FRAGA: “AGNELO SÓ ARRUMA CASA, É UM GOVERNO DOMÉSTICO”

Ex-deputado federal e presidente do DEM do Distrito Federal afirma que criação do Estado do Planalto Central é ideia de “jerico”, porque o Entorno pertence a Goiás

Sem papas na língua. Essa é a melhor definição para o ex-deputado federal por Brasília João Alberto Fraga Silva (DEM). Ele mira sua metralhadora de crítica principalmente contra o governador Agnelo Queiroz, a quem chama de “Agnulo”, e ao PT em geral. Diz que a imprensa tratou de forma diferente os mensalões dos petistas e do DEM, prejudicando os democratas — “Eu falei para o José Roberto Arruda dizer que o dinheiro era caixa 2, como o PT fez” — e afirma que o governo está pondo em risco a democracia brasileira.

Coronel da Polícia Militar, Alberto Fraga tem militância política de quase 15 anos, com três mandatos de deputado federal e passagem por importantes cargos no governo do DF. Na eleição passada foi candidato ao Senado — teve mais de 500 mil votos, mas não se elegeu.

Volta e meia Fraga se envolve em polêmica, como em 2009, quando a imprensa denunciou que ele pagava sua empregada doméstica com recursos da Câmara e ele disse que não via problema nisso. Nas páginas seguintes, Alberto Fraga solta suas farpas contra adversários e até correligionários. A entrevista foi concedida à repórter Andréia Bahia, na quarta-feira, 8, na sala da presidência do DEM, em Brasília.

O sr. é um dos principais críticos do governador Agnelo Queiroz, do PT, que assumiu após o governo-tampão de Rogério Rosso [que saiu do PMDB para assumir a articulação do PSD no DF] e diz que ainda está arrumando a casa. Qual sua opinião?

Primeiro eu disse que ele é um governo doméstico, com todo respeito às domésticas. Ele só fala em arrumar a casa (risos). Eu não sei se Rogério Rosso deteriorou o governo em seis meses, pois quando eu fazia parte do governo, nós passamos um mandato redondo, com dinheiro em caixa, obras a pleno vapor, todas as ações para beneficiar a população. E agora eles dizem que não têm recursos. Sabe quanto o governo do ‘Agnulo’ tem em caixa? R$ 2 bilhões. Se não fazem é porque são incompetentes ou então estão guardando o dinheiro para descarregar quando chegar a época de eleição. Esse é o modus operandi do Partido dos Trabalhadores. Enganam a população com publicidade. Se você ligar a TV aqui em Brasília vai pensar que a saúde está uma maravilha. Tente agendar uma consulta em qualquer hospital para ver.


Qual é o problema da saúde no DF?


O principal é a falta de gestão.

Brasília recebe recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), que são R$ 7 bilhões. É um Fundo maior do que muito Estado recebe. Qual é o problema?


O Fundo é para custear segurança e secundariamente educação e saúde. Mas para pagar salários e custeio. Nós sabemos que um dos problemas de Brasília, e eu reconheço, é por causa do Entorno do Distrito Federal. Eu fui um dos deputados que mais enviou dinheiro de emendas para o Entorno. Destinei 80% da verba para construir o Hospital de Santo Antônio do Descoberto com emendas parlamentares. O governo tem de dar bom atendimento médico à população do Entorno para que as pessoas não venham buscar atendimento em Brasília. Há 15, 20 anos Brasília tinha uma saúde maravilhosa. Não tinha o Entorno. Criaram o Sistema Único de Saúde (SUS) e você não pode colocar uma porteira na frente dos hospitais, tem que atender todo mundo. Sabe quantos atendimentos são feitos na saúde, e esse número é de quando eu era governo? Chega a 8 milhões.

E qual é a população de Brasília?


São 2 milhões. Eu apresentei um projeto na Câmara, um cartão de compensação. Se a pessoa vem a Brasília, tem direito a atendimento médico do mesmo jeito. Mas quando passa o cartão, o dinheiro que iria para Goiânia, vai para Brasília, pois a pessoa foi atendida aqui. Quase quebraram a Câmara. Os prefeitos tentaram impedir. Isso acontece na maioria dos municípios. Quem mora no Entorno vem buscar atendimento aqui. Os prefeitos da região não constroem hospitais, compram ambulância. Vá para a beira da estrada a qualquer hora e você vai ver a quantidade de ambulâncias vindo para Brasília.

Mas o Entorno não existe por causa de Brasília?


Sim, eu não estou criticando a população do Entorno. Estou dizendo que os governadores de Goiás e de Brasília precisam sentar e resolver essa questão.

Criar o Estado do Planalto seria solução?

