PT E PMDB ASSUMEM A UNIÃO

ELEIÇÕES 2010 – DISTRITO FEDERAL
PT e PMDB assumem a união

Lilian Tahan, do Correio Braziliense

A intenção de ganhar o governo do Distrito Federal em outubro reuniu numa mesma foto as lideranças do PT e do PMDB. Os dois partidos que historicamente se dividiram nas últimas cinco eleições locais partiram para o abraço e anunciaram publicamente que vão concorrer lado a lado. A união contou com as bênçãos dos caciques nacionais das duas legendas e antecipou as convenções partidárias, marcadas para o próximo 19. Isso não significa, no entanto, que todas as arestas internas foram aparadas. Ainda há resistências dentro das duas legendas — uma delas, a vontade do governador Rogério Rosso, do PMDB, de viabilizar a própria candidatura.

O casamento entre PT e PMDB levará ao altar Agnelo Queiroz (PT), como o candidato ao GDF, e Tadeu Filippelli (PMDB), na condição de vice. O deputado federal Rodrigo Rollemberg, do PSB, concorrerá ao Senado Federal e o senador Cristovam Buarque (PDT) tentará a reeleição. A coligação ainda terá o apoio do PCdoB e do PRB. Com essa formação, o PT faz planos de derrotar o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), ou um dos seus, nas urnas. “Nunca se deve subestimar a força de um adversário, mas a nossa junção é um fato que nos fortalece, e muito, para a disputa. Temos todas as condições de vencer”, avaliou Filippelli, que terá a missão de conduzir a executiva local a corroborar, no dia da convenção, o anúncio de ontem feito no Hotel Nacional.

Há integrantes do PMDB com voz na direção local da legenda que são contra compartilhar o poder com os petistas. Consideram que a força do partido será definitiva para a vitória da chapa, mas acreditam que, depois de uma eventual vitória, a tendência do PT é escantear peemedebistas no governo. Tadeu Filippelli, que preside o PMDB no DF, no entanto, prefere apostar no projeto de poder que o coloca no coração de uma chapa com chances reais de governar.

Pragmatismo
O mesmo pragmatismo encorajou o Partido dos Trabalhadores a se unir à legenda com a qual sempre trabalhou em frentes opostas e que, até setembro do ano passado, abrigava Joaquim Roriz, o maior adversário do PT no Distrito Federal. “Se hoje estamos juntos é porque Filippelli tomou uma atitude louvável, foi ele quem tornou a situação de Roriz no partido insustentável. Com isso, marcou uma posição”, justificou Agnelo Queiroz sobre a dobradinha com Filippelli, que por seis anos foi secretário de Obras de Roriz.

Lideranças nacionais dos dois partidos deram o peso ao anúncio que para ser legitimado ainda precisa ser submetido às convenções regionais em dez dias. Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, os petistas do DF “tomaram uma decisão acertada” ao seguir a mesma configuração partidária que pretende conduzir a candidata Dilma Rousseff à presidência da República. “É natural e saudável que os estados reproduzam um projeto político criado para a sucessão de Lula”, considerou Dutra. Michel Temer, que concorrerá como o vice de Dilma, também comemorou a união no DF. “É o palanque ideal para a nossa chapa.”

Com o respaldo dos comandos nacionais do PT e do PMDB, os candidatos ao Palácio do Buriti querem espantar investidas paralelas, como a ensaiada pelo senador Gim Argello de montar um palanque alternativo para Dilma na capital. Desde a eleição indireta de Rogério Rosso, Gim — vice-líder do governo federal no Senado — se aproximou do governador e ganhou espaços no GDF.

O senador Cristovam Buaque, que, apesar das diferenças com o PT de Lula, será uma das estrelas do palanque para Dilma no DF, resumiu o sentimento do grupo: “Já participei de eleição de todo tipo. Em algumas entrei para ganhar, em outras cumpri missão. Essa considero que é inédita. Não podemos perder em hipótese alguma”.

Briga por espaço
Joaquim Roriz deixou o PMDB em 16 de setembro de 2009, depois de travar uma briga por espaço político com o presidente regional da sigla, Tadeu Filippelli, que à época estava em franca aproximação com o então governador, José Roberto Arruda. Roriz disse que mudou de partido para garantir sua candidatura ao governo do DF nas
eleições de outubro deste ano. O ex-governador migrou para o PSC.

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