Os 4 coringas de Rollemberg

Não se espantem

POR JOÃO ZISMAN – PORTAL POLITIQUÊS –

Seria injusto responsabilizar unicamente o acaso como principal fator da vitória eleitoral de Rollemberg em 2014. Porém, passados quase 1 ano e meio de governo, é legítimo questionar se a vitória não foi surpreendente e inesperada, tanto para o governador, quanto para o seu partido (PSB). …

 

Num pequeno retrospecto da campanha, é de reconhecer que o Governador Rollemberg se mostrou um candidato disciplinado, e, sobretudo, paciente. Partiu para a disputa, pontuando nas pesquisas com índices inexpressivos. Teve calma e soube tirar proveito dos desacertos e fundamentalmente do imbróglio jurídico que acompanhou a mal fadada candidatura de Arruda. Nem mesmo o currículo reforçado e a limpa reputação de Jofran Frejat, que assumiu a disputa no lugar de Arruda, foram suficientes para desfazer a conjunção de fatores favoráveis que levaram Rollemberg a vencer a eleição.

 

Paralelamente à disputa, a candidatura de Agnelo Queiroz não chegou ameaçar qualquer outro concorrente. Muito pelo contrário. O governador petista usou os seus quatro anos de mandato para sepultar seu futuro político. O PT, acostumado a polarizar as eleições do Distrito Federal, perdeu o discurso da ética e a confiança da militância, enquanto, observou de camarote o crescimento exponencial do sentimento de ojeriza da população pela legenda.

 

Um dos aspectos que corroboram o entendimento de que o partido do governador eleito (PSB) não se preparou para vitória, é o fato de não ter conseguido eleger nenhum parlamentar: os dois senadores eleitos eram do PDT (agora Cristovam está o PPS e Reguffe está sem partido), a bancada deputados federais contava com PT, PR, PSDB, PP, SDD, PROS e DEM e na Câmara Legislativa a “sopa de letrinhas” continha PRB, PMDB, PTC, PTB, PEN, PV, PP, SD, PSDB, PRTB e PPL, menos o PSB.

 

Os candidatos a deputado distrital do PSB obtiveram ao todo 110.906 votos, o que por sua vez seriam suficientes para eleger ao menos 1 distrital, já que o coeficiente eleitoral foi de 63.549. Provavelmente o partido conseguiria eleger mais 1 parlamentar, considerando os cálculos das sobras. Entretanto, o partido ficou espremido numa coligação com PDT e SDD, onde foram eleitos Celina Leão, Joe Valle e Reginaldo Veras, pelo PDT, e Sandra Faraj (SDD).

 

Estranhamente, o governador Rollemberg esperou mais de um ano para encontrar uma forma de entregar uma cadeira ao PSB (seu partido), alçando o 1º. Suplente Roosevelt Vilela para assumir o mandato de distrital, apesar de que a solução, para tanto, sempre foi simples, única e óbvia: faz um titular assumir uma secretaria e o suplente da coligação assume.

 

A relação cambaleante do Buriti com Câmara Distrital a cada dia fica mais evidente. Hoje seria um exercício de chute afirmar quantos dos 24 deputados devem ser considerados como base. E é este clima entre Governo e Câmara que fez acender o sinal de alerta no Buriti e principalmente na cúpula do PSB. Sem confiar no tamanho de sua base de apoio na CLDF, o governador parece ter sido convencido de que o seu partido deve ter deputados na CLDF em 2018.

 

Com a “caneta” na mão, o Governador Rollemberg tem colocado em cargos estratégicos da Administração, ex-candidatos, que irão, desta vez, receber a missão partidária de disputar as próximas eleições. Dentre eles, se destacam: Jaime Recena, Ígor Tokarski, Henrique Ziller e Júlio Menegotto. Esses quatro nomes são verdadeiros coringas na Administração. Mudam de função, por vezes parecem perder poder, mas de fato, são os principais colaboradores e da maior confiança de Rollemberg.

 

O indicativo de que o rolo compressor do PSB deu partida, é à saída de Júlio Peres da secretaria de obras. No pivô do episódio está o coringa Julio Menegotto, presidente da Novacap, que apesar de subordinado a Peres, já não lhe rendia sequer o respeito hierárquico. Por fim, Menegotto ainda conseguiu emplacar seu subordinado, o diretor de urbanização da Novacap, Antônio Coimbra como novo secretário de obras.

 

Não se espantem. A secretaria de obras não será a primeira cujo titular mandará menos que seus subordinados.

 

Pior é se Brasília virar de vez por todas uma Gotham City. Vixe! E lá só tinha um coringa.

 

Por João Zisman

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