Não, o Entorno é de Goiás. Os impostos ficam lá em Goiás, que tem de resolver. Como muita gente trabalha em Brasília, o governo do DF também tem de ajudar, mas a responsabilidade é do governador de Goiás. Tem de sentar com o governador de Brasília e juntos resolverem essa questão.

Por que essa questão do Entorno é sentida em Brasília?

Sim, é. Não tenho dúvida disso. Mas eles ficam empurrando com a barriga, um falando que o problema é do outro. E aí você mora em Brasília, tem o seu atendimento médico, que era referência, ruim, as pessoas começam a querer tratar mal o Entorno. Não. O Entorno está buscando melhorias. É legítimo buscar um melhor atendimento médico. Eu peguei a barra pesada do transporte ia resolver. Fui à ANTT [Agência Nacional de Transporte Terrestre] e pedi a competência. Falei: quero ver se eu não resolvo. Uma passagem custa R$ 4,50; em Brasília, a mais cara, é R$ 3. A pessoa vai pegar um emprego, se mora em Planaltina de Goiás, o empresário faz o cálculo rapidinho, são 9 reais por dia que tem de pagar. Quem mora em Brasília paga 6 reais por dia. Então nós estamos criando classes distintas. Essa ideia da criação do Planalto Central é de jerico, do Francisco Escórcio [deputado federal, PMDB-MA]. Isso é cabeça de minhoca, vai criar um Estado miserável e Brasília continua com a maior renda per capita do Brasil. É preciso fazer distribuição de renda de forma responsável, não com populismo. Tem de criar oportunidade. Se eu colocar uma boa escola em Valparaíso, eles não precisam vir estudar em Brasília.

Mas eles consomem em Brasília, estudam, se alimentam, compram…


Mas a estrutura daqui não suporta. Por isso nosso trânsito está essa bagunça, o sistema viário explodiu. Tivemos que rasgar a cidade quase toda.

Mas Brasília não precisa da mão de obra do Entorno?

Não penso dessa forma. A mão de obra tem que ter aqui na Ceilândia, na região satélite, onde tem pobreza tem mão de obra.

Por que Agnelo Queiroz não tem na Assembleia oposição efetiva?

Porque os deputados não veem dessa forma. Se você foi eleito por um partido de oposição tem de fazê-la. Mas vêm as benesses, os cargos e a pessoa se bandeia para o lado do governo.

Com relação à estrutura da Casa, os deputados ganharam cargos iguais, acabou a divisão. Isso contribuiu para que eles se calassem?

Não tem outra explicação. E como a gente pode conviver com isso? Quando a gente era governo nós enfrentamos oposição raivosa, histérica. Agora que as urnas nos colocaram na oposição eu não vou exercer esse papel? Se fui eleito deputado tenho um excelente salário. Tenho que entender isso. Se eu quero cargos aí é diferente.

Em relação aos democratas o sr. vai exigir desses deputados uma posição mais crítica em relação ao governo?


Já exigi. Inclusive o deputado que não se posicionou de forma crítica no programa eleitoral eu tirei do ar, que foi o Raad (Massouh, DEM). Eu não permiti que ele aparecesse na televisão. A Eliana Pedrosa apareceu.

Eliana Pedrosa está liderando a pequena oposição que existe lá?


Eu não diria liderando porque é bom dizer que a oposição de Brasília é feita por três mulheres, Celina (Leão, PMN), Eliana (Pedrosa, DEM) e Liliane Roriz (PRTB). É bom dizer para os homens tomarem vergonha. Tem deputado aí do PSC, partido do Roriz, que está na base do governo. Que diabo é isso? A população tem que enxergar isso e cobrar.

O sr. acha que a principal ameaça a Agnelo está vindo do próprio PT? Desarticulação do partido? Do Paulo Tadeu?


Não. Dizem que Paulo Tadeu é que está causando toda essa desarmonia. Dizem, eu não sei. Não sou do governo, não posso fazer essa avaliação. Eu não sei até que ponto isso é verdade.

Como o sr. vê essa CPI do transporte? Ela vai investigar o titular da pasta?

O titular da pasta, mas como responsabilidade subjetiva. Responsabilidade subjetiva não se penaliza. O DFTrans tem autonomia administrativa e financeira. Todos os órgãos administrados pelo DFTrans são inerentes ao gestor de lá, que era o diretor presidente. O órgão é vinculado, não subordinado.


Mas estão falando de conivência com o governo.

