Em entrevista ao Correio, o ex-governador do DF Agnelo Queiroz afirmou apostar na união no Distrito Federal dos partidos da base de sustentação da campanha de Lula, defende seu legado no governo do DF, fala de erros e acertos e diz que foi perseguido por “justiceiros” da Operação Lava-Jato.
E garante: faria novamente o estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, criticado por adversários e alvo de ações judiciais. “Talvez a miopia e uma visão extremamente provinciana não compreendam o que significa essa arena multiuso”.
Esse pessoal do PT é simplesmente de outro mundo. Eles acreditam cegamente que Lula é inocente (quando na verdade, amigos que ele e Dilma colocaram no STF anularam sentenças do suposto “líder das pesquisas”).
Que “visão provinciana”? Que “miopia”? Que “legado”? Tirar dinheiro da Terracap e aplicar no estádio que até ficou anos às moscas e cuja administração foi terceirizada? O dinheiro gasto pela Terracap daria para ter construído creches, escolas e hospitais.
No caso do petista Agnelo Queiroz, suas declarações são uma verdadeira afronta à inteligência e memória do eleitor brasiliense. É preciso lembrar que Agnelo e Filippelli (seu vice-governador) construíram o Estádio Nacional Mané Garrincha com boa parte do dinheiro oriundo da TERRACAP (Companhia Imobiliária de Brasília), que quase faliu.
A empreiteira Andrade Gutierrez, que integrou o consórcio responsável pela construção da arena mais cara da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, confessou um esquema de propina para conseguir obras federais, incluindo as do Mundial de futebol. A arena custou R$ 1,6 bilhão, mais do que o dobro do valor inicial, previsto em R$ 670 milhões. Seria ainda o segundo estádio mais caro do mundo, perdendo somente para Wembley, em Londres. O Mané Garrincha foi construído pelo Consórcio Brasília, formado pela Andrade Gutierrez e pela Via Engenharia.
Enquanto a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) permanecia omissa no governo da dupla Agnelo e Filippelli, antes mesmo de a bola rolar na disputa da Copa do Mundo, relatório do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) divulgado em março de 2014 apontava suspeita de superfaturamento do Mané Garrincha devido a uma série de aditivos acrescentados ao valor da obra ao longo da execução do empreendimento.
Responsável pelo inquérito que investiga a participação de ex-chefes do Executivo local em milionário esquema de corrupção durante a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, a delegada da Polícia Federal Fernanda Costa de Oliveira detalhou que o recebimento do dinheiro ilícito pelos investigados ocorria de três formas: em dinheiro, via operadores; por meio de doações eleitorais; ou em pagamentos de eventos de parceiros políticos, como a compra de ingressos para a Copa do Mundo.
“Temos laudos periciais do processo licitatório que apontam direcionamentos. A delação não se presta só a mostrar narrativas. Os delatores apresentam provas que corroboram a história”, afirmou a delegada.

Em 2020, uma juíza bloqueou R$ 37 milhões de Agnelo e Filippelli por propinas e superfaturamento em obras do Mané. O ex-governador e e ex-vice do DF são acusados de improbidade administrativa por suposto superfaturamento no contrato de reforma e construção do Estádio Nacional Mané Garrincha.
Também Agnelo e Filippelli construíram o Centro Administrativo (Central) em Taguatinga , numa Parceria Público Privada que deu em nada, e cujo contrato com a construtora foi cancelado na semana passada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Uma obra faraônica, localizada no fim do mundo, sem a construção de novas vias de acesso, para colocar Secretarias do GDF. No último dia de governo, Agnelo inaugurou praticamente sozinho o empreendimento, em 2014. E ainda tem o BRT…
O ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) teria recebido R$ 1 milhão via caixa 2, em 2010, para viabilizar o Centro Administrativo do DF (Centrad), construído pela Odebrecht em parceria com a Via Engenharia. A quantia teria sido repassada como apoio à campanha eleitoral de “Comprido”, codinome do petista nas planilhas de pagamento da empreiteira, e em seis parcelas. A informação consta da delação premiada de João Antônio Pacífico Ferreira no âmbito da Operação Lava Jato.
“Nós fizemos essa doação porque tínhamos interesse que ele (Agnelo) mantivesse e desse prioridade à obra do Centro Administrativo de Brasília, que era um contrato de PPP, uma concessão, que precisava ser implementada e que foi ele que deu essas garantias para que o contrato fosse viabilizado”, diz João Pacífico, em um trecho do depoimento.

A propina paga pela Odebrecht relativa à construção do Centro Administrativo do GDF (Centrad), em Taguatinga, não teria chegado só ao bolso do ex-governador Agnelo Queiroz (PT). Segundo o depoimento de um ex-executivo da empreiteira, o ex-vice-governador Nelson Tadeu Filippelli (MDB) também foi beneficiado.
João Antônio Pacífico, ex-superintendente regional da construtora, afirma que o emedebista recebeu R$ 2 milhões em recursos ilícitos do consórcio formado para a empreitada, uma parceria da Odebrecht com a Via Engenharia.
O pagamento a Filippelli, ex-assessor especial do ex-presidente Michel Temer, teria sido feito em 17 de fevereiro de 2014. Agnelo teria recebido R$ 500 mil em 8 de setembro, e os partidos de ambos, outros R$ 15 milhões conforme tabela. Quatro anos antes, Agnelo havia recebido R$ 1 milhão, também no âmbito do Centrad.
Após a soltura de Lula, petistas enrolados em denúncias de corrupção agora jogam para a plateia, fingem que são honestos e que tudo não passou de “perseguição” da Lava Jato. Não é o que revelam delações, documentos e investigações.
Já que parte do Judiciário está comprometido em liberar notórios corruptos, resta ao eleitor fazer sua parte e não votar nesses indivíduos que acham que a população do Distrito Federal não tem memória.
Agnelo quer ser deputado federal e Tadeu Filippelli sonha ser distrital. Mas quando tiveram a chance de governar o DF, pisaram na bola e agora fingem que são honestos.
Pelo cinismo explícito na entrevista dada ao Correio, Agnelo Queiroz deveria ter vergonha na cara e respeitar a população do DF e não se candidatar a nada. Ou ele já combinou com a Justiça que escapará de tudo? Vão dizer agora que foi um simples crime eleitoral, pagar uma multa e ficar por isso mesmo?
Quantas pessoas morreram por falta de leitos e cirurgias nos hospitais do DF? Quantas crianças ficaram sem creche no governo do petista?
O Ministério Público têm feito sua parte na defesa dos interesses públicos, assim como os investigadores da Polícia Federal. Infelizmente, políticos têm usado amigos influentes no Judiciário para se livrar de acusações e até de sentenças. Com isso, a insegurança jurídica ressurgiu assim como notórios corruptos, que buscam agora o retorno à política.
Nestas eleições, não vote em políticos denunciados, investigados ou condenados por corrupção.
Político que rouba e mente, não merece uma segunda chance.