A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi palco nesta terça-feira (5) do maior movimento do setor rural brasileiro dos últimos vinte anos. Cerca de 24 mil produtores rurais, vindos de todos os estados da Federação, se reuniram pacificamente para pedir urgência na votação da proposta de reformulação do Código Florestal Brasileiro, que tramita na Câmara. As caravanas acamparam desde cedo em frente ao Congresso Nacional, onde participaram de uma intensa programação, que incluiu apresentação de berranteiros, missa campal, shows, discursos de autoridades e um abraço simbólico no prédio do Congresso. De acordo com os organizadores, o movimento superou todas as expectativas.
Bastante emocionado, o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária e um dos líderes da mobilização, foi o segundo a discursar no palco central. Ele agradeceu o apoio dos produtores e lideranças rondonienses e disse que o próximo passo será levar a matéria ao Plenário. “Quero agradecer de coração a todo o povo de Rondônia que veio para cá, e a todos os estados brasileiros que enviaram suas caravanas. Aqui estão bravos guerreiros, num movimento pacífico, alegre, para mostrar aos brasileiros a importância do produtor, a importância da produção”.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais de Cacoal, Carlos Dorchardt, relatou a situação difícil vivida pelos produtores, principalmente em relação à obtenção de crédito junto aos bancos. “A gente não está conseguindo crédito, porque ninguém tem floresta. Como é que alguém vai pegar um financiamento de pequeno agricultor se não tem floresta? Quem tem um alqueire vai ter que reflorestar meio alqueire, vai sobrar o quê? Nada!”, desabafou.
Outro produtor que também lamentou a situação precária no campo foi Laércio Martins Zambar, do município de Colorado, no Paraná. Ele produz leite, urucum e um pouco de milho e disse estar vivendo uma situação penosa. “Antes eu era produtor de café. Pegamos 10, 12 anos de crise. Erradiquei o café. Produzo leite há vários anos, mas o preço oscila muito. Essa lei ambiental, se for aprovada, já melhora bastante. Considero bastante positiva”, frisou.
Código estadual
Falando em nome da Assembleia Legislativa de Rondônia, o deputado Valter Araújo deixou claro a insatisfação dos rondonienses em relação à lei ambiental e antecipou que, se o Congresso não votar a reforma do Código Florestal, os deputados estaduais irão aprovar um código florestal próprio para o estado. “Isto é para dar dignidade aos trabalhadores rurais de Rondônia, que ocuparam a Amazônia atendendo a um apelo do Governo Federal e hoje estão sendo tratados como bandidos, e não aceitamos mais isso”.
Prazo para votação
A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), disse estar confiante na votação do projeto do Código na Câmara até o final do mês. “O presidente Marco Maia fez um compromisso com a nossa bancada que ia votar (o código florestal) em março. Ainda não deu, mas não vai passar de abril. Os produtores estão preocupados, angustiados, sofrendo muito com essa perseguição ambiental. E o que nós queremos, na verdade, é regularizar as áreas de produção, e também preservar os nossos biomas”.
No final da tarde, os líderes do movimento foram recebidos em audiência pelo presidente da Câmara. Marco Maia se comprometeu a discutir com os líderes partidários, já na próxima semana, a possibilidade de inclusão do relatório do deputado Aldo Rebelo na pauta de votações.
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