É mentira. Eles estão inventando uma mentira. Dizer que nós não fizemos nada. Eu coloquei 2.200 ônibus novos. As notas fiscais comprovam isso. Fizemos um levantamento. Tinha frota de idade média de 14 anos. Fizemos a média. Se tínhamos 600 ônibus mandamos colocar 160 ônibus novos, na verdade, substituir os mais velhos. Ora, isso foi óbvio. Está em ata. É que estou deixando falarem o que quiserem. Substituição não é acréscimo de frota. Para fazer acréscimo de frota na lei federal que diz que a frota tem de ter sete anos no máximo de uso eu não preciso fazer licitação pública. Isso é idiotice de algum burro que não sabe o que está falando. De 3.200 ônibus eu coloquei 2.200 novos. Eles queriam dar aumento da passagem eu fui à televisão e desmascarei. Falei tudo o que fizemos e não demos aumento em cinco anos. E eles em seis meses queriam dar. Mas por quê? Porque pegaram dinheiro com os empresários. Pode surgir alguma denúncia. Nós estamos vivendo em um país que não cabe o ônus da prova a quem acusa. Essa é a realidade.

O sr. acha possível o transporte alternativo voltar?

Se voltar é um retrocesso total.

Mas há movimentação nesse sentido?


Há, sei que há. E quem vai fazer essa avaliação é o povo. Eu retirei um transporte alternativo que era responsável por 60% dos acidentes, que não cumpria os itinerários, que não pagava os encargos trabalhistas, que não assinava a carteira dos seus empregados. Se isso é bom para a população e o governo do PT acha que é bom, volte. Tudo que eu fiz na Secretaria de Transportes eu faria de novo. E tudo o que eles estão fazendo é copiando o que fizemos. Eles não fizeram nada de inovação. Quem implantou o ônibus do aeroporto para o setor hoteleiro foi eu, e eles disseram que foram eles. Eu deixei pronto lá no Termo de Ajuste e Conduta 180 dias para implantar o ônibus. A bilhetagem automática, o passe livre foi o nosso governo que implantou.

O sr. acaba de assumir a direção do DEM em Brasília. Como avalia a crise do DEM? O partido vai acabar?


Não acredito que vá acabar. A crise foi muito séria, as imagens que percorreram o Brasil abalariam qualquer partido. Mas escândalos mais fortes aconteceram com o PT, no entanto não houve aquelas cenas. Interessante que aquelas imagens, mesmo sendo anterior ao governo dos democratas, a imprensa noticiava de forma que parecia que aquilo acontecia quando Arruda era governador. Então o que fizeram com o Democratas foi encomendado, preparado para acabar com o partido, que é de oposição e tem desmascarado o governo do PT em vários desvios. Lembremos que o próprio Lula disse que queria extirpar o Democratas. E vou além nessa análise sobre o Democratas, nós perdemos 13 deputados de uma eleição para outra, mas eles foram candidatos ao Senado, 5 vice-governadores, então ninguém foi derrotado na eleição para deputado. E ocorre em todo o País que os partidos pequenos não querem mais coligar com os grandes, por isso não tivemos novos quadros para manter o mesmo número de deputados. No Senado realmente o Democratas sofreu perda consistente, eram 17 ou 18 e só temos agora 5. Se a imprensa tivesse dado a mesma importância ao mensalão do DEM que deu ao do PT, não teríamos sofrido tanto.

O sr. fala de trama encomendada, mas quem encomendou?

Lula, não tenho dúvida. Foi carta marcada, na frase “temos de extirpar o demo”. Somos uma oposição que incomodou ele.

O fato de José Roberto Arruda estar em evidência naquele momento incomodou o PT?

Não vou aqui defender Arruda, mas o governo dele tinha 82% de aprovação e a tendência era aumentar. Tínhamos em Brasília uma eleição superfolgada. O PT não iria existir, estava fora, e de repente acontece aquilo. Tínhamos na nossa base 17 partidos, o PT ia ficar sozinho. As imagens são devastadoras, são fortíssimas. Mas aquela cena dele pegando dinheiro, Arruda era deputado federal, não era governador, e foi passado para o Brasil que ele estava recebendo aquilo como governador. E muitos deputados citados no mensalão do DEM são do PMDB.

Que leitura o sr. faz do mensalão do DEM hoje em Brasília, depois de tudo o que foi apresentado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público?


Isso é existe em todo o Brasil, é lamentável dizer isso. A sociedade tem momentos que é hipócrita. Desafio qualquer político a me dizer que nunca recebeu dinheiro de caixa 2. Pode aparecer diante das câmaras da TV. Isso é impossível. Por isso defendo financiamento público de campanha.

O sr. recebeu dinheiro de caixa 2?


Minhas campanhas sempre foram humildes. Por ter sido presidente da Frente do Não (ao desarmamento, em 2006), as doações que recebi foram da Tauros, da CBC, da indústria bélica. Foram campanhas muito baratas, a primeira com R$ 18 mil, a segunda com R$ 80 e pouco mil e a terceira com R$ 427 mil. Agora gastei menos de R$ 1 milhão para senador. Nunca tive aproximação com empresários para fazer doação, mas se alguém chegar com R$ 100 mil ou R$ 200 mil para doar dizendo que não pode aparecer, eu iria negar? Aí é muita hipocrisia. Nunca peguei, mas nesse caso eu iria rejeitar? Não faz sentido. Mas a população prefere engolir isso. Quando Lula falou (que o mensalão do PT era dinheiro de caixa 2), a imprensa engoliu calada, ficou quieta achou engraçado. A deputada Jaqueline Roriz (PMN) acabou de dizer que era caixa 2. Foi o que eu falei para o Arruda, para ir à TV e dizer que era dinheiro de caixa 2. Mas ele ficou calado, quem cala consente.

