ênio Branco, que liberou R$ 54 mil para a Renafé acertar dívidas. Em 2008, Ivone passou a receber R$ 23.452 por mês de convênio com a Celg, não foi renovado em 2009. Outro convênio, assinado ainda em 2008 com a Secretaria de Saúde, no valor de R$ 248 mil, teve os recursos liberados em meados de 2009. O projeto foi retirado da pauta do Legislativo minutos antes de ser votado. Segundo o site da Assembleia, a matéria foi retirada pelo governo. No vídeo, Ivone diz a Aniela que interpretou a medida do governo como alguma possível retaliação: “Até falei com a doutora: vou sair doida aí, arrumar esse dinheiro emprestado, dar os R$ 4,8 mil pra Aniela, porque às vezes ela tá meio recuando porque faltou esse dinheiro”. Aniela afirma: “Isso aqui tem de conversar é com o dono dos porcos, porque é tudo subalterno. A ordem tem de vir de cima”. Ivone pergunta quem é o “dono dos porcos” e Aniela responde: “Meu pai”. Aniela tenta desconversar, mas Ivone insiste. “Esse da Saúde, por exemplo, deu R$ 24,8 mil (10% do total de R$ 248 mil). Cinco por cento dá R$ 12,4 mil (…) E aí eu vou dar um jeito (…) Quando você falar ‘falei com meu pai, o trem tá organizado’ (…) vou ajeitando aí para você, pagando adiantado”, argumenta Ivone. Aniela responde: “Certo”. Na sequência, Ivone fala para Aniela sobre um outro possível caso de extorsão, desta vez com um suposto dono de entidade filantrópica no interior do Estado que teria R$ 500 mil para receber do Estado. “Nesse caso aí tem de ver, né? Não dá pra cobrar só 10%, não (…) E você sabe, né? Que quando eu ponho a mão na massa o trem sai, né?”, ressalta Aniela. No final, Aniela pega vários bolos de dinheiro que Ivone conta e diz que tem R$ 4,8 mil. Enquanto recebe, promete: “Vou ver se consigo falar com Idelma. O negócio é que tá uma má vontade lá na Saúde que eu vou te contar. O duro é que o negócio lá tem de ser pessoalmente”. Aniela coloca o dinheiro no bolso da frente da calça jeans. Elas continuam conversando, Aniela se levanta, chega mais perto de Ivone, pega o dinheiro do bolso da frente e passa para o bolso de trás. E bate no bolso. Em outro vídeo, Ivone diz: “Vamos combinar. É 10% de tudo que você arrumar pra mim e você vai correr atrás?”. Aniela disse: “Vou. Pode contar comigo”. |