“Mea culpa” pode ajudar Feira de Artesanato
Mea culpa é uma frase latina que em português pode ser traduzida como “falha minha”, ou “meu próprio erro”. De forma a enfatizar a mensagem, o adjetivo maxima pode ser inserido, resultando em mea maxima culpa, que poderia ser traduzido como “minha mais [grave] falha”.
Mea maxima culpa parece ser a mensagem mais coerente que a Novacap poderia adotar para tentar corrigir as graves falhas cometidas nas obras da Nova Feira de Artesanato da Torre de TV quando propôs as alterações no projeto, que não sabemos se foi para economizar – leia-se desviar – dinheiro ou se foi por pura incompetência ou, pior, os dois juntos.
Mas parece que, mesmo que ainda extra-oficialmente, a Secretaria de Obras, por meio da Novacap, anda pronunciando essa frase nos bastidores do GDF. Por meio de sua diretora de obras, já entrou em contato com arquitetos para tentar salvar o caos que se instalou no “novo” espaço depois da transferência relâmpago dos artesãos. Simplesmente assumiram de vez que mesmo o projeto alternativo proposto por eles não foi construído a contento pela construtora AJL. O Sinduscon – Sindicado da Indústria da Construção Civil do DF – até hoje não se pronunciou sobre o fato de uma de suas associadas ter sido condenada pelo Tribunal de Contas a devolver mais de 1 milhão de reais aos cofres públicos pelo superfaturamento da obra.
A verdade é que a determinada AFTTV – Associação dos Artesãos da Torre de TV – vem conseguindo, mesmo que discretamente, vitórias junto ao judiciário. Denunciou a obra no Tribunal de Contas e teve parecer favorável com a condenação da Novacap e da AJL por superfaturamento. Denunciou a Coordenadoria das Cidades junto ao Ministério Público e teve uma recomendação favorável para barrar o sorteio dos boxes que acelerou atabalhoadamente a transferência dos artesãos. Entrou com um Mandado de Segurança junto ao Tribunal de Justiça e o desembargador do caso ainda não encontrou falhas no pedido para negar a liminar que pode caçar o decreto governamental que “regulamentou” a transferência dos artesãos ou provocar um Termo de Ajuste de Conduta, pelas irregularidades cometidas.
A justiça está andando, mesmo que morosamente. Resta saber se essa morosidade não irá consolidar as irregularidades de todos os tamanhos cometidas contra os artesãos e a população do DF. Ainda há uma remota chance para que a Feira de Artesanato deixe de ser de artesanato, pois da Torre de TV ela já deixou de ser. Basta a Secretaria de Trabalho, que está na mão do PDT, acordar e chamar a feira para si, pois é ela que chancela a feira como de artesanato por ser responsável pela emissão das carteiras de artesão e a fiscalização do ofício.
Por outro lado, não basta apenas um mea culpa numa tentativa de consertar a estrutura caótica de 20 milhões da nova feira. Se uma gestão compartilhada com a Associação dos Artesãos não for pra frente, com um planejamento administrativo e um grupo gestor que se preocupe com a fiscalização, segurança, limpeza e fomento cultural no espaço, não terá Niemeyer que salve a favela que se instalou no local. Estamos de olho no desenrolar dos acontecimentos. Hoje, sexta-feira 13, faz um mês que a transferência começou. Pelo decreto em vigor, faltam 30 dias para se fazer um regulamento para a feira e 60 dias para retirar os invasores e artesãos irregulares que foram transferidos com um tolerante termo de compromisso. Tomara que a AFTTV não acerte mais uma vez em suas previsões… Em tempo: apesar de sexta-feira 13, hoje também é dia da abolição da escravidão. Será?
AFFTV