Financiamento público acaba com o caixa 2?


Pelo menos diminuiria bastante. Tem gente que surge como candidato sem ter nenhuma condição de disputar contra empresários poderosos, ricos. Por isso foi um avanço quando proibiram cartazes em postes. Aquilo beneficiou os candidatos pobres. E eu me incluo entre esses.

Arruda ficou isolado pelo DEM, que temeu se contaminar com o escândalo?


Foi um grande equívoco. O DEM nacional não precisaria ter se metido numa questão regional e os problemas seriam resolvidos. Aliás, todos os partidos tiveram problemas o DEM resolveu cortar na própria carne. Adiantou alguma coisa? Qual o mensalão mais conhecido hoje? O PT, que se diz paladino da moral, nunca cortou na própria carne. Está aí Palocci (PT-SP, ex-ministro da Casa Civil que caiu na quarta-feira, 8, por suspeito de enriquecimento ilícito) e tantos outros. João Paulo Cunha (PT-SP), provado que pegou dinheiro, foi promovido, é presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara dos Deputados). Delúbio foi reintegrado às fileiras do PT. O DEM não, o DEM agiu. Na época eu disse isso, que não precisávamos concordar com o que estava sendo apresentado, mas que também não tínhamos de ser a palmatória do mundo. Perdemos o governador. O Democratas foi ao fundo do poço. Em certo sentido, é melhor ficar no fundo do poço, porque qualquer coisa que se fizer se sai de lá, a tendência é melhorar. Temos de enfrentar as nossas dificuldades, mas o Democratas tem muito mais moral do que qualquer outro partido para cobrar nesses casos de escândalos.

Qual o futuro do Democratas?

Continuar como oposição. Somos um partido conservador e aí os críticos dizem que somos de direita. Certo é que não somos de esquerda. Temos nossas ideias.


Quais são as bandeiras do DEM?

Família, somos contra casamento de homossexuais. Queremos segurança pública de qualidade, educação. São bandeiras que mantêm os valores tradicionais, da sociedade, que aprendemos há 20 anos e que hoje estão se perdendo.


Incomoda o rótulo de direita?

A mim não. Mas outras pessoas se sentem incomodadas, acham ruim. Digo que sou de direita, o que não quer dizer que seja retrógrado. Se ser de direita é não aceitar mulher beijando mulher na boca em local público, então eu sou de direita; se é não permitir que homem case com homem, então sou de direita; se é não permitir que meu filho aprenda na escola que beijar um amiguinho na boca não tem problema, então sou de direita, aliás, sou de direitíssima. São valores a que a sociedade está dando respostas. Não é à-toa que esse governo está querendo deteriorar os valores da família, e os partidos, mesmo da base, estão começando a entender o que ele está fazendo. Se ser de direita é ser contra PL 122, que diz que se uma mulher entrar com outra querendo se casar e o padre se negar a fazer o casamento, ele pode pegar até cinco anos de cadeia, então sou de direita. A população não sabe disso, a imprensa não divulga. Isso é hipocrisia, cretinice desses vagabundos que se instalaram no poder e estão transformando o País numa anarquia.

Fusão com o PSDB é uma alternativa para o DEM?

No momento não temos que falar em fusão. Temos é que pensar nas eleições municipais. Depois esse assunto poderá ser discutido. Eu sou contra fusão. Se temos três frentes de oposição, porque vamos reduzir para apenas uma. Na TV só teríamos um tempo. O Democratas perdeu 11 deputados e um senador. Vamos continuar. O PT quando surgiu não tinha ninguém. O pessoal faz oposição com três deputados.


O DEM está conseguindo fazer oposição?


Sim, a derrubada do Palocci, a vitória do Código Florestal foram coisas da oposição.


Quem é a imagem da oposição?

Para a imprensa é o PSDB, mas no Congresso se sabe que é o DEM. Se perguntar ao PT quem é oposição, ele vai dizer que é o DEM.


