OPERAÇÃO MONTE CARLO – Empresas ligadas a Cachoeira receberam R$ 300 mi em Goiás

 

O Popular, Goiânia

Relatório do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Goiás mostra que 43 prefeituras goianas assinaram algum tipo de contrato com 14 empresas ligadas ao empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, incluindo a Delta Construções. Até a Alberto & Pantoja Construções, que só existe no papel, aparece na lista, como vencedora de dois processos licitatórios em Valparaíso de Goiás, no entorno do Distrito Federal. No relatório não aparece se há ou se está sendo apurada alguma irregularidade nos contratos.

Ao todo, essas empresas movimentaram pelo menos R$ 300 milhões, entre janeiro de 2002 e 12 de abril de 2012, considerando apenas os CNPJs informados no ofício encaminhado ao TCM pelo presidente da CPMI do Cachoeira, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). O Tribunal incluiu ainda o CNPJ da matriz da Delta Construções, além dos cinco que já apareciam no ofício. Mas a empresa, conforme O POPULAR apurou, tem pelo menos 34 CNPJs.

Excluindo a Delta da lista, os valores repassados a empresas ligadas a Cachoeira caem para R$ 3,8 milhões. São consideradas empresas ligadas a Cachoeira aquelas cujos sócios são membros da suposta quadrilha ou laranjas destes membros, incluindo parentes de Cachoeira. O documento do TCM foi encaminhado na semana passada para a CPMI do Cachoeira, que apura as extensões políticas do grupo do empresário – apontado como o maior explorador de jogos ilegais em Goiás e com ramificações em pelo menos quatro Estados.

A Alberto & Pantoja que, segundo a Polícia Federal, teve mais de 99% da receita oriunda da Delta Construções – o que representou entre maio de 2009 e abril de 2010 algo em torno de R$ 26 milhões –, recebeu R$ 3.698,00 da Prefeitura de Valparaíso em contratos de aquisição de material de construção e de material para uso da divisão de trânsito.

Foi também em Valparaíso que outra empresa ligada a Cachoeira, a MZ Construções, recebeu R$ 327.062, 00 em contratos entre 2009 e 2011. Relatório da Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo aponta que a empresa era usada por José Olímpio Queiroga Neto para lavagem de dinheiro oriundo dos jogos ilegais no Entorno do Distrito Federal. Queiroga – que se encontra foragido – aparece na Monte Carlo como o segundo no comando dos jogos no Entorno, abaixo apenas de Cachoeira.

A MZ Construções, que está em nome dos filhos de Queiroga, venceu contratos de fornecimento e aplicação de massa asfáltica em 2009, que lhe renderam R$ 289.712,00 e um de locação de um imóvel, com o qual faturou R$ 37,5 mil em 3 anos.

Já a Alberto & Pantoja, cujo administrador seria Geovani Pereira da Silva, apontado pela PF como o centro financeiro do grupo liderado por Cachoeira, venceu dois processos para fornecimento de material de construção e material usado para sinalização de trânsito. Geovani também está foragido e, segundo a polícia, os nomes que aparecem como sócios da empresa podem ter sido forjados. No endereço que consta da empresa há outro estabelecimento comercial.

Na lista do TCM aparecem também contratos com a WCR Comunicações, que edita um jornal em Anápolis e controla uma emissora de televisão. De acordo com a Polícia Federal, a empresa pertence de fato a Cachoeira, mas estaria em nome de um laranja, o empresário Carlos Antonio Nogueira, o Botina. Carlos Antonio nega a suspeita e diz que Cachoeira nunca teve ingerência na empresa. Nos últimos 10 anos, a WCR levou mais de R$ 1,5 milhão em contratos com sete prefeituras, segundo o TCM.

Antes da WCR, quem administrava o jornal e a emissora, que a PF diz serem de Cachoeira, era a Rádio Goiás Sul FM, cujo proprietário seria Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do empresário. A Goiás Sul também aparece no relatório do TCM, tendo levado R$ 59 mil em contratos com 5 prefeituras.

O nome da Ideal Segurança aparece na lista. Entretanto, os contratos divulgados foram celebrados antes que ela fosse vendida a suspeitos de agirem em conluio com Cachoeira. A venda ocorreu no começo do ano passado. Os contratos, pagos em 2009 e 2010, renderam R$ 128 mil para a empresa.

As outras empresas citadas no relatório receberam entre R$ 315 mil e R$ 128 mil pelos contratos com a Prefeitura. Uma delas seria uma distribuidora de medicamentos que pertence a um irmão de Carlinhos Cachoeira, com sede em Goiânia.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de Valparaíso, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta sobre os contratos com a MZ Construções e a Alberto & Pantoja.

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