LINCOLN E BRASíLIA: O QUE HÁ EM COMUM?

“Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.” Abraham Lincoln

Este artigo começa e termina com frases de Abraham Lincoln, famoso presidente norteamericano. Apesar de proferidas há mais de 200 anos, ecoam como atuais, se relacionadas ao panorama político atual de nossa cidade.

Raimundo Ribeiro

Ao longo da última campanha eleitoral, o então candidato Agnelo Queiroz e seu vice, Tadeu Fillipeli, prometiam um governo de muito trabalho, transparente e eficiente na prestação dos serviços públicos.

Já no sexto mês de governo, pode-se ver que a máscara caiu: o que se constata, infelizmente, são pessoas morrendo em hospitais sucateados, escolas servindo comida estragada e sem aulas, por falta de professores, ônibus velhos invadindo pontos e matando pessoas, índices alarmantes de violência, não fornecimento de remédios, falta de investimentos em todas as áreas, fugas suspeitas de presídios sem qualquer explicação, além de inúmeros outros desmandos que não cabem no curto espaço de um artigo.

Tudo isso demonstra a incompetência desse governo, autointitulado como “novo caminho”, para administrar a Capital Federal.

O pior é que agora, se mistura a essa incompetência, uma extensa lama de suspeitas de corrupção, pecado mortal para um governo que prometia honestidade e transparência.

A revista Época traz ao conhecimento público, esta semana, a existência de um esquema de corrupção que irrigou várias campanhas políticas, inclusive a do governador Agnelo. Acrescente-se o fato de que Agnelo foi denunciado recentemente por ilícitos nas verbas federais destinadas ao último Panamericano.

Aliem-se a isso comentários feitos abertamente em todos os lugares da cidade da existência de vídeos contendo cenas de corrupção (“torres gêmeas”, tentativas de homicídios, “compra” de partidos políticos e de órgãos públicos, contratos emergenciais firmados em pagamento a doações de campanhas, contratos ilegais celebrados com parentes de governantes, ONG que utiliza dinheiro público, adulteração de dados funcionais em empresas, manipulação de verba publicitária para beneficiar quem consegue (o que parece impossível) falar bem do governo, etc);

Diante de tudo isso, fica complicado ver o governador fazer “cara de paisagem”, como se não tivesse nada a ver com isso. Em vez de cumprir suas promessas de campanha, cumpre extensa agenda de viagens: para São Paulo, a pretexto de visitar as redações de revistas semanais, à Europa, para ver estádios de futebol, e à Argentina, numa viagem quase clandestina, com o  mesmo objetivo.

O raciocínio aplicado ao Ministro Palloci serve, igualmente, ao Governador do DF. Em outras palavras: o Sr. Agnelo tem obrigação de esclarecer as suspeitas que perigosamente pairam sobre seu governo. Isso porque, outorgando-lhe o benefício da dúvida, deve ser o maior interessado em esclarecer os fatos.

Por isso, sugere-se ao Governador que peça à Policia Federal e ao Ministério Público que investigue as denúncias formuladas e afaste do Governo os comprovadamente infratores da lei. Somente assim, demonstrará à cidade que não acoberta qualquer ilicitude, resgatando o discurso que o levou ao Governo do DF.

Por último, vale esclarecer: não se sugere aqui nenhuma CPI, em razão de que, num passado recente, duas CPI’S foram “sepultadas” na Câmara Legislativa, apesar de aprovadas.

“Pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes.” – Abraham Lincoln

*Raimundo Ribeiro é advogado, professor universitário e vice-presidente do
PSDB/DF.

Fonte: Blog do Sombra

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