Oposição pede informações de Petrobras e Caixa

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes, protocola requerimentos na Mesa Diretora, comandada pelo peemedebista Renan Calheiros, para ter acesso a dados sobre os negócios suspeitos envolvendo pessoas ligadas ao lobista João Augusto Henriques

MARCELO ROCHA
 
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), protocolou, na tarde desta terça-feira, dia 20, requerimentos de informação endereçados aos ministros Edison Lobão (Minas e Energia) e Guido Mantega (Fazenda). Nunes pediu aos dois ministros detalhes sobre os negócios realizados pela Petrobras e pela Caixa envolvendo pessoas ligadas ao lobista João Augusto Henriques. Em suas duas últimas edições, ÉPOCA revelou a existência de um esquema de propina do PMDB na área internacional da Petrobras, a partir de uma entrevista concedida pelo lobista e apurações realizadas em Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O nome da Caixa também surgiu em meio às denúncias.

A Petrobras se nega a prestar esclarecimentos sobre o assunto. Nas duas últimas semanas, ÉPOCA enviou à estatal mais de 25 perguntas. De acordo com João Augusto, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado das empresas que faziam negócios na área internacional era repassado a deputados do PMDB em Brasília. Num deles, segundo o lobista, a construtora Odebrecht, que assinara contrato de quase US$ 1 bilhão, repassara, por orientação dele, o equivalente a US$ 8 milhões ao PT, em plena campanha presidencial de Dilma Rousseff. Além do contrato com a Odebrecht, João Augusto mencionou a venda da refinaria de San Lorenzo, avaliada em US$ 110 milhões, ao empresário Cristóval López, amigo da presidente Cristina Kirchner, e o aluguel de um navio-sonda da empresa Vantage por US$ 1,6 bilhão.

No requerimento destinado ao ministro Lobão, o senador Aloysio Nunes pede informações sobre os três negócios suspeitos – como datas, valores, os setores e os executivos responsáveis pelos contratos. O parlamentar também pede acesso a uma cópia desses documentos, além do resultado de uma auditoria interna que avaliou a contratação da Odebrecht. O Ministério de Minas e Energia, comandado por Lobão, tem um representante no Conselho de Administração da Petrobras – atualmente, quem ocupa a função é Márcio Zimmermann, secretário-executivo da pasta.

Os pedidos de informações do senador do PSDB foram protocolados na Mesa Diretora do Senado. A Mesa tem sete integrantes, dois deles do PMDB: o presidente, Renan Calheiros (AL), e o segundo vice-presidente, Romero Jucá (RR). Os demais são Jorge Viana (PT-AC), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Ângela Portela (PT-RR), Ciro Nogueira (PP-PI) e João Vicente Claudino (PTB-PI). Um entre os sete integrantes será escolhido para estudar a legalidade dos requerimentos de Aloysio Nunes. Não existe prazo para essa providência. Após a análise, caso sejam aprovados pelo colegiado, os pedidos seguem para os ministros Edison Lobão e Guido Mantega, que têm um mês para respondê-los.

No caso da Caixa, subordinada a Mantega, Aloysio Nunes quer saber dados do acordo de cooperação firmado entre a estatal e a empresa Brasil Solair, da qual são sócios o economista Felipe Diniz e o advogado Bruno Queiroga. No ano passado, a Caixa fechou convênio com a Brasil Solair. Pelo convênio, a Caixa pagaria R$ 6,2 milhões à empresa. Em troca, a Brasil Solair forneceria placas de energia solar a mil residências, no interior da Bahia, para o programa Minha Casa Minha Vida. De onde sairia o dinheiro para a Brasil Solair? De um fundo específico na Caixa, conhecido como Fundo Sócio Ambiental, criado para “apoiar iniciativas de inovação” – e cujo presidente foi indicado pelo PMDB. Até agora, a Brasil Solair já recebeu R$ 6 milhões. Procurada por ÉPOCA para esclarecer as circunstâncias do convênio, a Caixa negou-se a informar quem analisou, no banco, a proposta da Brasil Solair ou quanto tempo a proposta tramitou no banco antes de ser aprovada, além de fornecer cópia do acordo.

 

 

Fonte: Época

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