Novos vídeos comprometem secretário do DF
Imagens mostram que Weligton Moraes sabia do suborno que seria pago a Sombra para depor em favor de Arruda
De Carolina Brígido e Bernardo Mello Franco:
Vídeos gravados pelo jornalista Edimilson Edson dos Santos, o Sombra, revelam que o secretário de Comunicação do Distrito Federal, Weligton Moraes, sabia do suborno que seria pago a ele (Sombra) em troca de um depoimento favorável ao governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) nas investigações do suposto esquema de corrupção instalado na administração local. Testemunha importante no inquérito, Sombra é amigo de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo de Ar
ruda e delator do esquema.
No diálogo com Weligton, Sombra reclama que Bento parou de ligar para falar da propina:
— Hoje deu uma esfriada, o Bento não me ligou hoje de manhã, porque ele vem me ligando todos os dias. Eu liguei pra ele. Ele disse que teve um problema. Ele disse que me ligava já já. Até agora. Das duas uma: ele tem certeza que eu vou fazer o que ele pediu, ou ele tá armando pra me dar um flagrante.
Na quarta-feira, Antônio Bento da Silva, funcionário aposentado da Companhia Energética de Brasília (CEB) e suposto emissário de Arruda, foi preso em flagrante pela Polícia Federal tentando subornar Sombra com R$ 200 mil em dinheiro. Foi o próprio jornalista quem avisou a PF e, antes, registrou as negociações em vídeos.
Em uma conversa com Weligton, Sombra reclama da desorganização das negociações com Antonio Bento. Weligton interrompe a conversa para dar um telefonema, aparentemente para tentar acelerar a transação.
Em troca do dinheiro, Sombra teria de lançar dúvida sobre os vídeos gravados por Durval, nos quais são mostrados pagamentos de propina a aliados do governador. O jornalista também teria de apresentar uma declaração dizendo que deixou de trabalhar nos vídeos de Durval quando percebeu que eles eram manipulados para prejudicar Arruda. A minuta dessa carta foi apreendida pela PF.
Vários vídeos de Sombra mostram diálogos com Bento, que oferece R$ 1 milhão pela colaboração, divididos em cinco parcelas de R$ 200 mil. Num deles, Bento sai apressado, porque iria conversar sobre o assunto com um gerente do Banco de Brasília (BRB).
— Ele (Arruda) tá pronto pra pagar. Ele só tá esperando marcar (o depoimento). Eu vou no BRB agora. O diretor disse: “se esse negócio não se resolver, eu vou ser o culpado. Vamos resolver isso” — disse Bento.
Em outro diálogo, Antônio Bento diz ter visto o dinheiro reservado para o suborno em caixas de papelão num banheiro. Segundo Sombra, o dinheiro teria sido mostrado a Bento pelo próprio Arruda, na residência oficial de Águas Claras.
Outro vídeo mostra Bento pressionando o jornalista a entregar logo a declaração que prejudicaria Durval. Sombra se recusa a assinar o texto antes do fim da negociação. Procurado pelo GLOBO, Weligton não foi encontrado. Os advogados de Arruda não retornaram as ligações com pedido de entrevista.
Apontado como intermediário do governador na negociação do suposto suborno, Rodrigo Arantes, sobrinho de Arruda, pediu afastamento do governo do DF. Ele era secretário particular do tio e alegou, em carta, que não poderia permanecer no cargo durante as investigações. Leia mais em O Globo