Na CLDF, diretor do DER se esquiva de culpa por queda do viaduto

Márcio Buzar disse que, enquanto esteve à frente da Diretoria de Edificações da Novacap, não recebeu demanda de reparo para a construção

Por Suzano Almeida – Michael Melo/Metrópoles –

Começou às 9h50 desta quinta-feira (22/2) audiência pública na Câmara Legislativa que vai tratar da queda do viaduto sobre a Galeria dos Estados, no Eixão Sul, no dia 6 de fevereiro. Os distritais querem saber de quem foi a culpa do desabamento.

O ex-chefe do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Henrique Luduvici, está presente. O governo mandou uma equipe para se defender das acusações de negligência. Participam da audiência o recém-nomeado diretor do órgão, Márcio Buzar, o diretor-presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Júlio Menegotto, e os secretários das Cidades, Marcos Dantas, e de Infraestrutura, Antônio Coimbra.

Luduvice, que é primo do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), foi exonerado um dia após a queda do viaduto. O Metrópoles mostrou que a autarquia deixou de investir mais de R$ 1,2 bilhão do seu orçamento entre 2015 e 2017. Desse total, R$ 4,2 milhões deveriam ser destinados à manutenção de estruturas elevadas da capital do país.

A saída de Ludivici causou mal-estar. Logo após o anúncio do governador Rollemberg, servidores do órgão saíram em defesa do ex-diretor, que alega ser responsabilidade da Novacap, e não do DER-DF, a manutenção das estruturas elevadas da capital. Na Câmara Legislativa, eles lotam a galeria do plenário em apoio ao ex-gestor.

Mesmo antes de falar, Ludivici foi aplaudido pelos funcionários do órgão. Márcio Buzar aproveitou a galeria lotada para eximir os servidores do DER de culpa pela queda do viaduto. Prometeu ainda batalhar por melhorias de cargos e salários no departamento. Por outro lado, ressaltou que não houve demanda para fazer o reparo no viaduto. “O meu trabalho na diretoria (de Edificações) da Novacap era apenas fazer o projeto”, acrescentou.

Durante a audiência, o presidente do Sindicato dos Engenheiros do DER, Cirilo Flávio, disse que o departamento foi responsabilizado “injustamente”. “Recaiu tudo sobre o DER. Nossa responsabilidade era a sinalização do local e a fiscalização. A Novacap é a responsável pela manutenção. Ficamos indignados”, disse.

No dia em que parte do viaduto caiu, o governador já deu sinais de que a culpa recairia sobre Luduvici. Ele admitiu que a construção não recebeu qualquer tipo de reparo nos últimos anos e foi vaiado. “Brasília é uma cidade que está envelhecendo. Fizemos manutenção e reforço de estrutura em vários locais, mas esse ainda não tinha recebido o serviço”, explicou.

Antônio Coimbra saiu em defesa de Rollemberg. Disse que o problema com as obras de infraestrutura da capital vem governos anteriores “que preferiram priorizar obras faraônicas”. A crítica é referente a grandes construções, como o Estádio Mané Garrincha, que está sob suspeita. “Nem federação de futebol nós temos. Não adianta acusar o governador”, disse. Ele aproveitou para mostrar que, somente na Rodoviária do Plano Piloto, a gestão atual investiu R$ 67,7 milhões desde 2016.

Buzar endossou o discurso. “O governo passado e outros fizeram escolhas erradas, dando prioridades a coisas sem necessidades, como foi o estádio, incluindo um túnel nos arredores, que lutei contra e consegui evitar a construção”, ressaltou.

Inimiga política de Rollemberg, a distrital Celina Leão (PPS) usou sua fala para acusar o chefe do Executivo de usar indevidamente recursos do DER. “Tramita no TCDF (Tribunal de Contas) uma ação neste sentido. O responsável é o governador, mas aqui se fala dos grandes feitos dele e não do viaduto”, disse, acrescentando que vai entrar com uma representação contra o socialista.

Por sorte, ninguém se feriu no desabamento do viaduto da Galeria dos Estados, que continua interditado. Cinco carros e um restaurante foram atingidos. Quatro automóveis ainda continuam soterrados. O GDF prometeu aos proprietários que vai cobrir todos os danos.

O advogado Paulo Goiás entrou com uma ação contra o GDF. Durante a audiência, ele disse que apontou a culpa do desastre para a Novacap. “Os responsáveis principais são o senhor Márcio Buzar (ex-diretor de Edificações da Novacap) e Júlio Menegotto (presidente da empresa). Se eles não sabiam, que digam na minha ação civil pública quem são as pessoas. Do contrário, se trata de omissão”, disparou.

“Até que ponto nós somos, como cidadãos, pagar impostos altíssimos e terem gestores que recebem altos salários e sequer conseguem fiscalizar viadutos?”, criticou o advogado. Buzar disse que não tem conhecimento da ação de Paulo Goiás e que a queda do viaduto “não pode virar espetáculo politico”.

O presidente da Câmara Legislativa, Joe Vale (PDT), propõs a realização de um seminário e não descarta a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para discutir os problemas detectados em construções da cidade, como as pontes do Bragueto e Honestino Guimarães.

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