PITIMAN ENTREGA CARTA DE DEMISSÃO

Do Correio Braziliense: Após semanas de fritura política, Luiz Pitiman entrega carta de demissão

Ana Maria Campos

O secretário de Obras, Luiz Pitiman, vai deixar o governo. Após semanas de fritura política, ele entregou ontem a carta de demissão ao governador Agnelo Queiroz.

O encontro foi tenso. A saída do secretário de Obras vinha se desenhando há semanas. Indicado pelo vice-governador Tadeu Filippelli — do aliado PMDB —, Pitiman perdeu também o apoio de seu padrinho. O motivo é uma postura considerada muito independente por Filippelli e desagregadora pela cúpula do PT.

Pitiman começou a cair quando demonstrou abertamente intenção de disputar, mesmo a longo prazo, uma candidatura majoritária, ao próprio Palácio do Buriti ou ao Senado. Desagradou, assim, o secretário de Governo, Paulo Tadeu, e também o próprio Filippelli, ambos nomes na disputa pela sucessão de Agnelo em eleições no futuro. O vice-governador tenta agora emplacar o sucessor. O nome forte é o presidente da Novacap, Maurício Canovas, que sempre integrou a equipe de obras de Filippelli. Mas o momento é crítico. Petistas querem um representante dos dois grupos políticos.

Procurada pelo Correio, a assessoria de Agnelo confirmou a carta de demissão, mas disse que o governador ainda não tomou uma decisão sobre o pedido. A informação oficial é de que Pitiman é um aliado do governo onde estiver, seja no Executivo ou na Câmara. Ele assumirá o mandato de deputado federal, desabrigando, assim, o suplente Ricardo Quirino (PRB), representante da Igreja Universal do Reino de Deus no Legislativo. Esse era um detalhe que Agnelo precisava resolver. Os evangélicos são uma forte base de apoio do governo. Por isso, é possível que Quirino ganhe um cargo no Executivo.

Disputa

A queda de Pitiman revela uma disputa nos bastidores pelo setor de infraestrutura. Pitiman chegou a participar diretamente de uma rebelião na base de apoio do governo durante votações de projetos de interesse do Executivo. Mas foi derrotado pelo grupo liderado por Paulo Tadeu e pelo presidente da Câmara, deputado distrital Patrício (PT). Petistas também reclamam de que Pitiman é arrojado. Vinha inaugurando obras sem convidar integrantes do PT.

Na visão do partido, tentava consagrar-se como um nome forte na política. Pitiman tornou-se conhecido no Distrito Federal quando assumiu a Presidência da Novacap, no governo Arruda, por indicação de Filippelli. Ele foi o elo de aproximação entre o ex-governador José Roberto Arruda e Filippelli, até então um dos principais aliados do também ex-governador Joaquim Roriz. Pitiman foi procurado pelo Correio ontem, mas não atendeu o telefone celular.

De acordo com integrantes do Palácio do Buriti, Pitiman saiu muito contrariado da conversa com Agnelo. Na hora do almoço, reuniu-se com Filippelli. O vice-governador não quis comentar o assunto. Há duas semanas, Filippelli garantiu ao Correio que era solidário ao secretário de Obras, integrante de seu partido, e ex-braço direito. Mas pessoas próximas de Filippelli estranharam a declaração, uma vez que era explícito o desgaste na relação entre os dois antigos parceiros. Pitiman teve atuação importante em campanhas de Filippelli e já foi considerado um homem de grande confiança do presidente regional do PMDB.

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