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    Mourão falha e desmatamento mantém viés de alta

    Dados confirmam recorde para junho e a maior área acumulada em alertas para o período fiscal desde 2008

    Área desmatada de 1.022 ha na APA Triunfo do Xingu, na cidade de São Félix do Xingu, no Pará, com alerta de desmatamento do Deter detectado entre agosto de 2019 a junho de 2020

    São Paulo, 10 de julho, de 2020 – O desmatamento segue alcançando níveis alarmantes na floresta Amazônica, é o que comprova os dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje. Os dados apontam alertas de desmatamento em uma área de 1.034 km² para junho, um aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado (935km²) e representam o pior junho desde 2007. Apesar dos números crescentes, o governo federal segue ineficaz em lidar com o problema, dando assim, prosseguimento à sua política antiambiental que fragilizou órgãos de fiscalização, como Ibama e ICMBio, enquanto prevê uma grande quantidade de recursos para operações militares ineficazes, sob comando do vice-presidente Hamilton Mourão.

    A opção do governo em não adotar um plano concreto para impedir o desmatamento e as queimadas na Amazônia, além de colocar vidas em risco, também aumenta dramaticamente a vulnerabilidade econômica do Brasil. Isto é cada vez mais visível na relutância de alguns países europeus a acordos comerciais com o Brasil, e nas cartas enviadas ao governo brasileiro por representantes de países, investidores e empresas internacionais pedindo ações concretas para a defesa da maior floresta tropical do planeta.

    A reação do governo às pressões é esconder o problema atrás de uma cortina feita de campanha publicitária, viagens e ações de fachada. “Mitigar e reverter os danos causados por esta política anti-ambiental à floresta e à imagem do país exigirá muito mais: precisamos de resultados concretos, e para isso será necessário um plano robusto para conter tamanha destruição, na linha do que foi o PPCDAM – a começar por ações de comando e controle em caráter permanente e executadas por órgãos competentes e bem aparelhados. Este é um caminho – já conhecido – que este governo insiste em ignorar”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace. “Os números crescentes estampam a verdade, se enganam aqueles que aceitarem o que foi apresentado pelo governo até então como uma garantia de mudança de cenário”, completa.

    A destruição avança com velocidade assustadora até mesmo em áreas protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas). Cerca de 67% do garimpo realizado na Amazônia no mês de junho ocorreu dentro dessas áreas. Foram desmatados 387 hectares para realização de garimpo em Terras Indígenas e 1.021 hectares em Unidades de Conservação somente no mês de junho. “Em meio a pior pandemia do século, nem mesmo o desastre ambiental de 2019 e a repercussão internacional do descaso do governo brasileiro com seu maior patrimônio natural e com os povos indígenas, parecem ser o bastante para fazer com que medidas concretas e inteligentes sejam tomadas para combater o crime na floresta”, avalia Cristiane.

    Apui, Amazonas Rodovia Transamazônica. À esquerda área em 28/03/2020 e à direita estado da área em 16/06/2020.

    O Deter aponta a tendência da taxa oficial de desmatamento (Prodes), mesmo sem o último mês do chamado “ano fiscal do desmatamento”, medido entre os meses de agosto e julho, a área com alertas já soma 7.540km² (agosto de 2019-junho de 2020) 10% de crescimento em comparação com o ano anterior fechado (6.844km² entre agosto de 2018 e junho 2019), é o maior acumulado para o período fiscal desde 2008. Como resultado já esperado deste cenário, a taxa oficial do desmatamento, que ultrapassou os 10.000 km² em 2019, tende a ser ainda maior em 2020. “Não temos mais tempo a perder, os dados estão evidenciando o rastro do fogo, é urgente a adoção de ações verdadeiramente eficazes para garantir a integridade da floresta e a vida daqueles que nela residem”, completa Cristiane.

    Karen Mota
    Assessoria de Imprensa Greenpeace

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