Para Sergio Andrade, diretor da Agenda Pública, dependência de municípios com relação à mineração pode resultar em “apagão de serviços públicos”
O Brasil é um país rico em recursos oriundos da mineração com centenas de cidades atreladas a essa atividade econômica. Ao menos 200 municípios disputam todos os anos o topo do ranking governamental das cidades que melhor administram os recursos que são fruto da mineração. Contudo, ao mesmo tempo, a paralisação dos servidores da ANM (Agência Nacional de Mineração) tem revelado o quanto esses municípios podem ser frágeis e dependentes do ponto de vista econômico. É o que afirma Sergio Andrade, cientista político e diretor da ONG Agenda Pública.
“A despeito da paralisação dos servidores ser legítima, a situação que tem ocorrido indica que é necessária uma diversificação das receitas dos municípios. Seja pelos problemas nos repasses dos recursos ou pela dependência de uma única atividade no território, no caso a mineração, tais municípios podem chegar a uma situação de interrupções no pagamento de fornecedores e até na prestação de serviços por conta do decréscimo significativo em seus recursos”, avalia.
É a sexta vez que os funcionários da autarquia entram em greve por questões salariais e trabalhistas. Se o governo não tem aceitado a proposta apresentada, também não há indicação de que os servidores devem propor um novo caminho. “A greve alerta para a demora na criação de políticas modernas para diversificação da economia. A adoção dessas políticas devem visar à atração de investimentos, complexificação de cadeias de valor e à geração de oportunidades de acordo com vocações e oportunidades regionais”, alerta Andrade.