PT IGNORA CRISE NO PMDB NA CORRIDA PARA O BURITI

Dirigentes do partido no DF acreditam que a disputa interna no PMDB não vai atrapalhar a oficialização da chapa Agnelo-Filippelli

Luísa Medeiros/Correio Braziliense

Os petistas não acreditam que a crise interna do PMDB local possa atrapalhar os planos de lançar, pela primeira vez na história política do Distrito Federal, uma chapa única na disputa pelo Palácio do Buriti. Durante a convenção nacional do PT, realizada ontem em Brasília, os militantes demonstraram confiança no traquejo político do presidente regional do PMDB e candidato assumido a vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, para unificar o entendimento entre os peemedebistas antes da convenção regional do partido, marcada para o próximo sábado. A poucos dias do evento, o PMDB ainda expõe divisão quanto à dobradinha PT-PMDB, anunciada por Agnelo Queiroz e Filippelli na semana passada. Filiados contrários ao inédito casamento sinalizam o lançamento de candidaturas alternativas ao GDF.

Dentro do PMDB, há um grupo encabeçado pelo governador Rogério Rosso (PMDB) que está insatisfeito com o alinhamento com os petistas. O chefe do Executivo local já declarou o descontentamento quanto à aliança, anunciada 10 dias antes da convenção regional do partido. Do outro lado, a crença é de que a parceria será mantida, apesar dos descontentes. Na convenção do PT, que selou a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer na corrida à sucessão presidencial, Agnelo Queiroz esquivou-se ao ser perguntado sobre a crise interna no PMDB local. “O PT respeita muito a instância partidária, é um partido muito orgânico, e tratou muito com a militância do PMDB, tanto no âmbito local quanto no nacional”, disse, para depois reforçar que não cogita desfazer o casamento histórico com o PMDB.

Durante boa parte do evento, Tadeu Filippelli ficou colado em Agnelo. Também esteve presente ao evento o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato anunciado ao Senado dentro da composição PT-PMDB.

Filippelli tratou de maneira natural a rejeição de alguns peemedebistas à dobradinha, mas admitiu que a divisão atrasou os primeiros passos da construção da campanha. “Se tivesse tudo redondinho, essa semana nós estaríamos procurando consolidar potenciais aliados. Estaríamos dando mais segurança para outros parceiros em potencial. Precisamos agora consolidar um bom entendimento interno e não buscar a frieza de bater voto. Estamos (ele e Rosso) próximos de conversar”, disse.

Questão resolvida
Apesar da cautela de Agnelo Queiroz, dirigentes do PT no Distrito Federal foram unânimes em defender a reprodução, no plano local, da aliança oficializada ontem pelos caciques nacionais do Partido dos Trabalhadores. O presidente regional do PT, Roberto Policarpo, disse não estar preocupado com os efeitos da divisão interna no PMDB na campanha de Agnelo e Filippelli. “A gente espera que o Filippelli trabalhe para acabar com isso (a divisão). Não nos preocupam os problemas internos (do PMDB). A decisão de fazer aliança não é só local. É uma decisão chancelada pelo presidente (nacional do partido) Michel Temer. Com certeza, o presidente local do partido seguirá essa decisão”, defendeu.

Policarpo desconstruiu a tese de alguns peemedebistas de dar um segundo palanque no DF para a candidata a presidente da República Dilma Roussef. “A orientação nacional, tanto do PT quanto do PMDB, é fazer todo o esforço para juntar tudo num palanque só.” Pré-candidato à reeleição, o deputado federal Geraldo Magela, que disputou com Agnelo o aval do PT para se lançar na disputa ao governo do DF, não vê possibilidade de reversão da dobradinha. “Não acho que a crise no PMDB pode atrapalhar. Como o Filippelli tem maioria no partido, a coligação com o PT está resolvida do ponto de vista do PMDB”, afirmou.

Já Arlete Sampaio, que deve tentar uma vaga na Câmara Legislativa, propôs aos filiados do PT e do PMDB praticar o “exercício de paciência” para resolver as divergências. “As pessoas que historicamente nunca gostaram dos vermelhos e aquelas que nunca gostaram dos azuis terão que refletir, chegar a um debate e a conclusões internas para ganhar as eleições no DF”, sugeriu. A petista, no entanto, foi enfática quanto à possibilidade de dividir palanque com peemedebistas citados na Operação Caixa de Pandora, que revelou um suposto esquema de corrupção no DF. “Espero que a direção do PMDB tenha a sensibilidade de não deixar pandoristas no palanque”, afirmou.

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