OPERAÇÃO CAIXA DE PANDORA – DISTRITO FEDERAL |
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Incertezas eleitorais |
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Lilian Tahan e Ana Maria Campos – Correio Braziliense Em três meses, as surpresas da Caixa de Pandora abateram os partidos que partilhavam o poder, isolaram as forças políticas na cidade e dividiram o grupo de oposição em busca de preencher o vazio provocado pela maior crise institucional da história da capital do país, iniciada em 27 de novembro do ano passado. Oito (1)das 13 legendas que apoiavam o governo de José Roberto Arruda produziram representantes no escândalo. Para evitar comprometimento ainda maior, as siglas adotaram uma tática de distanciamento da administração capitaneada, até 11 de fevereiro, pela dobradinha Arruda e Paulo Octávio. Nessa data, Arruda foi afastado e preso por suposta tentativa de suborno. Menos de duas semanas depois, o vice no exercício do mandado renunciou ao cargo. Acabava aí o único governo do DEM no país, que teve o diretório regional dissolvido por intervenção da executiva nacional. O Inquérito nº 650 teve o efeito de uma bomba nas composições políticas vigentes nas últimas duas décadas da política candanga. A força de devastação das investigações protagonizadas pelo Ministério Público e a pela Polícia Federal (PF) partiu de uma vez por todas o grupo de poder nascido sob a liderança do ex-governador Joaquim Roriz (ex-PMDB e atualmente no PSC). Nas últimas eleições, seus herdeiros ganharam vida pública própria. Um deles, Arruda, chegou ao topo do poder no Distrito Federal, mas hoje está sob os escombros da crise. Roriz, Arruda, Paulo Octávio, Tadeu Fillippeli — todos um dia transitaram no mesmo campo político. Em 2006, Arruda e Paulo Octávio chegaram a disputar o apoio de Roriz. Eram potenciais adversários, mas fizeram uma chapa puro-sangue, que acabou contando com a aceitação do ex-governador. Deu certo, Arruda foi eleito em primeiro turno e, até o início da crise, era considerado favorito para a disputa em 2010, numa provável polarização com seu criador, Roriz. Estilhaços No momento, Arruda tem como objetivo principal deixar a prisão. Paulo Octávio busca preservar seu patrimônio empresarial e Roriz tenta escapar dos estilhaços da Caixa de Pandora. Esse cenário, aparentemente, favoreceria a eleição de um político da oposição. Mas essa é uma interpretação que pode não se sustentar até 3 de outubro. Antes da crise, o PT não tinha perspectiva de poder, mas já escolhera candidato ao Executivo. Agnelo Queiroz havia consolidado seu nome para a disputa ao Executivo, num acordo fechado entre as forças políticas do PT. Àquela época, o deputado federal Geraldo Magela (PT) havia aceitado os termos de um acerto que o colocava na condição de candidato ao Senado. A possibilidade de vitória, provocada pela derrocada de Arruda e Paulo Octávio, desestabilizou a harmonia na legenda. Magela tem cobrado a revisão do acordo em função de um fato novo revelado na crise. Agnelo Queiroz foi filmado na sala do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa que lhe apresentou o conteúdo das bombásticas gravações sobre distribuição de dinheiro a autoridades, base do inquérito da Caixa de Pandora. O episódio causou constrangimento entre petistas e abriu uma brecha para adversários internos questionassem a candidatura de Agnelo, sob o argumento de que obteve informação privilegiada sobre o futuro cenário político. Agnelo garante que não houve nada além do normal e tem o apoio de grande parte da legenda. Mas o impasse só será resolvido em prévias que deverão ocorrer em 21 de março, para escolha direta do representante petista na corrida ao Palácio do Buriti. Inimigos Nos últimos tempos antes da crise, Joaquim Roriz tornou-se um inimigo de Arruda. O governador do DF, hoje afastado e preso preventivamente, tentou diferenciar as duas gestões, atacou a administração anterior e trabalhou nos bastidores para tomar o PMDB de Roriz. Por isso, Roriz poderia se beneficiar com o tombo de Arruda e Paulo Octávio. Mas seus adversários apostam que dificilmente o ex-governador vai conseguir se descolar das denúncias de Durval Barbosa, o delegado aposentado da Polícia Civil do DF que gerenciou todos os contratos de informática no governo de Roriz. Por causa dessa passagem pelo Executivo, Durval responde a 37 ações judiciais, algumas das quais ao lado do ex-governador. Desde 27 de novembro, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete de autoridades do Executivo e do Legislativo, trazendo à tona um suposto esquema de corrupção no DF Roriz permanece recluso, em casa ou na fazenda. A única declaração pública sobre o assunto ocorreu na semana passada no programa de seu partido, o PSC. “É tão vergonho, tão escandaloso… Fico numa indignação, fico numa vergonha… Meu Deus do céu, como pode chegar nisso aí?”, declarou. Mas a oito meses das eleições, período em que os pré-candidatos costumam se exibir em público ao eleitorado, o ex-governador mantém a discrição. Alternância A grande dúvida sobre o futuro das eleições deste ano é reforçada pela instabilidade política que ainda permanece. Só em fevereiro, o Distrito Federal teve três governadores. O eleito foi preso. O vice tentou se viabilizar, mas foi pressionado a renunciar e o deputado distrital Wilson Lima (PR), que conquistou o mandato na Câmara Legislativa com menos de 9 mil votos acabou herdando a administração praticamente esvaziada. Pelo menos cinco secretários já deixaram o governo. Numa entrevista concedida ao Correio, Wilson Lima falou de seu desejo de imprimir uma “cara nova” no GDF. Talvez não tenha tempo, diante da ameaça de uma intervenção federal. Também na Câmara Legislativa há uma expectativa de renovação. Dos 24 distritais, um terço é investigados no Inquérito do STJ. Desses, Leonardo Prudente (que renunciou na sexta) e Rogério Ulysses não podem sequer concorrer à reeleição porque perderam a legenda. Oito parlamentares, além de dois suplentes, são citados no escândalo e o grupo de 19 distritais que apoiavam Arruda perdeu o palanque para as próximas eleições. Poderosos secretários, administradores regionais, gerentes do governo Arruda abatidos com a crise vão ter que adiar os planos de se candidatar a um cargo eletivo neste ano. Até outubro do ano passado, havia um congestionamento de candidatos a vice de Arruda, ao Senado e a uma vaga de deputado federal. 1 – Lista O número
27 de novembro de 2009 28 de novembro 29 de novembro 18 de janeiro de 2010 20 de janeiro 25 de janeiro 2 de fevereiro 4 de fevereiro 11 de fevereiro 18 de fevereiro 23 de fevereiro 25 de fevereiro 26 de fevereiro |