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CHICO LEITE, deputado distrital

Troca de partido durante a janela de transferência pode prejudicar o eleitor

A janela de transferência partidária é benéfica?

Pela ótica da sociedade, há benefício se a janela puder proporcionar ao parlamentar o reencontro com seus eleitores, libertando-o dos interesses que atendem apenas às cúpulas partidárias. Mas, em muitos casos, a saída de um partido para ingresso em outro é feita a partir de critério estritamente pessoal. Alguns nem sequer leram o estatuto ou o regimento do novo partido. Não vão querer saber de filosofias e ideais, nem estarão interessados em benefícios para o eleitor e, consequentemente, para a sociedade. É uma janela em que os políticos observam apenas vantagens para si. Uma paisagem de benefícios em causa própria.

A janela desrespeita o eleitor?

Com o argumento válido de abrir a possibilidade para os políticos de reencontrarem-se com seus eleitores, porque o partido os traiu, poderemos assistir ao inverso: políticos atraídos por benesses, materializadas em cargos ou em negócios – porque a cultura política nacional está lamentavelmente fincada em negociatas -, venderem suas consciências e suas bases eleitorais, por facilidades oferecidas por governos inescrupulosos ou por  partidos que foram criados para serem “empresas” ou balcões de negócios.

Quem perde mais? 

A possibilidade de mudança de partido abre duas possibilidades contraditórias: pode ser o reencontro do político com seu eleitor, para não ter que se submeter à ditadura da direção partidária; mas pode ser também um balcão de vendas de consciências, na medida em que a mudança se dê com base em interesses negociais ou na mera opção por um projeto pessoal de poder, afastando-se, por isso, do projeto ideológico, prometido ao eleitor.

Os partidos também perdem?

Quem mais pode perder ou ganhar, seguindo essa lógica, é o eleitor: se o político muda para se encontrar com ele, superando a ditadura da direção partidária, ele ganha; mas se a mudança se dá por objetivo pessoal, para aderir ao governo ou buscar possibilidade de negócios, o eleitor perde, porque é traído em sua a confiança.

A janela mercantiliza as instâncias políticas?

A janela vai distinguir quem quer fazer uma mudança por motivos ideológicos de quem quer sair por motivos não-republicanos.

 

 

Fonte: Do Alto da Torre/Jornal de Brasília

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