Com a licitação do primeiro aterro sanitário, o lixão da Estrutural fecha e o sistema de coleta seletiva será implantado em dezembro de 2013. GDF colocará caminhões de lixo especiais para fazer a coleta seletiva em todas as cidades em dias alternados à coleta convencional
Keyla Reis
koliveira@grupocomunidade.com.br Redação Jornal da Comunidade
No dia 30 de julho seria conhecida a empresa vencedora da licitação para construir o aterro sanitário oeste, em Samambaia, contudo, uma decisão do Tribunal de Contas do DF (TCDF) suspendeu por prazo indeterminado a licitação, em razão de representação contra alguns termos do edital. O processo está a cargo do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Com o resultado da licitação novos rumos ao processo de coleta de lixo na cidade serão tomados.
De acordo com o SLU, no DF são gerados 2.700 mil toneladas de lixo por dia. Por mês são quase 70 mil toneladas, o que movimenta cerca de 6 mil empregos formais e emprega 4.280 garis. Até dezembro o GDF irá fechar o lixão da Estrutural, onde atualmente é despejado o lixo. No dia 12 de agosto, será conhecida a empresa ganhadora da licitação que irá executar o serviço de coleta seletiva na cidade. Segundo o diretor do SLU, Gastão Ramos, a coleta seletiva no DF será estabelecida em todas as cidades administrativas em dezembro deste ano. Acompanhe a entrevista exclusiva para o Jornal da Comunidade.
Qual o impacto econômico com a coleta seletiva?
Mais do que o impacto econômico é o ganho de qualidade de vida e o ganho ambiental, por isso estamos trabalhando para implantar o primeiro aterro sanitário no DF. O governo do Distrito Federal tem uma política de resíduos sólidos. O governador Agnelo determinou que o lixão fosse fechado até dezembro de 2013, apesar de a lei permitir que seja fechado até agosto de 2014. Para isso algumas ações estão sendo tomadas como a construção do primeiro aterro sanitário, sanando um problema que existe há mais de 50 anos no centro da capital do país.
E como funcionará o aterro sanitário?
Será na região de expansão de Samambaia. Não teremos a entrada de catadores, nem a entrada de material da construção civil. O que vai para lá são os rejeitos da coleta seletiva e da coleta convencional, e esses rejeitos serão tratados com uma estação de tratamento do chorume (de responsabilidade da Caesb). Teremos uma metodologia adequada com mantas de impermeabilização cobertas e tratamento químico (em camadas) por outras mantas, portando não precisa temer odor, nem aves sobrevoando o aterro.
E como está a licitação do aterro?
As licitações estão na rua. A Novacap está fazendo a parte de infraestrutura, a Caesb está fazendo a estação de tratamento de chorume, e a nossa licitação que é essa vala, que chamamos de primeira célula.
Como ficam os catadores com essa nova política de coleta?
Os catadores que hoje estão no lixão representam o que chamamos de economia solidária, onde várias famílias dependem desse sustento. Está em processo de licitação, abrindo no dia 12 de agosto, a coleta seletiva em todo o Distrito Federal. Dividimos o DF em quatro quadrantes (áreas). Estamos licitando a área urbana e a rural todo o quadrante. A divisão foi feita por um balanceamento de carga. Cada lote (quadrante) é equitativo. O governador quer que os catadores possam trabalhar de maneira digna e humana, com cidadania. Por isso, 100% da coleta será destinada às cooperativas e associações de catadores.
Como isso será feito?
Estamos construindo paralelamente quatro galpões ou centros de triagem. O GDF fez um convênio com o BNDES para a construção de mais oito galpões em áreas cedidas pela União, que também serão para os catadores. Teremos condições de acolher todos os catadores nesses galpões. Lá terão vestiários, banheiros, chuveiros, sala multiuso para capacitação, ensino, palestra, área administrativa, refeitório equipados com geladeira e forno de micro-ondas, além de banheiros para portadores de necessidades especiais. Toda a área dos galpões será sustentável, com telhas solares, aproveitamento de água das chuvas, esteiras, prensas e balanças.
Onde funcionarão os centros de triagem?
Os quatro centros serão em dependências do SLU e os outros oito serão em terrenos da União, doados às cooperativas. Destes, quatro terrenos foram doados pela União para as cooperativas.
Sobre a coleta seletiva, há uma previsão de quando será totalmente implantada na cidade?
Até dezembro. A coleta seletiva depende basicamente de cada um de nós. Ela começa dentro da nossa casa. O cidadão precisa se conscientizar que não adianta colocar caminhões modernos, ter um processo moderno de coleta, ter tudo moderno se ele não fizer a parte dele. A coleta seletiva não vai perturbar a coleta convencional. Ela será feita em dias alternados à coleta convencional, com caminhões de lixo especiais para realizar essa coleta.
Atualmente existe coleta seletiva em alguns pontos do DF?
Sim. Na Asa Sul, Asa Norte (quadras 100, 300, 200 e 400), Lago Norte, Brazlândia, parte do Cruzeiro e em dois conjuntos no Lago Sul; todos esses resíduos são entregues aos catadores.
Além do aterro sanitário e dos centros de triagem o que o GDF está fazendo para implantar com eficiência a coleta seletiva no DF?
Nós queremos que o GDF seja referência em política de resíduos sólidos, por isso estamos fazendo tudo junto: eco pontos, area de transbordo e tratamento de resíduos (ATTRs) da construção civil – para isolar um lixo do outro – e os aterros de manejo.
Como será feita a divulgação da coleta seletiva no DF?
Faremos uma campanha de divulgação em toda a cidade, a exemplo da campanha realizada para conscientizar e educar a população a fazer uso da faixa de pedestres. Se não tiver a participação da população nada disso terá sentido. Queremos que Brasília seja referência em coleta seletiva. Queremos chegar, inicialmente, a 15% de resultado na coleta seletiva. Os mecanismos são para índices superiores a isso. Se fizermos um trabalho junto com a população eu tenho certeza que teremos resposta. Nossa intenção é também levar essa conscientização para as escolas públicas e particulares, com nosso grupo de teatro. As crianças de hoje são os multiplicadores da educação e consciência ambiental.
Fonte: Jornal da Comunidade