Mas quem personaliza a oposição? Senador Demóstenes Torres (DEM) disse que Itamar sinaliza isso…

Hoje eu coloco o Aécio Neves (PSDB-MG). O futuro tem de ser com ele. E o PT já começou a se preocupar, porque é o estilo deles fazer sombra, criar problemas para quem surge. O PT está fazendo isso com Aécio, num estilo covarde de fazer política. Itamar Franco é do PPS, oposição também. O que não pode na política e o que eu odeio é ser vaca de presépio. É isso que a população brasileira ainda não percebeu. Você ter um Congresso com 513 deputados e apenas 105, se não me engano, de oposição? Está todo mundo achando engraçado. Daqui a pouco, se quiserem acabar com a oposição, vão acabar.


O sr. acredita que a maioria do governo ameaça a democracia?

A todo instante.

O sr. se sente ameaçado?

Eu acho que não, porque aí a população vai ter que tomar vergonha na cara e enxergar isso.

O sr. percebe interesse do governo em enfraquecer a democracia?

O governo não quis calar a imprensa? De quem foi a ideia de criar o conselho para calar a imprensa? Não querem desarmar a população brasileira? Não querem doutrinar as questões sociais conforme o entendimento deles? Isso aqui está virando uma Venezuela. Hoje quem define o jogo no Brasil é o PMDB. Para onde o PMDB pender a coisa acontece.

O PMDB equilibra um pouco o governo?

Não só equilibra, é quem sustenta o governo. O PMDB, em nível nacional, é quem dá a sustentação e sobrevivência do PT. Sem o PMDB o PT não existe.

A oposição só teve uma vitória no Código Florestal por que contou com o PMDB.

Claro, foi uma bela manobra.

Que leitura o sr. faz da criação do PSD? Por que está sendo criado?

É um partido de oportunismo. Quem está indo para o PSD, com todo respeito, quer cargos, benesses. Quem vai ficar no Democratas está porque quer ser Democratas. Não se cria partido sem uma causa. Eu ouvi umas declarações do mentor do partido, que chegou onde está hoje por causa do DEM. Não se cospe no prato que comeu dessa forma. Gilberto Kassab diz que o PSD não é direita, não é esquerda, nem é centro. Que diabo é esse partido?

Ideologicamente o sr. percebe que os partidos se posicionam de alguma maneira?

Não. Se perguntar para qualquer político qual é a ideologia dele…

Então o PSD vai ser criado da mesma maneira.


Mas os outros pelo menos já têm a história. Qual foi a história do Democratas? O antigo PFL foi o responsável pela transição de uma ditadura para a democracia. Não se pode esquecer isso.

Historicamente o DEM é conhecido como o partido que deu apoio à ditadura. Não que foi favorável à democracia.

Pode até ter dado apoio na época da ditadura. Mas o PFL foi o responsável pela transição para a democracia. No Congresso, os políticos mais experientes vão dizer isso.

O PSDB tem dificuldade em lidar com as privatizações do governo FHC. O DEM não consegue explicar o apoio oferecido à ditadura. A dificuldade em lidar com o passado não dificulta os partidos a se posicionarem e dá argumento para o PT rebater?

Pelo menos o meu partido não pegou em arma para matar as pessoas. Meu partido não matou agentes públicos, não assaltou bancos, lojas de armas. E hoje o partido que manda no País foi o que abrigou as pessoas que mataram, roubaram, que queriam tomar o poder pelas armas.

O fato de Dilma Rousseff ter participado da guerrilha a compromete como presidente?

Ela mudou. Mas eu tenho pena dos amigos dela caso ela tenha recaída. Ela é muito mais valente do que muito cara que se diz macho por aí. Ainda bem que a Dilma parece não ter pensamento de voltar ao passado. Quando eles perderem o poder, talvez pensem de novo.


O sr. consegue vislumbrar quando isso pode ocorrer?


Acredito que na próxima eleição para presidente nós não teremos mais o PT no poder.


Mesmo se o Lula for o candidato?


Mesmo com o Lula.

Como o sr. avalia o fenômeno Lula?


Puro populismo. E uma população, lamentavelmente, analfabeta politicamente que possibilitou. Lula ganhou face ao que ele sempre criticava. O assistencialismo, a política do toma lá dá cá. Ele pegou os projetos iniciados pelo PSDB, encampou e aumentou.

Lula também atendeu aos industriais, empresários e banqueiros.

Ele foi muito mais bonzinho para os banqueiros do que os governos conservadores. O discurso favorito dos petistas, dos vermelhos, era falar dos banqueiros. Quantas e quantas vezes víamos o PT falando sobre o capital internacional? O PT sempre criticou as privatizações e agora tem a história dos aeroportos. Isso não é privatização? E por que estão privatizando exatamente os aeroportos que dão lucro? Por que não vai privatizar o aeroporto de Aracaju? Aí entra o ponto em que o PSDB se equivocou totalmente. O partido deveria ter enfrentado o problema da privatização. Hoje nós temos uma telecomunicação de fácil acesso a todos os brasileiros por causa da privatização. Mas o PSDB se fecha em copas e não quer discutir um assunto desses? Geraldo Alckmin tinha tudo para explodir o Lula se questionasse sobre o mensalão. O PT usa muito bem a máquina para comprar a mídia. Veja a verba de publicidade. Veja em Brasília o que o ‘Agnulo’ (governador Agnelo Queiroz, do PT) está fazendo. Ele está fechando os jornais todos. Jornais alternativos, que é onde eu penso que a informação chega à classe pobre, estão todos fechados. O “Jornal de Brasília” já deve estar com dificuldade. Essa é a estratégia deles.

