Profissionais do sexo da capital afirmam ter ganhado grana extra
Ary Filgueira
A Copa do Mundo fez a alegria de muitos brasilienses, satisfeitos com o lucro decorrente do torneio de futebol que termina amanhã. E não foram somente setores tradicionais ligados ao turismo que tiveram um incremento em sua receita durante o Mundial, a exemplo dos hotéis e restaurantes. Inserido em um universo obscuro, o comércio do sexo também arrecadou mais com a invasão estrangeira.
Garotas de programa da cidade demonstraram satisfação quando perguntadas sobre o que acharam da Copa do Mundo. Parte das profissionais do sexo ignorou as jogadas bonitas, os dribles desconcertantes e até a goleada sofrida pela Seleção Brasileira e ressaltou os cachês generosos dos “gringos” como o ponto alto da competição.
Mas com uma ressalva: a quantidade de programas só aumentou quando a cidade sediou algum jogo. “Como aqui não tem praia, os turistas não ficam após as partidas. Vão para o Rio, São Paulo e alguns lugares do Nordeste”, enfatizou uma garota de programa da W3 Norte.
Saques
O balconista em uma loja de conveniência de um posto de gasolina no Setor Hoteleiro Sul afirmou que, em dias de jogos, o caixa eletrônico perto do estabelecimento tinha fila de estrangeiros. “Elas (garotas de programa) ganharam muita grana nesses dias”, afirma o rapaz, que pediu para não se identificar.
A moradora de Luziânia (GO) Paula (nome fictício) sorri quando recorda os programas que fez com os torcedores estrangeiros. “Eu fiz, em média, cinco programas por noite de futebol. Geralmente, faço um, dois. Cobro R$ 50 no carro e R$ 150 em uma pousada aqui do Plano Piloto”, pontuou.
A garota destacou os colombianos, a quem chamou carinhosamente de os mais “mãos abertas”. “Eles não reclamavam do preço. Pagavam numa boa”, afirmou.
Nem todas tiveram a mesma sorte
Mas nem todo mundo do mercado do sexo teve a rentabilidade esperada para o período da Copa do Mundo. Se no Setor Hoteleiro Sul o mercado esteve aquecido, do outro lado do Eixo Monumental, nas quadras 700 da Asa Norte, garotas de programa reclamaram dos clientes estrangeiros. Principalmente dos finalistas da competição de futebol: os eternos arquirrivais argentinos.
“Eles chegam aqui querendo pagar R$ 10 pelo programa. Por esse preço nem converso”, disse uma garota que se apresenta na noite como Luana.
Movimento
A equipe de reportagem do Jornal de Brasília esteve na Avenida W3 Norte durante uma noite. Apesar do frio, o movimento de interessados em sexo pago era grande. De carro, motocicleta ou até mesmo a pé, os clientes chegavam. Ora em grupos de três, ora sozinhos. Mas nenhum estrangeiro.
“Eles não ficam após as partidas”, lamentou uma garota de programa, que também disse acreditar que em cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, o lucro foi maior.
Números
490 mil turistas eram esperados no Distrito Federal durante a Copa ;
79 mil do total de turistas esperados são estrangeiros;
887 milhões de reais é o valor estimado namovimentação da economia com a vinda dos turistas;
Saiba mais
Trabalhar como garota de programa não é uma atividade considerada ilegal, ao contrário da exploração de pessoas para este fim.
Reportagem do JBr. de maio deste ano mostrou que o ofício ainda precisa ser regulamentado. Com isso, as garotas de programa poderiam usufruir dos mesmos direitos dos demais trabalhadores, como a aposentadoria. Mas a questão ainda não chegou a um consenso no Congresso.
Fonte: Jornal de Brasília