Investigado pela PF é nomeado para comitê de diversidade religiosa

Brasília (DF), 04/07/2016 - PF faz busca em apartamento do marido da ex ministra Tereza Campello na 115 norte em brasília - Lava Jato Policia Federal - Foto, Michael Melo/Metrópoles

Em abril de 2015, o apartamento do advogado Marcelo Bulhões dos Santos, na 104 Norte, foi alvo de uma operação da Polícia Federal. Mais de 15 agentes, incluindo do grupo antibomba, estiveram no local por cerca de seis horas. Eles levaram computadores e documentos do imóvel.

Passados quase dois anos, Marcelo Bulhões é nomeado membro titular do Comitê de Diversidade Religiosa, entidade criada pelo Governo do Distrito Federal para receber e debater casos de intolerância religiosa. A nomeação foi publicada na edição de sexta-feira (20/1) do Diário Oficial do DF.

 

A acusação de possíveis ligações com grupos terroristas surgiu devido a publicações feitas por Marcelo em redes sociais, nas quais o advogado defenderia grupos extremistas.Entretanto, não há atualmente uma legislação específica para o terrorismo no Brasil. A alegação oficial da Polícia Federal era de que se tratava de uma investigação por falsidade ideológica e violação de sigilo funcional.

Em 2013, o advogado chegou a encaminhar uma carta à senadora Vanessa Grazziotin (PC do B) na qual afirmava que :“Há fortes indícios de que cidadãos brasileiros de origem árabe e/ou de confissão islâmica tenham sido objeto de investigação por parte de órgãos de inteligência nacionais e estrangeiros, sendo que nem sempre havia motivo plausível para tal”.

O então advogado de Bulhões, Ariel Foina, declarou na época da operação da PF que seu cliente não tinha relações com grupos terroristas. Procurado nesta terça (24) pela reportagem do Metrópoles, Foina relatou que não defende o investigado há cerca de seis meses, mas que o caso teve pouco avanço. “O processo segue em segredo de Justiça e não posso dar detalhes. O que posso afirmar é que a situação está basicamente no mesmo pé do dia da operação”.

O inquérito teria sido encaminhado ao Ministério Público Federal no ano passado e caberia ao órgão avaliar se levaria o caso para a Justiça. O atual advogado e o próprio Bulhões não foram localizados pela reportagem.

Indicação
O Comitê Distrital de Diversidade Religiosa (CDDR) foi criado em janeiro de 2016 após casos de intolerância, como incêndios em centros espíritas edepredação de estátuas na Praça dos Orixás.

Formado por 12 membros da sociedade e 12 representantes do governo, sendo seis titulares seis suplentes de casa setor, o grupo tem como objetivo elaborar políticas públicas para a propagação da diversidade religiosa, bem como receber denúncias de intolerância.

Os representantes da sociedade são escolhidos por meio de edital de chamamento. Os candidatos nomeados na última sexta (20) inscreveram-se no ano passado. Segundo a Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social (Sedestmidh), responsável pelo comitê, é avaliada a participação dos inscritos no setor e verificados antecedentes criminais.