Ele está fechando por que não anuncia ou fechando por alguma ação?

Não está anunciando. Que jornal que sobrevive sem verba?

Como o sr. analisa o governo Dilma?


Eu nem sei se existe. Até agora não vi nada. Inicialmente as pessoas tinham uma expectativa, que foi de certa forma atendida, pela atitude da Dilma em relação à política internacional, distribuição de cargos. Se me perguntar se Dilma é melhor que Lula, digo que é.

Em que aspecto?


Até mesmo nas relações. Quem conduzia o Brasil nos governos anteriores não era Lula. Ele se encarregava de ficar fazendo metáforas. Quando ele não sabia o que falar em relação aos empresários, fazia metáforas sobre futebol, fazia o povo rir. Esse é o Lula.

Dilma é mais eficiente?


É competente administrativamente. Como é a nova ministra-chefe da Casa Civil, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acredito que é mais técnica.

Como o sr. analisa o caso do ex-ministro Antonio Palocci, o primeiro grande escândalo do governo Dilma?

Com muita preocupação. Primeiro que a Casa Civil é amaldiçoada. Os escândalos acontecem dentro da sala de estar da presidente. Começou com José Dirceu e Valdomiro Diniz, a própria Dilma com o caso dos dossiês, cartões corporativos, depois veio a Erenice Guerra e aí o Palocci. Tem que benzer aquilo ali. Se na sala de estar da Presidência da República está nesse nível de corrupção, imagina o resto…

No caso do Palocci a corrupção teria ocorrido quando ele era deputado. Mas usando o tráfico de influência, informações privilegiadas.

Esse caso mostra disputa interna no PT. Na opinião do sr., o que está por trás dessa briga?

Há uma disputa dentro do PT. Disseram que o José Dirceu não era atendido pelo Palocci. É outro que logo, logo, vai estourar coisa dele. Só que esse é mais esperto. O negócio que foi feito no setor de telecomunicação, uma informação privilegiadíssima. A empresa tinha um capital pequeno e depois explodiu. Ninguém falou nada. O que mais me deixa preocupado é que as coisas vêm acontecendo uma atrás da outra e a população está perdendo a capacidade de se indignar. Já quando o PT era oposição, era um barulho do diabo.

Os dois casos envolvem lobby. O sr. acha que o lobby deveria ser legalizado, para que fosse mais transparente?


Tem dois tipos de lobby: o do verbo e o da verba. Eu sou favorável ao lobby do verbo. Eu fui assessor parlamentar de todas as polícias militares do Brasil. Mas o meu lobby era do verbo. O lobby que nós enfrentamos com o Código de Trânsito foi o da verba. Eram malas e malas que chegavam ali para discutir a questão do trânsito. Sou favorável a regulamentar a profissão do lobista. Se o nome for pejorativo, vamos mudar para consultoria, que está em moda. Pelo menos as coisas funcionam de maneira transparente. Agora você usar uma informação privilegiada porque é ministro ou é amigo de ministro, e vende essa informação ganhando dinheiro, é conto do papo.

O ex-presidente Lula foi chamado durante a votação do Código Florestal e da crise do Palocci. O que isso demonstra?

Que quem ainda manda é Lula. E isso é bom para a Dilma? Eu acho que logo, logo, ela vai ter que chutar a porta e dizer: ‘Daqui a quatro anos, se você quiser, se lance candidato, mas quem manda aqui sou eu’. Senão ela vai se desmoralizar.

Já aconteceu isso?


Já. E o caso do PSD também, do vazamento das informações sobre o Palocci, mostra que Lula ainda manda. O PSD, com Kassab, estava em constante contato com a Casa Civil e com Palocci. Havia o entendimento e todo mundo sabe disso. Quando houve o vazamento das informações, Lula, usando termos chulos, disse que ‘Kassab foi quem vazou esses dados e o Kassab é Serra, ele nunca foi PT’. E aí o Lula praticamente obrigou a presidente Dilma a desmarcar uma audiência para atender o Kassab.

Nós vimos alguns erros cometidos pelo Ministério da Educação: a questão do Enem, kit gay, os livros de português com os problemas de concordância e os de matemática com erro de informação. Pelos erros, há algum tipo de interesse ou manipulação do governo em usar a educação com algum fim próprio?


Eu não consigo identificar qual é a intenção deles. Boa é que não é. Eu vi uma explicação da Academia Brasileira de Letras, que era sensacional. Eles diziam que falar errado é uma coisa, mas ensinar errado? Sobre o kit gay, aqueles vídeos são uma loucura. Eu não sei quais são as intenções, mas não podem ser boas. Temos que ficar atentos para que não haja a proliferação desse tipo de coisa. A sociedade está reagindo bem sobre isso.

No programa de erradicar a miséria, Dilma estendeu o Bolsa Família. Como o sr. vê essa proposta?


Não posso ser contra, ninguém pode ser contra a proposta de acabar com a miséria em um País. Eu até torço para que dê certo. Será que vai ser nos mesmos moldes do Fome Zero? Ou já esqueceram do Fome Zero? Era a bandeira principal do governo do PT. E deu no que deu. Transformaram o Fome Zero no Bolsa Família. O Fome Zero foi um escândalo. Mas qual vai ser o custo desse programa da Dilma? O governo tem que dar educação ao povo para diminuir violência. Querem tapar o sol com a peneira. Vou dar comida para quem está na miséria que resolve. Dê a cesta básica, mas dê condições de vida para aquelas pessoas. Vai na Cidade Estrutural aqui em Brasília. Tem 316 casas do Renda Minha [programa de assistência social do governo do Distrito Federal] que estão sendo depredadas, invadidas. O governo não tem competência, sequer, de distribuir essas casas para as pessoas carentes.

A tragédia de Realengo reacendeu a discussão sobre o desarmamento. Cabe novo plesbicito, nova consulta?


De forma alguma. Questão de Realengo é uma tristeza, uma tragédia, mas que reforça o que venho dizendo, que as armas que precisam ser retiradas de circulação são as ilegais. Quem tem que tirar essas armas são as polícias. Tirar o direito do cidadão de bem, tirar o direito dele de escolha de poder comprar uma arma para guardar em casa, aí vamos voltar lá naquela tese do PT querendo desarmar o cidadão. Isso são princípios da ditadura. Em 2005, através de um referendo, a população se manifestou dizendo que quer ter seu direito de escolha. Não sou a favor das armas não, sou a favor do direito de escolhas. Se você acha que a pombinha branca vai resolver seu problema de paz, vista uma camisa branca, ponha uma pombinha branca no peito e saia por aí atrás dos bandidos que eles vão adorar. A pessoa mora em uma fazenda distante e não tem o direito de ter uma arma? Isso é de uma idiotice a toda prova. Ah, mas eu não gosto de arma, então não compre. Mas tirar o direito de escolha não é democracia. O governo do PT não pode esquecer que a votação do referendo foi mais significativa que a votação da Dilma.

Por quê?


Ora, foram 65% de votos. Acontece uma tragédia e os especialistas que têm interesse nesse manifesto, num oportunismo ímpar, querem fazer o desarmamento. Quanto custa o referendo? R$ 300 milhões. Gaste isso com instrumentos para modernização da segurança, melhores os presídios, dê condição para que o preso possa ser reintegrado à sociedade e não conviver com a reincidência de 72%. Por que para cada pessoa que prende na rua, sete deveriam estar presos e estão nas ruas, matando os nossos filhos e esses idiotas que ficam pregando desarmamento do cidadão de bem querem dar certeza a um bandido que vai entrar na minha casa, estuprar a minha filha e a minha mulher e eu vou me defender como? Com um cabo de vassoura. Eu prefiro uma arma não mão a um policial ao telefone. Até mesmo porque o policial ao telefone não chega a tempo de me salvar. Já foi dado um recado e eu espero que esse governo de papel não se meta a besta. Porque se fizer vão perder de novo. Agora se fizerem terão que explicar por que estão gastando tanto dinheiro com porcaria de referendo para saber se você quer ter o direito ou não de porte de arma. Vamos fazer um referendo então para saber sobre a impunidade do menor, é muito melhor. É onde está o foco da violência. Não fica inventando um monte de bobagem.

A lei anti-homofobia passa pelo Congresso?


Acho que não. Não sou favorável à discriminação. Se o cara quer ser gay, que seja. Agora não sou favorável a esse tipo de ação no meu dia a dia. Não sou obrigada a concordar. Eu não posso discriminar. mas tenho que aceitar? Por que tenho que aceitar se eu tenho liberdade de expressão? Não faz sentido.


José Serra (PSDB) teve 44 milhões de votos. Por que essa população não se sente representada no País? É como se a Dilma não tivesse oposição.


Acho que tem sim. O problema é que a oposição que a gente faz não é a oposição que o PT fazia. Nós não temos essa militância de ir para rua, jogar pedras nas pessoas, quebrar o vidro do carro porque alguém está com o adesivo do Fraga. Eles fazem isso. Acho que não apanharam o suficiente na época da ditadura, porque eles fazem isso. Riscam seu carro se você usa o adesivo de um candidato da oposição.

Quando o sr. fala que eles não apanharam o suficiente quer dizer o quê?


Que o PT na época que era oposição e que fazia essas confusões todas nas ruas, paravam a cidade, eles não levaram o corretivo suficiente. E eles colocaram isso como ensinamento. Hoje quando vamos fazer oposição eles não aceitam, meu Deus do céu. Eu disse uma vez no Congresso eu vi aqui na minha frente o Paulo Paim rasgando a Constituição e jogando na cara de um deputado. Hoje em dia se você disser uma palavra é um reboliço. É o velho ditado: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Qual sua opinião sobre política de cotas?


Sou totalmente contra. Em vez de dar cota para negro, índio, amarelo, azul, vermelho, dê cota para a rede pública. Dê cota para aquele que não tem condição de pagar um bom colégio. Isso eu concordo. Agora para negro não. Eu conheço negros inteligentíssimos, que venceram na vida sem ajuda de ninguém. No momento em que você cria uma cota para negros já se cria uma discriminação dentro da universidade. Porque tem o branquinho ou azul que estudou pra caramba, mas ficou de fora porque o negro tomou a vaga dele. Isso causa desarmonia, briga. Eu sou contra.


E a descriminação da maconha?


Sou contra. Você começa com a maconha para chegar ao LSD, à cocaína.

Mas o combate ao tráfico não resolveria o problema?

Não. Só sou contra que o cara que é pego fumando um baseado vá para dentro do presídio. Esse negócio do crack. Ah, Fraga, o que fazer? Internação compulsória, não tem outro jeito. Os caras estão matando os pais para pegar dinheiro para comprar crack. Eu sou contra e Fernando Henrique perdeu uma boa oportunidade de ficar calado.

O sr. falou que a criminalidade aqui na época em que era major da polícia era alta. Qual foi a metodologia usada?

Linha dura.

Isso significa o quê?


Ir para o enfrentamento com o bandido. Desarmá-lo, prendê-lo, não tem conversa. Com bandido não poder ter conversa. Eu não matei bandido. Quem trocou tiros com a polícia morreu. O PT me acusou de ser chefe de esquadrão da morte porque eu prendi o filho de um administrador da cidade com drogas e ele me ligou mandando soltar. Eu disse que não soltava, pedi para consertar os buracos da cidade para eu prender mais bandidos. Fui exonerado do cargo. Aí a população se revoltou. Eu não faço nada pensando se vou perder votos. Tem que fazer política pensando na coletividade.

O que o sr. acha da delação premiada?

Eu confesso que não tenho opinião formada sobre a delação premiada. Porque você acaba beneficiando um criminoso. Aí é onde eu acho que se tem que investir e pesadamente em alguém da polícia para poder descobrir e não precisar da ajuda de ninguém.


A Polícia Federal e o Ministério Público estão facilitando o trabalho deles?


Estão reconhecendo que não tiveram competência para resolver o problema e pedindo para o criminoso entregar o serviço. Ontem, por 3 a 2, o Supremo Tribunal Federal anulou toda a investigação e prisão que a Polícia Federal fez contra Daniel Dantas, provas fabricadas…


A reforma política vai sair? Ela resolve o problema do sistema político eleitoral brasileiro.

Acho que não. Agora não podemos mais conviver com esse tipo de injustiça eleitoral. Você tem um candidato que faz 20 mil votos e o outro se elege com 10 mil, meu Deus. Sou contra. Acho que tem que ser feito alguma coisa para proibir isso. Primeiro que os partidos não vão conseguir renovar os seus quadros. Porque ninguém quer vir para o Democratas. Lá tem a Eliana Pedrosa, o Raad, eu vou trabalhar para dar votos para eles. Aí vai para um PSL da vida que se vende por um caixa de banana e elege um deputado com 7 mil votos e o que fez 18 mil está do lado de fora. Isso não está correto. A reforma política, apesar de eu defender uma coisa muito mais ampla, como a reforma partidária, tem que criar um freio para os partidos nanicos, que infelizmente estão se prostituindo diante dos grandes e acabam cada vez mais levando a descrença à população brasileira.Sem papas na língua. Essa é a melhor definição para o ex-deputado federal por Brasília João Alberto Fraga Silva (DEM). Ele mira sua metralhadora de crítica principalmente contra o governador Agnelo Queiroz, a quem chama de “Agnulo”, e ao PT em geral. Diz que a imprensa tratou de forma diferente os mensalões dos petistas e do DEM, prejudicando os democratas — “Eu falei para o José Roberto Arruda dizer que o dinheiro era caixa 2, como o PT fez” — e afirma que o governo está pondo em risco a democracia brasileira.

Fonte: Jornal Opção

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